Evangelização na Ásia: os leigos na linha de frente, graças ao incentivo do papa
Entrevista com o cardeal Filoni na apresentação do livro Um Cristão na Corte de Ming
Por Salvatore Cernuzio
ROMA, 24 de Outubro de 2013 (Zenit.org) - A entrada no grande continente já foi preparada há mais de 400 anos pela obra do padre Matteo Ricci, jesuíta missionário italiano. Ao seu lado estava o amigo Xu Guangqi, leigo chinês convertido ao cristianismo, homem de fé, política e cultura, que viveu mantendo-se honesto e morreu pobre. A figura quase desconhecida do "doutor Paulus", como o chamavam os seus contemporâneos jesuítas, revive agora no livro “Um cristão na corte de Ming”, de Elisa Gianpiero, apresentado ontem na Rádio Vaticano pelo cardeal Fernando Filoni, prefeito da Congregação para a Evangelização dos Povos. Filoni apresentou a obra acompanhado pelo padre Federico Lombardi, diretor da Sala de Imprensa do Vaticano, por Andrea Riccardi, fundador da Comunidade de Santo Egídio, e pelo professor Ren Yanli, membro da Academia Chinesa de Ciências Sociais.
Graças à amizade entre o missionário italiano e o leigo chinês, as fronteiras entre oriente e ocidente se abriram, dando início a um intercâmbio crucial de fé, ciência, cultura, comunicação do evangelho e conhecimento linguístico, na dimensão da "cultura do encontro" desejada pelo papa Francisco. À espera da beatificação, talvez conjunta, do padre Ricci e de Xu Guangqi, seu exemplo se torna modelo para as relações "triangulares" entre oriente, ocidente e Igreja católica, relações que, nos últimos tempos, vêm encontrando uma nova vida. Este é o ponto de vista do cardeal Filoni, que, no encontro, concedeu a ZENIT e a outros colegas jornalistas algumas declarações que reproduzimos a seguir.
Eminência, em que ponto está hoje o diálogo entre a Igreja e a Ásia?
Card. Filoni: O beato João Paulo II, quando convocou o sínodo, já tinha visto que a Ásia seria o lugar em que a Igreja deveria plantar os seus novos faróis, não só por uma questão industrial, comercial (...) Não é só o ocidente que vai para a Ásia, é a Ásia mesma que está tomando consciência da sua riqueza. Estive recentemente na Coreia e pude apreciar o seguinte: os leigos afirmam que a presença do evangelho não veio através dos missionários, mas porque eles mesmos, estudando, observando, pediram que o evangelho chegasse até lá.
Qual é o efeito que o pontificado do papa Francisco está tendo na Ásia?
Card. Filoni: Inicialmente, o novo pontífice causou uma curiosidade enorme. Todos se perguntavam quem ele era. Desde o começo, desde os primeiros acontecimentos, ele se apresentou indo além dos limites de Roma. Através de Francisco, todos notaram que a Igreja está respirando um novo ar, uma nova dimensão. E isso desperta interesse, entusiasmo. O próprio fato de que os bispos e os representantes dos governos peçam que "o papa nos visite" quer dizer que está surgindo em torno dele, inclusive naquelas igrejas da Ásia, tão distantes, uma grande expectativa positiva.
A situação dos fiéis na China não é fácil, entre a igreja patriótica e a do silêncio...
Card. Filoni: Faz um ano que não acontece um verdadeiro diálogo, e sim um “estudo”. A minha intervenção de 25 de outubro de 2012, cinco anos depois da carta de Bento XVI aos católicos chineses, propôs a nova liderança que eventualmente pode se relacionar com a Santa Sé. Nós esclarecemos o nosso ponto de vista, eles estudaram, estão estudando. Esperamos que chegue logo o momento de retomar o diálogo.
A China era uma prioridade do pontificado de Bento XVI. Pode ser também para a Igreja de Francisco?
Card. Filoni: Não é que pode ser, já é.
Muitos movimentos estão trabalhando para favorecer a evangelização no grande continente asiático. O que podemos esperar quanto a isso?
Card. Filoni: Sem dúvida, desde o concílio Vaticano II, o laicato tem assumido um papel extraordinário na evangelização. Não é por acaso que, no ângelus de domingo passado, o santo padre falou da Jornada Mundial das Missões e citou uma mulher exemplar, que não era uma religiosa, não era freira, mas sim uma leiga. Todos os movimentos, em especial os que nasceram depois do concílio, têm e devem ter uma perspectiva missionária. Nós achamos que isto é um aspecto novo, que pode contribuir, levando em conta que os missionários em sentido tradicional estão diminuindo do ponto de vista vocacional, mas está aumentando exponencialmente a quantidade de pessoas que se comprometem com a missão. Entre elas, me vêm à mente o Caminho Neocatecumental, o Movimento dos Focolares, a Comunhão e Libertação. Todos os movimentos que estão realizando um papel que nós, da Propaganda Fide, consideramos muito útil e necessário para a evangelização na Ásia.
Graças à amizade entre o missionário italiano e o leigo chinês, as fronteiras entre oriente e ocidente se abriram, dando início a um intercâmbio crucial de fé, ciência, cultura, comunicação do evangelho e conhecimento linguístico, na dimensão da "cultura do encontro" desejada pelo papa Francisco. À espera da beatificação, talvez conjunta, do padre Ricci e de Xu Guangqi, seu exemplo se torna modelo para as relações "triangulares" entre oriente, ocidente e Igreja católica, relações que, nos últimos tempos, vêm encontrando uma nova vida. Este é o ponto de vista do cardeal Filoni, que, no encontro, concedeu a ZENIT e a outros colegas jornalistas algumas declarações que reproduzimos a seguir.
Eminência, em que ponto está hoje o diálogo entre a Igreja e a Ásia?
Card. Filoni: O beato João Paulo II, quando convocou o sínodo, já tinha visto que a Ásia seria o lugar em que a Igreja deveria plantar os seus novos faróis, não só por uma questão industrial, comercial (...) Não é só o ocidente que vai para a Ásia, é a Ásia mesma que está tomando consciência da sua riqueza. Estive recentemente na Coreia e pude apreciar o seguinte: os leigos afirmam que a presença do evangelho não veio através dos missionários, mas porque eles mesmos, estudando, observando, pediram que o evangelho chegasse até lá.
Qual é o efeito que o pontificado do papa Francisco está tendo na Ásia?
Card. Filoni: Inicialmente, o novo pontífice causou uma curiosidade enorme. Todos se perguntavam quem ele era. Desde o começo, desde os primeiros acontecimentos, ele se apresentou indo além dos limites de Roma. Através de Francisco, todos notaram que a Igreja está respirando um novo ar, uma nova dimensão. E isso desperta interesse, entusiasmo. O próprio fato de que os bispos e os representantes dos governos peçam que "o papa nos visite" quer dizer que está surgindo em torno dele, inclusive naquelas igrejas da Ásia, tão distantes, uma grande expectativa positiva.
A situação dos fiéis na China não é fácil, entre a igreja patriótica e a do silêncio...
Card. Filoni: Faz um ano que não acontece um verdadeiro diálogo, e sim um “estudo”. A minha intervenção de 25 de outubro de 2012, cinco anos depois da carta de Bento XVI aos católicos chineses, propôs a nova liderança que eventualmente pode se relacionar com a Santa Sé. Nós esclarecemos o nosso ponto de vista, eles estudaram, estão estudando. Esperamos que chegue logo o momento de retomar o diálogo.
A China era uma prioridade do pontificado de Bento XVI. Pode ser também para a Igreja de Francisco?
Card. Filoni: Não é que pode ser, já é.
Muitos movimentos estão trabalhando para favorecer a evangelização no grande continente asiático. O que podemos esperar quanto a isso?
Card. Filoni: Sem dúvida, desde o concílio Vaticano II, o laicato tem assumido um papel extraordinário na evangelização. Não é por acaso que, no ângelus de domingo passado, o santo padre falou da Jornada Mundial das Missões e citou uma mulher exemplar, que não era uma religiosa, não era freira, mas sim uma leiga. Todos os movimentos, em especial os que nasceram depois do concílio, têm e devem ter uma perspectiva missionária. Nós achamos que isto é um aspecto novo, que pode contribuir, levando em conta que os missionários em sentido tradicional estão diminuindo do ponto de vista vocacional, mas está aumentando exponencialmente a quantidade de pessoas que se comprometem com a missão. Entre elas, me vêm à mente o Caminho Neocatecumental, o Movimento dos Focolares, a Comunhão e Libertação. Todos os movimentos que estão realizando um papel que nós, da Propaganda Fide, consideramos muito útil e necessário para a evangelização na Ásia.
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