O umbigo do umbigo. ( texto antigo)
Imagine você que, num dado momento, contempla um quebra cabeças, de 100 peças. Depois um de mil. Agora imagine que vocês esta sobre a torre da Telepar, contemplando a cidade, e que aquilo que você vê é um quebra cabeças. Agora em um avião a dez mil metros você contempla boa parte do Paraná. De um satélite, seu campo de visão é ainda maior. No entanto tudo isso não passa do umbigo do umbigo da humanidade diante da imensidão cósmica. O homem, infelizmente, no que diz respeito à técnica, nunca deixou de olhar o próprio umbigo. Olhar o umbigo é contemplar a natureza (a Mãe), olhar para além do umbigo, é contemplar o Pai, Deus criador. Mas essa é outra interessante questão e foge do que queremos escrever aqui.
Todavia, esse zoom, essa “Arte” de olhar o próprio umbigo, nos faz perceber que em diferentes distâncias, focos e ampliações, nós podemos discernir diversas formas de planejamento. Hoje se destaca aquele governo que planeja o comércio, a infra-estrutura, e a comunicação desde uma visão espacial. Esse pseudo “holismo”, ou seja, visão do todo, permite planejar um mundo aparentemente sem fronteiras. E assim, eles (os que têm essa visão) têm feito, e nós os mortais, temos sofrido a ingerência dentro de nossas fronteiras soberanas.
Ilusão ontológica.
Mas não vamos aprofundar, para não chocar. Eu lia, recuperando em meus arquivos, um Jornal Boliviano, “Presencia” datado de sete de Agosto de 1992; quando, me deparei com um interessante artigo escrito por Carlos Trigo Gandarilhas. Titulado “La vinculacion fluvial de Sud America”. Digo que a introdução desse texto estranho, que escrevo para você, introduz, numa maneira lúdica e ótica, esse riquíssimo tema de integração americana. Gandarilhas cita dois documentos bem desconhecidos dos brasileiros: La Convenciôn de Cabotaje (de 1917); e o Convênio de transporte fluvial (Argentina, Bolívia, Brasil, Paraguai e Uruguai), estabelecido em Las Leñas em oito de junho de 1992. Esta claro que quem propôs esses documentos tem uma visão cartográfica precisa, ou melhor, uma visão desde o espaço. Esses documentos defendem que a integração comercial e de circulação seria muito acelerada, se usássemos os rios, uma rede pré-existente de mais de 45 mil quilômetros navegáveis, ligando a Comunidade Latino Americana. Como o transporte fluvial costuma, em todo o planeta, ser muito mais econômico que os outros meios de transporte de cargas, o autor procura mostrar, que seria demorado, caro, e irracional, esperar e investir na construção de uma malha de estradas apenas para defender interesse da indústria automotiva de passeio ou carga (diante de uma crise de combustíveis). Pelo contrario, os rios, haveriam de atender (salvo pela possibilidade de poluição) os interesses sul americanos.
Isso me levou a fazer rápido levantamento dos pontos de intercessão dos diversos rios navegáveis das bacias: A da Prata; do Amazonas; do Paraná e do Orenoco, e num estalo, pode-se ver, que alguns investimentos em (estradas de ferro) canais, portos, e pequenos trechos em rodovias, viabilizariam e incrementariam de uma vez por todas a malha comercial e troca de mercadorias essenciais entre os diversos países envolvidos. Isso também geraria uma demanda interna para as indústrias nacionais de embarcações fluviais e novas espécies de relações comerciais gerando emprego em áreas ribeirinhas. É claro que quando dizemos isso, imediatamente levantam-se contra; os fabricantes de caminhões, os empreiteiros de estradas, os concessionários de pedágio, os donos e armadores de navios marítimos, os eternos intermediadores internacionais de riquezas, os financistas, pois essa interligação da America do Sul pela via natural da malha transportadora dos rios, que foi, e você talvez tenha se esquecido, a via natural de posse do território americano, (pelos rios entramos e pelos rios sobreviveremos), e completaríamos a integração econômica da America Latina. Como se não bastasse levantarão, em protesto, a questão das drogas como impedimento, ou ideologias “estranhas” que seriam impeditivas, como se isso não ocorresse também por estradas ou navios marítimos, ou ainda, pela via aérea.
O autor termina dizendo que embora já exista uma base legal, ela não esta vigente, pois não são normas de imediata aplicação (e ele escrevia em 1992) necessitando-se que as mesmas se comprometam com normas administrativas internas, alfândega, direitos de uso, fiscalização, e garantias ambientais. Passados dezesseis anos muito pouco se fez.
Então eu escrevo isso, para demonstrar que a imprensa, de nosso país, não projeta um ambiente de empreendedorismo sadio, cordial, adequado a integração e a paz com fomento do desenvolvimento das diversas nações sul americanas. Ao invés de pesquisar e discutir esses importantes temas compraz-se em ridicularizar, focar os fracassos, ampliar as misérias da humanidade. Ora todos vão ao banheiro fazer cocô, ninguém dá noticia disso. A imprensa espera, anula tudo o que de bom existe, para esperar que alguém mate, defeque, erre, para que ela possa exercer sua perversão (per-vertere = verter o que esta por baixo).
Não digo isso de maneira generalizada, pois esse artigo que comento li em um jornal de La Paz. O que critico aqui, é que a nossa imprensa carece de Zoom, ou seja, olhar o umbigo do umbigo. O umbigo, todos sabem é uma cicatriz que se forma do cordão umbilical que nos liga a placenta, e o umbigo do umbigo, é o cordão invisível que nos liga á terra. Navegar nesses espaços contribuiria muito para o desenvolvimento de toda a humanidade, pois abriria perspectivas para os empreendedores sul-americanos. Se não for assim, os povos que tem uma visão desde o “espaço” costurarão ou construirão os seus interesses independentes e alheios aos nossos interesses. Quando foi que você viu em nossa imprensa a noticia de um brasileiro ou grupo de brasileiros, que tendo estudado os EUA desde o espaço, decide tomar para si o Colorado, ou explorar as minas e petróleo no Texas, ou urbanizar as planícies geladas do Canadá, mais ao Norte? No entanto você vê na imprensa internacional, projetos sobre o Brasil e outros países latino Americanos totalmente alheios aos seus povos, e as soberanias desses países. Acordem jornais, ajudem ao povo a compreender seus direitos de posse sobre o território, e como e de que maneira podem melhor explorá-lo para o beneficio de todos. Mas para isso é preciso pensar, não apenas, replicar as “agências” de Notícias Internacionais, pois elas fazem o que vocês não fazem, elas defendem os interesses de seus povos, e nós não defendemos os nossos, nós apenas fomentamos a divisão interna.
Wallace Req Req para o G 23 de Outubro;
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sábado, 3 de novembro de 2012
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