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segunda-feira, 22 de setembro de 2014

As quatro notas de 500 mil reis.

Este fato tem relação com outro texto publicado aqui. Alias esse texto é o mais lido nestes últimos tempos trata-se de “Ana Garcia a mãe dos pobres”. Não estou tentando impressionar a poderosa família Garcia em tempos eleitorais, apenas aconteceu que sou amigo de um dos protagonistas desta história e acho  essas histórias deliciosas. Também é uma oportunidade de ver como os valores eram diferentes dos de hoje.

Caiado tinha apenas nove anos. Corria o ano de 1942. Carregando sua caixa de engraxate, ele viu em plena Av. Paraná uma nota de dinheiro. Ladino, jogou um papel no chão e catou o papel e a nota. Saiu dali rapidamente. Foi quando viu que eram quatro notas de 500 mil réis. Muito dinheiro, e o garoto ficou sem saber o que fazer. Se dissesse que achou, logo apareceria um espertalhão reclamando o dinheiro. naquele tempo se um garoto aparecesse com uma nota dessas numa venda, certamente o dono da venda reteria o dinheiro e mandaria chamar os pais  do garoto. Assim era.
Contar para a mãe, morria de medo. Escondeu as notas em um buraco de tijolo, tomando o cuidado para risca=lo para poder reencontra-lo. Mas a consciência pesou. Contou para a mãe dias depois. A Mãe ficou uma fera! O que o garoto poderia ter aprontado? Prensou o menino, e a história lhe pareceu verdadeira. Concordou com ele de que se alguém tivesse sentido falta do dinheiro cedo ou  tarde, em uma comunidade tão pequena , acabaria batendo à sua porta. Esperou dois meses.
Mulher simples, empregada de seu João Garcia Molina, aconselhou-se com o patrão como resolver esse problema. Zé Garcia, como era chamado pediu a mulher que lhe entregasse o dinheiro. Hoje certamente julgaríamos mal esse ato. Dias depois o patrão chamou a mulher e lhe devolveu mil e duzentos mil réis, oitocentos mil a menos. E disse: Espanhola... Mandei fazer uma casa de quatro peças para você e seus filhos, o lote é seu. A mulher quase caiu de costas. Era seu sonho... Um sonho inatingível. Meses depois, orientada pelo seu José Garcia ela, com o que sobrará, comprou outro lote e construiu outra casa, que aumentou  pela locação a sua pequena renda.

Outros tempos, outros valores. As casas não tinham água encanada, nem vaso sanitário, fosse quem fosse o proprietário. A Vida era dura então, para os ricos e para os pobres. Natal Caiado cresceu com esses exemplos de vida, e honradez,  criou oito filhos, e hoje aos oitenta e tantos anos, é pipoqueiro na Av. Vicente Machado em Curitiba.





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