Lembrando fatos do passado. (escrito em 1996)
Natal à bala.
Lendo nos jornais as últimas notícias sobre os acontecimentos no Peru envolvendo a embaixada do Japão fico preocupado. Sim a violência é sempre escandalizante, ninguém a deseja. Mas, com humildade devemos reconhecer que há na vida situações onde não se apresentam outras soluções do que as vias de fato, que o soco, o tiro.
Não, eu não desejo isto para ninguém, mas todos acharão se procurarem no seu passado uma ou outra situação onde foram obrigados a recorrer às “vias de fato”, e eu me pergunto não estão os peruanos certos?
Em 1988 tive a oportunidade de percorrer por terra todo o território peruano de Tacna ao sul à Tumbes no norte, e fiquei maravilhado com as riquezas minerais do Peru. Maravilhei-me principalmente ao norte na região petroleira, ao ver as maquinas bombearem petróleo no meio do deserto sem precisarem de uma só pessoa para lhes controlar o serviço. A rarefeita população da região encontra-se na miséria. Lembro-me que o Peru tinha a gasolina mais barata de toda a América e carecia de automóveis e caminhões. Não sou geólogo, mas percorri, com curiosidade, um pouco sobre o “Abrégé de Géologie de Leparrent” e depois enriquecido com algumas notícias históricas das minas do Peru, ou melhor, do Vice Reino de Lima, sei que não erro, agora, em pleno 1996, no que vou afirmar. O Peru é uma potência mineralógica.
Em 1988 já sentia o contraste social da região, a opulência de Lima,(com arredores miseráveis) onde fiquei em Mira Flores , e Arequipa próximo ao vulcão Misti. Regiões ricas em contraste aos “pueblos”, com suas pessoas vestidas tipicamente, carentes de equipamentos, andarilhos sofridos pisando solo riquíssimo. Na região de Tacna fiquei chocado com a atitude de mulheres vestidas com farda militar e terço (uma terça parte do Rosário) nas mãos a examinar grosseiramente e aos berros as “índias”, segundo o que entendi para frustrar o contrabando. Vi que aqueles terços na mão e a estupidez eram propositais, de modo a fazer a população pobre perder a confiança nos seus lideres católicos. Sim isto é muito importante, pois na terra de Santos como Turíbio de Mongrovejo, a Igreja é um obstáculo para a indiscriminada exploração internacionalista e uma fonte de fomento à consciência da injustiça social sofrida.
Dormi naquela aduana e vi para meu espanto, durante toda a noite gigantescos caminhões mineradores cruzarem a fronteira, poucos quilômetros fora da aduana, possivelmente carregados com milhares de toneladas de contrabando mineral, enquanto as “índias” eram responsabilizadas por “perigoso” contrabando e crime de lesa pátria. Como estrangeiro calei-me. Entendi no meu coração como eu tinha razão sobre o objetivo do estúpido tratamento sofrido pelos povos índios. Senti o cheiro da corrupção.
Aos poucos o Japão ( um dos países ricos mais carentes de matéria prima mineral) foi aumentando sua influência junto às elites governantes peruanas, já antes da eleição de Fujimori. Com sua eleição, carros japoneses e motos invadem o mercado local, como no passado, portugueses trocavam e hipnotizava com bugigangas os índios “in terra brasilis”, do mesmo modo enquanto motos, carros, projetos e promessas de riqueza e desenvolvimento, amorteciam as consciências das elites peruanas, dos universitários, dos mais esclarecidos da nação, que passaram então a servir mais abertamente aos interesses internacionalistas.
O povo, a massa dos incultos, dizem os civilizados, basta controlar os seus nascimentos, e desaparecerão.
Porém, aqui no Brasil homens como J. W. Bautista, ou Cel. Roberto Monteiro, denunciam a existência de uma jurisprudência internacional que vem permitindo a “ intervenção armada ” dos EUA em outras nações, tais como: no Panamá, Colômbia, Haiti ,etc. Por esse motivo temo, apenas como hipótese, que os Estados Unidos, não diretamente, como política de estado, estejam “financiando” os guerrilheiros peruanos para justificar mais uma intervenção armada na América do Sul, para controle comercial e reserva de direitos sobre o subsolo.
Batista, em documento enviado para mim, pela Deputada Federal Socorro Gomes, diz que o G7 não poderia suportar a eclosão de mais uma potência industrial- energética ao sul do equador, exceto, se ela se desenvolvesse sobe total domínio comercial destas nações chamadas principais. (hoje 2208, fala-se em G 20) (mas entre elas também há hierarquia de privilégios, e uma nação, comerá aos poucos as outras)
Você que esta por dentro do assunto, não acha que o caso se assemelha ao brasileiro? Entrega total dos recursos minerais? E veja o leitor, procure saber, se informar, pesquise, sobre o caso da Venezuela, do Peru, da Colômbia, dos recentes acontecimentos no pólo industrial de Córdoba onde existem as maiores minas da Argentina e igualmente as recentes derrocadas propositais dos sustentáculos da economia genuinamente brasileira, que, com sua política monetária de subserviência assegurada artificialmente por acordo internacional de preços, tem o poder de criar o clima de opinião pública para abrir as jazidas do petróleo brasileiro, o subsolo, o potencial hidro-energético, impedindo o Brasil de ser, ou poder vir a ser, num futuro bem próximo, uma grande nação com o melhor poder natural de barganha no planeta.
Não, eles dirão: o G7 não pode se submeter a tal situação. Os Tupiniquins brasileiros não podem distribuir as cartas sobre a mesa das negociações dos ricos. Peruanos tampouco.
Desejo sucesso aos peruanos que amam o Peru, desejo sucesso aos brasileiros que amam o Brasil, desejo sucesso à toda pessoa que entende que uma fronteira nacional é um conceito que garante plena soberania sobre o que se possui, como nação , sendo sua primeira função social organizar os bens da sociedade, e assim organizam a sociedade doméstica e internacional, garantindo o bem comum em trocas justas, os direitos mais fundamentais dos indivíduos em solo pátrio e do povo enquanto nação. Uma fronteira é um bem dos mais desejáveis, que cabe e se justifica, em certas ocasiões, ser defendido, ainda que à bala (vide história da humanidade e do Brasil invadido tantas vezes). Se no Peru, na hipótese de estes guerrilheiros não estarem servindo de justificativa à intervenção armada dos paises ricos em território peruano, eu, mesmo sem entender suas principais expectativas, mas, observo pelas noticias de jornais, que no grupo de reféns na Embaixada Japonesa existem grande número de empresários de países tradicionalmente exploradores de minérios, desejo-lhes, (que estão fazendo lá?) pois se o motivo dos peruanos for o verdadeiro nacionalismo e o sagrado amor à pátria e ao, seu povo, desejo aos Peruanos um glorioso sucesso e feliz natal.
Ainda que, infelizmente, no Natal, a festa da redenção da humanidade, a festa do amor as coisas ainda se resolvam à bala. Mas lembre-se que enquanto Jesus nascia Herodes, mandava perseguir e matar toda criança suspeita de ser Jesus. Seduzia aos Reis Magos a fim de obter o paradeiro do Justo para matá-lo. Jesus era e é a Justiça, e aquelas crianças que morreram, ficaram conhecidas como pequenos santos mártires. Primogênitos entre os mártires da Terra que lutam por justiça e respeito à autodeterminação dos povos no seio da Verdade Cristã Latino Americana. Feliz natal, diria o Cristo, aos que são perseguidos por causa de mim.
Wallace Requião de Mello e Silva.
quarta-feira, 3 de dezembro de 2008
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