Quando o meio de troca muda em bem de consumo. ( texto antigo)
Acabo de ler uma resenha síntese da obra escrita por Henry George em 1879, titulada: “Desenvolvimento e Pobreza”. O autor nunca sofreu qualquer tipo de educação formal, foi um aventureiro, rejeitado inicialmente por não ter formação acadêmica, acabou fazendo enorme sucesso na Inglaterra e nos EUA. Ele é o autor do conceito de Renda Primaria ideologicamente ligada à posse de boas terras. Também pode ser considerado o pai do “imposto único”.
Interessante, esse autor tinha idéias aproximadas à tecnologia da informática de hoje, sem nunca ter visto um computador, Ele havia observado que o acumulo de informações, como tudo tinha um limite. “Assim, o conceito de “Educação Universal”, ou Enciclopedista era uma presunção humana, que embotava a memória, como nos computadores, derrotava a criatividade, e não resolvia os problemas individuais”. Pelo contrario separava os homens os homens uns dos outros. Vejam que é o mesmo que acontece com computadores, pois quando suas memórias estão cheias, o computador se torna lento e vai perdendo a agilidade de resolver problemas e ate de comunicar-se. Assim Henry George, nascido em 1837 concluiu que um homem não deveria ocupar sua mente com conhecimentos desnecessários, mas apenas com conhecimentos necessários à solução de seus problemas cotidianos, ou seja, a necessidade de cada um, que difere das de qualquer outro, dirige a vocação ao conhecimento educacional especifico, dizendo ao individuo o que lhe é importante. Não vamos discutir isso, mas dessa tese, Henry George tenta elaborar uma teoria econômica, de base na finitude dos chamados bens primários, do valor da terra como renda primaria e da satisfação individual e comunitária como regra limite para a economia necessária. Esse pensamento tem algo de parecido com os trabalhos do alemão nascido em 1810 Hermann Gossen na sua obra “Evolução da Comunicação Humana e as Conseqüentes Regras do Comportamento Humano”. Esse autor é o pai das regras de Gossen, ou as três leis da saturação das necessidades.
Dessa leitura, eu arrisco uma teoria, uma teoria de um leigo, pois não sou economista (acadêmico). Para minha compreensão o dinheiro é apenas o meio de troca para se adquirir bens de consumo e satisfação de necessidades finitas. É um símbolo e uma quantificação de alguma riqueza ou trabalho que nos permitiu sair do escambo para as trocas chamadas monetárias ou fiduciárias, porém, com o tempo, o dinheiro, por uma deformação de sua finalidade, passou a ser “Bem de Consumo”, ou seja, virou mercadoria, e hoje é o “Bem de Consumo” mais cobiçado. Então o dinheiro esta no topo da lei da oferta e da procura. Quando as Instituições Financeiras, retém o dinheiro, elas reduzem a oferta, e o dinheiro fica mais caro. O dinheiro então é vendido na forma de credito, sob o falso título de empréstimo, mas que na verdade é uma venda de numerário com altos lucros, sob a forma de juros, correção monetária, desvalorização do capital, etc. O fenômeno induz a inflação no comercio, pois gera a tendência de repassar os custos do dinheiro para o consumidor através da alta dos preços. Abstraído o comercio do dinheiro como bem de consumo, voltando ao conceito de meio de troca, podemos dizer que se um governo quisesse desenvolver o consumo e por esse meio o comercio e a indústria, e os serviços, ele deveria preocupar-se com a redistribuição da renda. Para Henry George isso também implica na redistribuição da renda primaria, ou seja, das terras, por ele considerada um bem primário e fonte de todas as riquezas. Para o Brasil de hoje o salário mínimo, por exemplo, poderia estar na ordem de $3500 Reais, ou algo próximo, para mais ou para menos; e porque isso é impossível? Porque o maior consumo e poder de compra de todos, fazendo girar o comércio interno sem recorrer a empréstimos, enfraquece o mercado de capitais, ou seja, a maquina ou sistema de venda de dinheiro como bem de consumo. É necessário para as instituições financeiras de qualquer espécie que os indivíduos necessitem de consumir dinheiro caríssimo, para adquirir bens necessários à dignidade humana, sendo que esses bens adquiridos já não têm durabilidade, ou seja, o bem necessário para as necessidades humanas, passa a ser o intermediário, a desculpa para vender dinheiro. (O QUE SIGNIDICA QUE O CAPITAL APLICADO no comercio DESVALORIZA RAPIDAMENTE) O bem de consumo intermediário não tem estabilidade de valor de revenda (pois são riquezas que se depreciam, desvalorizando ainda mais o trabalho humano fonte de toda riqueza). Assim, para melhor explicar, se você empresta dinheiro para comprar um automóvel, ou o financia você estará pagando não o automóvel, mas o dinheiro que emprestou ou o financiamento que assumiu, enquanto o bem comprado (intermediário) perde rapidamente valor. Ora, essa é a formula do empobrecimento do individuo e das massas, com o controle da procura e da oferta de dinheiro, se obtém a garantia de escravidão econômica da maioria, ou como dizem outros: você se torna refém do sistema financeiro; você já não usa de meios de troca como símbolo e quantificação de seu trabalho ou satisfação de suas necessidades básicas, mas você se obriga a consumir dinheiro,para pagar dinheiro, da mesma forma que um viciado em drogas se obriga a consumir seu vicio. Se você é escravo das drogas, por analogia, você se torna escravo do dinheiro, num circulo vicioso, sem saída, que escraviza uns, e libera pelo “acumulo do trabalho alheio” uma minoria de absurdamente ricos (que se apropriam desse “Bem de Consumo” chamado capital). A solução possível esta justamente na retomada da noção da importância da terra e do trabalho, como fontes de desenvolvimento, ou seja, é o trabalho e os bens primários que geram a riqueza, e não o capital. A “Bandeira do Capital Necessário” é a essência da venda de dinheiro, como se esse de per si, que é o acumulo do trabalho alheio na forma de meios de troca, fosse à verdadeira fonte absolutamente necessária na produção, nas trocas, no comercio, e no desenvolvimento. É o trabalho do homem sobre a matéria prima obtida no seu entorno, ou seja, o meio ambiente, ou ainda como querem outros, o uso racional da terra e do subsolo, que geram o desenvolvimento, saciam as necessidades humanas, sempre numa perspectiva da compreensão da finitude e limites do homem e do meio. As necessidades humanas devem ser finitas. A crise do meio ambiente é real, a crise financeira é falsa, produzida pelos homens do capital para se apropriarem da liberdade dos homens, e das riquezas primarias, num ciclo doentio e perverso de gula, cobiça, acumulo e luxuria.
Procurem por esses autores aqui citados, eles explicarão melhor do que eu, esses fenômenos “eco-nômicos”, afinal esse texto é uma interpretação muito pessoal. Muito minha.
G23.
OBS: Escrevi eco-nômicos, com hifem para lembrar um antigo conceito, eco, de oikós do grego: casa ou meio ambiente onde se vive e Nomia, a ciência de nomear, ou dar nome, e, portanto valor as coisas que nos rodeiam.
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sexta-feira, 14 de agosto de 2015
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