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domingo, 14 de outubro de 2012

Inacreditável!

Inacreditável.


O que eu vou contar aqui é inacreditável. Exige um pouco de paciência do leitor e a leitura do texto em sua integra. Topa? Então siga o que eu vou contar.

Quando o Brasil entrou num governo militar as lideranças que não concordavam com o regime de exceção com a ausência de eleições diretas se reuniram em torno do que se chamou MOVIMENTO DEMOCRATICO BRASILEIRO (MDB). Muita gente inteligente, competente, oriunda das mais variadas profissões e ideologias se uniram em torno da resistência ao regime de exceção; mas não ficou nisso, essas lideranças precisavam conquistar o povo, que em parte, convencidos pelo regime militar temiam o comunismo. Com reta intenção ou com segundas intenções aquelas lideranças tiveram que pensar no povo para conquistá-lo.

Assim surgiu a Fundação Pedroso Horta que produziu documentos interessantes e estratégicas políticas para todo o Brasil. Com o passar dos anos o MDB tornou-se partido PMDB, e como todo partido mais se preocupou com a sobrevivência de seus políticos do que diretamente com os problemas do povo. Como exemplo disso, a Fundação Pedroso Horta foi extinta, e em seu lugar nasceu a Fundação Ulisses Guimarães, conduzida por um grupo de políticos gaúchos, privatistas, neoliberais, donos de concessão de pedágio, favoráveis ao estado mínimo, etc., etc... minando pelos alicerces aqueles ideais que moviam o MDB e inicialmente o PMDB. O Partido Gigante, o maior partido político do Brasil enfraqueceu pelas raízes. Abandonaram os movimentos populares, as associações de bairro, perdeu-se o habito de ouvir o povo. Ora, como alguém pode querer ser representante do povo, no poder executivo ou legislativo, sem ouvi-lo?

Hoje, ao menos eu posso distinguir o que é bom para os políticos e o que é bom para o povo. Mas não é sobre isso que quero falar. Quero apenas dizer que o candidato a Prefeito pelo PMDB sequer olhou essa documentação histórica que jaz * disse jaz, ou seja, está soterrada em baixo de uma escada na sede estadual do partido. Está lá esquecida há anos, desde que eu a deixei ali, provisoriamente, pois se estragava, em outro lugar.

Alguma coisa está comigo em meu arquivo pessoal. Que eu recolhi são publicações, não documentos originais que pertencem ao partido. Recolhi documentos que em áureos tempos foram rodados aos milhares.

Vou dar um exemplo, só para matar a curiosidade dos senhores na questão do abastecimento da cidade de Curitiba.

Discutia-se já à época um segundo CEASA (norte) Para a cidade de Curitiba. Visava vivificar e ajudar a completar o contorno Norte, ligando - o definitivamente à Rodovia Regis Bittencourt, os CEASAS eram federais, mas como o documento previa seriam estadualizados (e o foram). Isso esse projeto que é do interesse do povo, dos transportadores, e dos atacadistas, e da economia de combustível e redistribuição de trafego pesado, ficou jogado no chão, anos a fio. No mesmo documento de autoria da Fundação Pedroso Horta discutia a melhor forma de transformar os (na época os futuros) terminais integradores do transporte coletivo em postos de serviço. Milhões de pessoas passam por ali diariamente sem opção. Nos picos de volta para o lar, e mesmo pela manhã seria de muita utilidade se elas pudessem comprar hortigranjeiros, pão, cortar o cabelo, usar o correio, ou der conhecimento e ou queixa policial ( BO) ou dispor de um pequeno posto de pediatria no terminal. Nem todos têm carros, nem todos tem a liberdade de acordar um vizinho no meio da noite Um sistema assim, 24 horas, daria uma mobilidade e um conforto às massas populares usuárias do sistema coletivo.

Mas os políticos preferiam obras maiores, onde corre mais dinheiro.

Bem algumas das propostas chegaram a serem realizadas como os Armazéns da Família (Prefeito Mauricio Fruet à época no PMDB) Mercadões Populares em ônibus (Prefeito Requião do PMDB) que atendiam populações mais carentes como o apoio do Ceasa, maior numera de pontos de Feiras Livres, e os próprios programas sociais do CEASA.

Curitiba foi dividida em nove prefeituras regionais ao tempo de Requião. O tal documento já previa os poli-centros. E vaticinava a necessidade de se criar pelo menos mais oito MERCADOS MUNICIPAIS; O único Mercado Municipal da cidade (Obra do prefeito Ney Braga), nas proximidades da Rodo-Ferroviaria (Obra de Lerner e Paulo Pimentel) tornou-se um mercado de elite com produtos importados e total ausência de populares entre seus usuários exceto carregadores, legistas, e motoristas. Ninguém do “povo” vai lá comprar azeite virgem libanês, Conglio Rosa, Salmão do Canadá, tâmaras do Egito e vinhos europeus, ou sul americanos.

A necessidade da população é outra, mas o poder público municipal privilegia Shoppings, da-lhes infra-estrutura viária com imensas quantidades de dinheiro publico, para depois com seguranças em terno preto não permitir que pessoas mal vestidas ou de aspecto duvidoso (povo) circulem em suas finas lojas. São as tais obras que deixam os ricos mais ricos e os pobres cada vez mais pobres.

Bem acho que isso já nos dá uma idéia da qualidade das proposições, e elas continuam na linha do transporte, saúde, segurança, lazer, trabalhos em obras publicas, zoneamento urbano não excludente, educação (naquilo que é responsabilidade do Município) mapeamento da população escolar com prioridades para os alunos moradores próximos das escolas, e aumento de unidades escolares em áreas desassistidas, transporte de deficientes, recolhimento e assistência à população vadia (moradores de rua), desenvolvimento dos poli-centros urbanos, estudo e redirecionamento do deslocamento das massas urbanas (problema de fluxo de trafego urbano), diminuição dos contingentes dos batalhões de policia militar (uma responsabilidade do Estado) e pulverização de pequenos batalhões pela área urbana, não apenas criação de módulos (alias precisei da policia e recorri ao modulo policial da Praça Osório, e o único policial presente não me atendeu dizendo não poder sair do modulo e me indicou o 1* Distrito, quatorze quarteirões distante).

Naqueles anos o problema das drogas não era como é hoje, portanto nada encontrei sobre o tema. Mas no geral, as idéias são interessantes e é inacreditável que o candidato do PMDB não tenha citado nenhuma. É que eles sabem tudo.







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