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terça-feira, 4 de novembro de 2008

Reforma Agraria em andamento eterno.
















Reforma Agrária em andamento eterno.

O que quero dizer com esse título incomum?
Quando falamos em reforma, falamos em nova forma. No caso agrário, estamos falando numa nova forma agrária. Mas forma, é figura, pode-se dizer geométrica do solo. Assim, se observarmos o planeta terra, ele vem num movimento continuo se reformando nas suas fronteiras políticas, o que ao fim e ao cabo, é uma reformulação dos espaços físicos sobre o solo. Por isso eu a chamei de “Reforma Eterna”.
No caso do Brasil, para que você melhor entenda, imagine que o solo nacional é uma cama coberta com uma colcha de retalhos. As primeiras divisões políticas denunciam os limites dos estados federados, depois vêm às divisões privadas (retalhos privados) que denunciam, a nosso ver, os diversos limites das propriedades privadas. Ora, se fosse possível pintar e observar dinamicamente o crescimento das grandes propriedades, a área que vem sendo tomada pelas cooperativas e pelo agro negocio internacional, veríamos que a cada momento esta em andamento uma reforma (uma nova forma) das áreas agrárias do Brasil, com um avanço das monoculturas de exportação, assim como o desenvolvimento do abate de madeira e pecuária com a conseqüente expulsão dos homens do campo para as cidades, e a falência ou extinção de pequenas propriedades que se tornam propositada e estrategicamente inviáveis. Com isso o uso do solo vai se concentrando, e as populações rurais vão se acumulando em um canto, como quem varre o pó sobre um tapete. Imensas regiões desabitadas, e imensas aglomerações humanas em desordem.
Esse acúmulo de pessoas em cidades, não é atendido pelos lucros de exportação, pois em nosso país não há verdadeira e racional redistribuição de rendas. Assim vemos que há em andamento uma constante reforma agrária levada em curso pelo grande capital excludente das pessoas naturais que são ao fim e ao cabo os donos históricos do território, território conquistado gradativamente pela marca da facilitação dos financiamentos para os grandes capitais e propriedades e negligencia total aos pequenos produtores. O que vemos e assistimos nessa animação imaginativa da colcha de retalhos, é uma nova forma agrária dos ricos, (agora financiados por grupos estrangeiros) com expulsão e inviabilização dos pequenos proprietários da terra. As grandes aglomerações urbanas já foram exaustivamente estudadas por urbanistas desde o tempo do filosofo Aristóteles que condenava cidades com mais de dez mil habitantes. Faça uma experiência, crie galinhas, gado, coelhos, ou pássaros em exíguo espaço e aparecem os defeitos da estratégia. Bem, qualquer pessoa de bom senso estará observando as anomalias que se produz com as grandes aglomerações humanas, onde os homens se tornam vorazes concorrentes e inimigos uns dos outros, com a massificação do desejo de consumo sem possibilidade de obtê-lo, ou exercitá-lo, enquanto o território vai sendo ocupado pela REFORMA AGRARIA DE DIREITA. As policias substituem o exercito, pois o inimigo agora é interno, os pobres são inimigos dos ricos disputando a vida, enquanto imensos tratores e maquinas, cavam o solo, colhem os grãos, para alimentar nações distantes e financistas, omissos aos interesses das gentes da nossa terra.
O IPARDES ao divulgar seu ultimo relatório, fez alusão a um fato significativo, a maioria dos empregos foi gerada no Paraná pelas pequenas cidades. Isso é indicativo de que há uma contra reforma agrária, mais popular, fazendo resistência ao progresso dessas imensas áreas de agricultura para exportação. Uma reforma que garante o uso e posse do solo por brasileiros.
Quando o governo em nosso estado ofertou o fundo de aval, mecanizou pequenas propriedades, deu infra-estrutura de escoamento para a produção, fomentou a agregação de valor pela industrialização familiar aos produtos primários, fez uma contra reforma agrária mais a “direita”, mais prudente e esperta, e formou uma parede de resistência a migração forçada às populações rurais, empurradas sem escolha para a cidade. Então estamos vendo e testemunhado que há uma resistência pacifica e popular, uma reforma agrária, ou contra reforma agrária resistindo ao grande capital e a expulsão das populações campesinas. Pela primeira vez o IPARDES confirma em documento que é possível sim, uma inversão do sentido das migrações, ofertando nas pequenas cidades melhores condições de vida e no campo melhores condições de produção e comercialização.
Isso também se deve ao esforço do governo junto às prefeituras em ofertar o mínimo de infra-estrutura urbana e equipamentos que garantam vida mais assistida nesses municípios periféricos das grandes aglomerações urbanas ao mesmo tempo em que fomenta a fixação das populações rurais. As grandes redes de distribuição de energia e comunicação, poderão sim dar melhores condições de vida e educação aos campesinos. Os pequenos retalhos da colcha se tornarão mais harmônicos nas cores e na natureza dos tecidos, fazendo, ou formando um padrão, um estampado, um mosaico social e produtivo mais justo, mais humano, mas solidário, mais brasileiro.
Quando você compra um produto familiar em uma gôndola de supermercado, ou na feira, você esta ajudando a viabilizar a resistência, você estará financiado a contra reforma agrária do grande capital, você esta garantindo a liberdade de uso do solo nacional pelo seu povo histórico, e dando ao Brasil possibilidade de fomentar o mercado interno, com a melhoria de todos que estarão vivendo em espaços amplos, (você está garantindo outra densidade populacional) sem pressões de diversas ordens, e preservando a saúde da Vida Social. O modelo adotado pelo Paraná ainda não é perfeito, mas tem incrementado tanto a produção para exportação como a produção de mercadorias essenciais para a manutenção da vida e saúde dos brasileiros. O Brasil, no Paraná começa a despertar para o consumo interno, um mercado interno vitalizado pela redistribuição da renda, um Paraná para paranaenses, um Brasil para brasileiros.
Em 2003 exportávamos algo em torno de quatro bilhões de dólares, hoje em final de 2007, exportamos 11,8 bilhões de dólares, com um aumento considerável em quatro anos, sem, todavia descuidar da defesa do “cinturão de defesa” formado pelos pequenos agricultores que são a maioria no Paraná. Resta ainda que esses bilhões de dólares sejam comercializados por paranaenses e amantes do Brasil por uma Bolsa de Mercadorias e Futuros paranaense. O ideal é ainda incrementar mais as médias e pequenas propriedades e a restauração de um Banco Estadual. Houve significativo incremento na produção dessas pequenas propriedades, sobre modo nas medias, e isso também é reforma agrária, sem abuso, violência, ou invasão. A equalização da densidade demográfica das regiões do Paraná e Brasil é a garantia da Saúde Social do Brasil.
Isso não quer dizer que estão fora de legitimidade, os movimentos que defendem outra espécie de agricultores, aqueles que desde muito foram condenados a uma ausência total de domínio do que é seu, pois sem reivindicação trabalhista no campo, nem preparo para a vida urbana, e sem o pleno direito do exercício de soberania sobre a sua produção agrícola, ou retalho da terra que lhes coube, os sem terra, cuja profissão insofismavelmente esta ligada aos destinos da terra em produção padecem.
Entenda-se, leitor, que se não fazemos uma contra reforma agrária, dando colorido à nossa colcha de retalhos, logo, os capitais de fomento aos bens de exportação estarão assumindo grandes porções do território nacional, e nossa nação será “tesourada” na sua atual forma histórica, com perda de territórios, numa reforma agrária universal, que esta formando unidades econômicas em detrimento das soberanias nacionais, chamadas de blocos econômicos. Se não reagirmos, defendendo os homens da terra, o espaço territorial brasileiro será tomado, vendido quiçá, para interesses que nunca foram os nossos. E o nosso interesse é uma sociedade brasileira mais justa, livre e solidaria, e soberana no território histórico do Brasil.
Além disso, por debaixo da colcha de retalhos que o grande capital vem colorindo de uma única cor, existe o colchão, isto é, abaixo do solo agriculturável existe o subsolo, rico e inexplorado e pertencente à União. Ora, quando grandes áreas contínuas de território brasileiro estiverem nas mãos de grupos estrangeiros, eles partirão para a exploração do colchão, o subsolo, sem possibilidade de reação dos brasileiros, que estão sendo desarmados, desmobilizados, iludidos e aglutinados doentiamente nas periferias pobres das cidades, e desprotegidos do exercito brasileiro que está sobrevivendo como se fora ele, algo alheio aos interesses das autoridades brasileiras, pois está sendo também desarmado, desmobilizado. Aglutinados nas periferias pobres das cidades, e desprotegidos, sucumbem os donos históricos da terra, o povo brasileiro. Eu vaticino senhores, defendam com unhas e dentes os homens do campo, pois essa é a revolução civil, silenciosa, não violenta, que garantirá nossa soberania territorial e nosso subsolo, promessa universal de uma nação forte, hegemônica, capaz de protagonismo histórico. Homens ricos e empreendedores acordem para essa necessidade, transformem propriedades subutilizadas em projetos e empreendimento de redistribuição demográfica e renda. O Brasil tem hoje todas as condições de produzir todos os bens de consumo e produção suficiente para desenvolver uma sociedade equilibrada e moderna, até mesmo no campo da informática com ajuda da Índia, ou no campo das energias limpas e renováveis, assim o Brasil pode alçar vôo. O nosso colchão é rico, possível e viável. Acorde gigante adormecido em berço esplêndido. Não subestime o nosso povo sonolento, apenas comente entre vocês, alertem, pois o brasileiro, por uma predileção de Deus ama a sua pátria visceralmente, e reagirá com a esperteza e determinação de sempre.
Wallace Requião de Mello e Silva.

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