O discurso fugiu de sua base natural.
Os calçados e suas caixas.
Eu caminhava pelas ruas quando o vento soprou um recorte de um velho jornal contra os meus pés. Curioso eu o recolhi para ler. Era um texto sobre exclusão e integração. O autor tentava lembrar a todos que não existe um conceito sem o outro, ou seja, não temos necessidade de inclusão se não houver na sociedade mecanismo de exclusão. Quanto maior a exclusão maior o número de indivíduos com necessidades de programas de inclusão social. Existe, portanto, uma proporção matemática entre a origem do problema e sua solução, o que demonstra que o problema é insolúvel, e sua publicidade é hipocrisia política.
Quando terminei de ler o artigo eu estava parado diante de uma loja de calçados. Então me veio essa inspiração: Ora, se temos a produção de sapatos, temos necessidade da mesma proporção na produção de caixas. “ Se chamarmos os calçados de “violência” tem que ter a mesma proporção de caixas, ou seja, de ” presídios”. No Brasil, aparentemente, a violência cresce muito mais rápido do que os investimentos públicos em presídios. A tendência então é "Descriminalizar" ( retirar o estatus de crime) de certos comportamentos, o que significa o mesmo que vender sapatos sem caixa, em sacolas por exemplo (penas alternativas) , ou sem caixa alguma ( desconsiderar certos crimes).
A questão central, é, que não olhamos nem nos perguntamos o porquê de a sociedade produzir tanta violência, e o porquê de desejarmos tantos presídios como solução. O presídio fundamenta-se na Medida de Segurança, pois o apenado foi considerado perigoso para a segurança de terceiros ou de si próprio. “Nunca o presídio é considerado “Terapêutico” ou” Educativo”.
Ou seja, o problema é insolúvel nessa ótica. Se não agirmos na produção da violência, nunca haverá solução, nem para o número de cárceres, nem na reintegração social dos apenados. Isso porque os valores internos dos presídios são os mesmo exteriores da sociedade que gera a violência
Considerem:
No inicio do texto percebemos que, ou aumentamos os mecanismos de inclusão, ou diminuímos os mecanismos de exclusão. Não foi?
No caso dos sapatos, ou diminuímos a produção de sapatos, ou aumentamos a produção de caixas, e as soluções intermediárias são tergiversações (desvios do problema).
Então: Se sapatos tem uma função social clara não nos cabe perguntar se a violência tem também sua função social.
Sim, basta uma rápida visualização da História para percebermos que a Violência tem uma função social. Como a violência humana é um ato do homem, ela pode ter um controle interno, e um controle coletivo. Via da regra, a violência ou descontrole do individuo é visto como crime, se pelo contrário for coletiva, pode ser vista como rebeldia, libertação, revolução, guerra e justiça. É curioso.
Se você observar um pássaro, aparentemente tão pacifico, no seu dia a dia, verá que ele voa muito (sua a camisa) para cumprir duas funções básicas: Manter a própria vida, acasalar para manter a vida da espécie, e alimentar e proteger a prole.
Alguns estudiosos dizem que o homem, lá no principio dos tempos agiam de duas maneiras principais: Coletores e caçadores, ações básicas para manter-se vivo, tanto quanto o pássaro acima. Bem; a coleta “evoluiu” em plantio gerando a agricultura. A Caça “evoluiu” para a criação, ou o pastoreio.
Caçar é uma violência contra outra espécie, no caso dos homens contra os animais. Coletar é uma violência contra a vida de espécies vegetais. Desse modo o pássaro pacifico violenta insetos, e ou protege com violência o invasor de seu ninho.
Quando o homem apreendeu a sistematizar a sua violência criando animais para matar, e plantando para matar, ele pela via da sobrevivência, tornou-se violento dentro da mesma espécie, homem contra homem, e tornou-se de caçador guerreiro. A violência ganhou foros coletivos de licitude. Houve mesmo quem disse que o comércio é a civilização da guerra, no entanto, o comercio nunca eliminou totalmente alguma violência e injustiça.
Compreendem?
Dos que no mais intimo da alma conservam alguma mentalidade de coletores se origina os furtos, se com violência mesclando a caça ao ato de coletar, originou-se o roubo.
Tudo surge com a noção de propriedade. No inicio podemos supor que o homem caçava e coletava coletivamente. Depois pastoreava e plantava também coletivamente, com o fruto do trabalho dividido entre todos. Mas em algum momento o homem violou o conceito que criou de propriedade. Nesse momento o homem individual ou coletivamente se tornou violento ao homem. Mas a violência acompanhava o homem desde o principio, desde que ele mordeu algo pela primeira vez. Então a violência tem uma função instintiva e social.
Com a perda da base natural do discurso, nós julgamos poder excluir a violência da sociedade. Não, o que a sociedade conseguiu fazer foi normatizar a licitude de alguma violência. Assim, jogos, lutas, corridas, demonstrações de destreza, guerras, foram algumas formas de dirigir a violência para “Formas Aceitáveis”.
Parece-me que aqui esta o nó, que a sociedade divorciada da base natural dos discursos não consegue resolver. Ela se divorciou do homem natural, para o homem serviçal, do homem livre para o homem em grilhões sociais, sem dar-lhe o escape para o exercício da função social da violência. Pior, ela tentou desvalorizar o ato violento, como se ele não fora necessário para a manutenção da vida individual e sobrevivência coletiva.
Estamos diante novamente dos calçados. O que queremos aumentar? Sua produção, exigindo a construção de caixas (presídios). Ou queremos rever, onde a sociedade fugiu e tergiversou a natureza verdadeira do homem.
Devolver essa condição social ao homem colocará o homem diante de sua realidade mais íntima abrindo-lhe a consciência que sua cultura humana deve atentar sim para as formas de conduzir a violência dentro de padrões aceitáveis. O proibir da sociedade tipicamente escravagista deve ser substituído pelo autorizar racionalmente as manifestações do principal instinto na manutenção da vida.
A violência assim posta é ato moral justificado pela necessidade.
A violência é tão importante que dar a vida pelo próximo (violência contra si) é ato amoroso.
A violência assim posta é ato moral justificado pela necessidade.
A violência é tão importante que dar a vida pelo próximo (violência contra si) é ato amoroso.
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