Vinte e cinco anos atrás. ( por Geraldo Azegna Sobriño)
Arrumando papeis do homem, encontrei essa cartinha, singela
num certo sentido, que revela um momento da vida de Wallace Req. Trata-se de
uma viagem feita em motocicleta de Curitiba Sul do Brasil ate o
Canadá. Isso 25 anos atrás.
Canadá. Isso 25 anos atrás.
Santiago, Chile em 27 de Fevereiro de 1988.
Cheguei à Santiago. Não foi fácil. Faz muito frio. Na
estrada tive que atravessar a neve, na passagem do Redentor. Meu termômetro marcava
-10 (menos dez graus Celsius) quando a moto estava parada e -15 (menos 15 graus
Celsius) quando em movimento.
Não tinha visto nada tão impressionante como as montanhas no
Chile e Argentina. Não se pode deixar de vê-las. Tudo é gigantesco, perigoso,
lindo e inebriante. Tudo fotografei. Aqui está o Aconcagua com seus mais de sei
mil metros de altura, a montanha mais alta das Américas. Encalhei a moto na
neve em uma altura de mais de 3.500 metros- sozinho- e não podia voltar ou
avançar. Nós enfraquecemos com a altitude, a neve é escorregadia e eu estava à
beira de um precipício de onde via a aduana chilena como um pequenino grão de
arroz, menor que uma ponta de caneta. Surpresa, encontrei outro motociclista de
São Paulo. Fizemos juntos uns duzentos quilômetros. Seu nome: Rogério Dalmagio e é desenhista em Televisão. Em Los Andes, pequena cidade chilena uma família nos hospedou.
São muito simpáticos. Estivemos hospedados com muito conforto. Aqui em Santiago
estou hospedado na Casa Paroquial dos Padres dos Sagrados Corações. Por favor, dêem
noticias disso ao Padre Julio que foi quem arrumou essa hospedagem. Tudo esta
correndo muito bem.
O vento lá em cima das montanhas nos dá a impressão de que
fala, canta e tosse. As fotos vão impressioná-los ainda mais.
Até aqui não furei um pneu, e fiz muitos conhecidos. Estou fazendo
uma media de 300 km por dia, embora haja muito que ver. A chuva tem sido o meu
pior inimigo, molha tudo e pode estragar os documentos tão necessários nas fronteiras.
A moto é econômica e muito boa ( XLX 350 Honda). Não gastei até aqui um único dólar
sequer. Dêem lembranças ao Pedro, Fuad, Emilio, Relay, Michel e todos os demais
que rezam por mim. Diga ao Roberto irmão que tudo anda bem com Bardahl. Já dei
ajuda na estrada a dois viajantes, um chileno e outro uruguaio. Ë preciso dizer
ao Mauricinho (que tinha apenas oito anos à época) que o dinheiro que me deu me
levou 289 mil metros mais próximo do Aconcagua. Ao Mauricio ( meu irmão) digam
que a sua maquina fotográfica nunca houvera visto coisas tão lindas. À Maristela
(cunhada) agradeça a almofada de espuma (só uma mulher pensaria nisso), pois
sem ela eu não teria chegado ate aqui. Ai, que assento duro tem essa moto. Ao
Eduardo (irmão) diga que reservo seus recursos para a parte mais difícil que
ainda haverá de vir.
A todos ”Saludos cordiales Y que Dios los bendiga; sorte!”
Wallace.
As explicações entre parêntesis foram acrescentadas por nós.
Não faziam parte do texto original.
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