A benção de respirar.
Vamos imaginar que nossas
vidas fossem como um pão de forma fatiado. Quanto mais rica nossas vidas, mais
fatias. Entre uma e outra fatia uma imagem, uma fotografia de um momento
memoriável, um registro emocional. Eu vou tirar uma dessas imagens e convido
vocês para vivê-la comigo. Era o ano de 1954, Praia de Armação, estado de Santa Catarina, Brasil. Ao
sul o porto dos barcos pesqueiros, ao norte o litoral virgem, ao meio o célebre
hotel de Armação todo construído em madeira.
Meu pai medico, em seu terno
creme de linho S 120, chapéu Panamá, e gravatas. Barra da calça enrolada de
maneira a permitir o caminhar à beira dágua. Na mão direita os sapatos. Ao lado, de
calças curtas e suspensório, descalço, eu, que segurava por um dos dedos a mão
de meu pai. Interessante essa desproporção entre a mão de um adulto e de uma
criança. Ela esconde uma pedagogia atávica, e a criança aprende a ser o que a
mão de seu pai ensina. Calma, segurança, encorajamento, nos aspectos positivos,
e o oposto quando o pai se revela ansioso.
Num momento meu pai para,
ajoelha-se de cócoras e me diz: Ponha o ombro para trás. Levante os braços de
vagar e respire fundo. Quanto melhor você respirar mais inspirada, vivificada, alegre será a sua vida. Respire e aprenda a respirar a cada momento, na paz e na guerra,
no descanso e na atividade procure sentir a respiração profunda. Esse é um dom gratuito,
uma benção muito grande, um espírito necessário inspirador e vivificante. Não
ficamos muito tempo sem respirar, assim dos sinais vitais esse é o mais
importante e necessário.
Levantou estendeu a mão, e eu
mais uma vez o segurei pelos dedos para o diálogo silencioso.
Andávamos os dois porque
estávamos vivos e respiravamos.
G 23.
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