Curiosa e providencialmente ele recebeu esse comentário sobre o livro do judeu Jacobo Meusner que publico abaixo.
Kassia Zig.
A
"Mentira" do Judeo-Cristianismo
Saiu
recentemente em italiano um interessante livro do rabino Jacob Neusner
[1],
que volta a 1991 (Jews and Cristians. The Myth of a Commun Tradition)
com
respeito à relação entre judaísmo e cristianismo. É decididamente um livro
contra
a corrente, porque sustenta e – estou certo – prova que “entre
hebraísmo
e cristianismo […] não existe e nunca jamais existiu um diálogo. O
conceito
de uma tradição hebraico-cristã […] é somente um mito, no pior
sentido:
uma mentira” [2].
•
Segundo o Autor, as duas religiões “não compartilham temas comuns” e, “se
a
Escritura pode fornecer uma base comum, conduziu apenas à divisão,
porque
o Antigo Testamento serve ao cristianismo somente enquanto
prefiguração
do Novo, e a Torá escrita para o hebraísmo pode e deve ser lida
somente
na óptica de cumprimento e complemento total da Torá oral [Cabala
e
Talmud colocados só em um segundo tempo por escrito, ndr]” [3]. Na
verdade,
“os cristãos comumente supõem que o hebraísmo seja a religião do
Antigo
Testamento, mas isto é verdadeiro só em parte, e portanto
completamente
falso. […] O cristianismo faz apelo ao Antigo Testamento, em
dialética
com o Novo, como parte da Bíblia; o hebraísmo lembra a Torá escrita
em
dialética com aquela oral [Cabala e Talmud]” [4].
•
Ele define a relação entre as duas religiões como de “gentes diversas [rabinos
e
bispos] que dizem coisas diversas [Israel e Cristo] para gentes diversas
[hebreus
e cristãos]”[5]. E conclui: ”Ora, não existe, nem jamais existiu, uma
tradição
hebraico-cristã” [6]. Na verdade, o cristianismo se ocupa da salvação,
que
diz respeito à humanidade inteira, enquanto o judaísmo se ocupa da
santificação
da nação de Israel [7]. Neusner, com muita honestidade intelectual
e
clareza, fala de “autonomia do cristianismo e da sua unicidade absoluta” [8].
Desfeita
a teoria segundo a qual o cristianismo seria um judaísmo reformado,
decorre
analogamente a relação entre protestantismo e catolicismo: ”O nosso
século
foi testemunha de um erro teológico fundamental […]. Falando
abertamente,
trata-se, ademais, de um erro protestante. O erro teológico foi o
de
apresentar o cristianismo como uma reforma histórica, uma continuação do
hebraísmo”
[9]. Tal erro é imputável não só ao protestantismo, mas também à
exegese
modernizante e modernista do século XX, e a sua consequência foi
deletéria
para a doutrina católica. Na verdade, estando assim as coisas, “os
cristãos
[…] se encontram em uma posição subordinada […], tornando-se não
o
verdadeiro Israel […], mas simplesmente um Israel por defeito, isto é, por
defeito
do velho Israel” [10]. Em suma, uma espécie de irmãos menores e
deficientes.
A teologia cristã judaizante, de origem luterana, apresentava o
novo
protestantismo como um velho catolicismo reformado, e o verdadeiro
cristianismo
de origem como um velho judaísmo reformado. Por isso, a nova
teologia
modernista e neomodernista, canonizada por Nostra Aetate,
recuperando
o erro exegético–teológico luterano, apresenta “a vida de Jesus
em
linha com o hebraísmo do seu tempo, e a salvação de Cristo como um
evento
interno ao hebraísmo do século I” [11]. Daí, para compreender o
Evangelho,
tem-se afirmado, ser necessário interrogar o Talmud e os rabinos
[12];
enquanto a doutrina tradicional dos Padres e do Magistério constante da
Igreja
ensinava que “no” Antigo Testamento está escondido o Novo e no Novo
Testamento
aparece claro e significado o Antigo (S. Agostinho, Quaest., in
Hept.,
II, 73).
• O
Autor explica que o ambiente católico foi contaminado por tal tendência
depois
da tragédia da Segunda Guerra Mundial em razão de certa avaliação
feita
pelo nacional-socialismo “sobre a herança hebraica da Igreja e do
cristianismo
[…], levando em conta a tragédia do cristianismo na civilização da
Europa
cristã, pervetida pelo nazismo. […] Todos estavam animados de boas
intenções
[…]. Mas o resultado é uma leitura não cristã do Novo Testamento”
[13].
Donde, em outro lugar, aprofundar o problema do condicionamento
psicológico
súbito do ambiente católico depois da segunda grande guerra e
especialmente
depois da shoah, que levou a uma leitura do Novo Testamento
de
forma não cristã, mas judaizante [14]. Na verdade, se se abstraem estas
premissas
histórico-teológicas, não se pode compreender aquilo que ocorreu
no
Vaticano II e no pós-concílio. O fato, et contra factum non valet
argumentum,
é que a leitura ou hermenêutica modernizante, como a luterana,
do
Novo Testamento “não é cristã”. Enquanto “apela às fontes hebraicas, […]
tal
hermenêutica deriva da teologia de um cristianismo como continuação e
puro
melhoramento do hebraísmo” [15]. Em vez disso, o cristianismo é algo
único,
absoluto, autônomo, e de modo algum uma reforma do hebraísmo.
• O
Autor rejeita totalmente a doutrina segundo a qual “Jesus era hebreu e,
portanto,
para compreender o cristianismo, os cristãos deveriam chegar a um
acordo
com o cristianismo” [16]. O verdadeiro cristianismo é aquele que “pode
tomar
a si mesmo como o tomavam os Padres da Igreja, como novo e não
contingente,
[…] não como subordinado ao hebraísmo. Hebraísmo e
cristianismo
são religiões em tudo diferentes e com pouco em comum” [17].
Para
o cristianismo Deus é uno na sua natureza, mas trino nas Pessoas, e
Jesus
é Deus encarnado no seio da SS Virgem Maria; enquanto o judaísmo
não
aceitou tal Evangelho ou Boa Nova trazida por Cristo e seus Apóstolos e
continua
a negar a SS. Trindade e a divindade de Cristo, fundando-se sobre a
santidade
de Israel como família carnal descendente geneticamente de Abraão.
Neusner
diz que, se o cristianismo é único, também o hebraísmo se acredita
tal,
donde concluir pela inutilidade do diálogo entre as duas religiões,
diametralmente
opostas, ainda que fundadas – em parte – sobre uma base
semicomum:
o Antigo Testamento, que, porém, é lido pelo judaísmo à luz do
Talmud,
considerado mais importante que a Torá [18], enquanto pelo
cristianismo
é estudado à luz do Novo Testamento. Em razão disso, “não
podemos
referir a Bíblia quando falamos de hebraísmo” [19]. O rabino
americano
não esconde que “o cristianismo não é tal porque melhorou o
hebraísmo
[…]. Mas porque constitui um sistema religioso, autônomo, absoluto
e
único. […], hebraísmo e cristianismo são duas religiões em tudo diversas”
[20].
Viva a face da sinceridade e abaixo a mentira do ecumenismo judaico-
cristão,
que é a “quadratura do círculo” ou a “coincidentia oppositorum” feita
“Congregação
Permanente”.
• O
problema central, segundo Neusner, não é o das “raízes comuns”, de que
falaremos
a respeito, mas o da divindade de Jesus Cristo. Na verdade,
pergunta-se
honestamente o rabino, “Jesus é o Cristo? Se é assim, então o
hebraísmo
cai. Se não é assim, então o cristianismo erra” [21]. Ele cita Eusébio
de
Cesaréia (tr. it. História Eclesiástica, Milão, Rusconi, 1979) e São João
Crisóstomo
(tr. it. Homilia contra os judeus, Verrua Savóia, CLS, 1997), o qual
falava
de “regressão cristã ao judaísmo” acerca daqueles cristãos que
frequentavam
ainda a sinagoga e os cultos hebreus em Antioquia em 386-387,
um
“retorno à infidelidade judaico-talmúdica”. A mesma acusação feita no
século
IV por Crisóstomo aos judaizantes de Antioquia se pode fazer hoje aos
judaizantes
do Vaticano II (Nostra Aetate, 1965) e do pós-concílio (Oração da
sexta-feira
Santa, do Novus Ordo Missae de Paulo VI, 1970; A antiga aliança
jamais
revogada de João Paulo II em Mainz em 1981; os Hebreus nossos
irmãos
maiores e prediletos na fé de Abraão, João Paulo II em 1986; e até ao
Discurso
à sinagoga de Roma, de Bento XVI, 17 de janeiro de 2010). Tertium
non
datur: se Cristo é Deus, o hebraísmo cai; se não é Deus, erramos nós
cristãos
por dois mil anos, devemos reconhecê-lo publicamente, pedir perdão a
Deus
e aos homens e enfim formar “prosélitos da porta” ou “noachidi” (v. Elia
Benamozegh
e Aimé Pallière). O diálogo judaico-cristão é inútil, daninho,
injurioso,
falso e mentiroso. O mesmo diz ainda o rabino Jacob Neusner. Ele
concorda
com Crisóstomo só quanto ao fato de que o judeu-cristianismo ou o
judaizar-se,
para os cristãos, é um “ato de apostasia, incredulidade e recusa de
Deus
[Cristo]” [22]. Crisóstomo temia, justamente, que os cristãos de Antioquia
se
mostrassem “rendidos de respeito ao hebraísmo” [23]. A mesma apreensão,
et
multo magis, a demonstra Neusner em relação ao diálogo judaico-cristão, no
qual
a religião cristã já não se considera aquilo que é, mas uma
pseudorreforma
protoluterana do judaísmo. À doutrina cristã tradicional
segundo
a qual Cristo é Deus e previu em 33
a destruição de Jerusalém e de
seu
Templo, o que sucedeu em 70, o hebraísmo respondia no século IV, pela
boca
de seus sábios ou rabinos, que Roma tornada cristã no século IV é o
penúltimo
Império depois da Babilônia, da Medo-Pérsia, da Grécia e será
seguido
do de Israel, o último e definitivo, como família genética de Abraão,
que
dará morte à Roma primeiro pagã e depois cristã, sendo “o caráter de
Roma
principalmente cristão” [24]: “Os sábios [ou rabinos] afirmam que Israel
segundo
a carne […] permanece em estado incondicionado e perene. Não
deixa
nunca de ser filho [fisico], e filho dos próprios genitores. Assim, Israel
segundo
a carne constitui a família, na sua forma mais física, de Abraão, Isaac
e
Jacó […]; a total e completa “‘geneaoligizzazione’” de Israel” [25], como se
vê,
é uma questão genética ou de estirpe, que fala de “raça”, estirpe, sangue e
somente
do judaísmo rabínico, e não – como seriam os “antissemitas” – o
cristianismo.
Portanto, mostra-se qão tola é a acusação de antissemitismo feita
à
Igreja por eméritos trombones, impelida por algumas estúpidas e soi-disant
raposas.
•
“Israel provocará a queda de Roma [ex-pagã e depois, com Constantino,
cristã,
313]” [26]. Portanto, para os rabinos, Israel não está terminado, mas
suplantará
Roma e o cristianismo. Segundo o Autor, a queda de Jerusalém foi
causada
pela arrogância dos judeus zelotes do século I, os quais,
especialmente
com Bar Kobá, se recusaram a entregar-se à providência divina
e
quiseram edificar um Reino de Israel com suas forças naturais e politíco-
militares.
Tal arrogância provocou da parte divina o abandono de Israel nas
mãos
de Roma, que de pagã se tornou depois cristã, e no século IV pareceu
que
o cristianismo romano houvesse triunfado sobre o judaísmo [27]. Mas a
apocaliptíca
hebraica [28], voltando ao fim dos últimos tempos, cobrou a
restauração
do reino de Israel e tentou derrubar tal “teologia da história” cristã.
Ora,
a mesma situação foi criada com o nascimento do Estado de Israel, que é
obra
da política e das armas e não do Messias hebraico, e por isso também
para
os rabinos ortodoxos hodiernos o sionismo representa uma ameaça a
Israel,
como aconteceu em 70. Pois bem, este tema merece ser aprofundado
em
um próximo artigo.
•
Também a consideração que Neusner faz sobre o islamismo, em um tempo
de
arabefobia e das raízes européias judaico-cristãs e anti-islâmicas, são
interessantes,
profundas e corajosas. Na verdade, ele escreve: “Como
sabemos
[apesar do aparente triunfo do cristianismo, com os imperadores
romano-cristãos,
a partir de Constantino e Teodósio] que venceu o hebraísmo
dos
sábios [ou rabinico-talmúdico]? Porque quando, à sua volta, vence o islã
[VII-VIII
século] o cristianismo se retira do Oriente Médio e do Norte da África.
Sem
dúvida o cristianismo resistiu, mas não como a religião majoritária do
Oriente-Médio
romano e do Norte da África […]. Mas o caráter islâmico do
vizinho
do Oriente-Médio e do Norte da África nos conta a história do que
aconteceu
realmente: uma derrota para o cristianismo […]. A cruz reinou
apenas
nos lugares aonde não foi o Islã e o seu poderio militar” [29]. Portanto,
o
atual “conflito de civilização”, querido pelos EUA e por Israel, é um choque
com
o “mundo árabe”, enquanto ainda não está liberto e iluminado pela
modernidade
ocidental, e de modo algum um distanciar-se do islamismo, que
em
si é visto com simpatia, enquanto sepultamento do cristianismo tradicional e
não
judaizante.
Tal
leitura deve dar-nos de volta, em um tempo para nós tão triste, o orgulho de
sermos
totalmente e integralmente cristãos ou católicos romanos. As raízes
judaico-cristã/romanas
são uma mentira. Pode-se, ao contrário, falar de raízes
comuns
judaico-calvinistas ou EUA/israelenses. O judaísmo é completado pelo
Talmud,
enquanto o cristianismo romano o é pelo Novo Testamento, tal como
compreenderam
os Padres da Igreja e o sistematizou a Escolástica. O
hebraísmo
não é a Bíblia, mas o talmudismo rabínico. Atualmente, com o
Vaticano
II assistimos a uma tentativa de protestantização da Igreja, que com a
“colegialidade”
realizou o próprio ódio luterano ao primado do Papa; com a
“liberdade
religiosa” o ódio à única verdadeira religião, fundada por Deus Filho;
com
o “ecumenismo” o ódio por intolerância doutrinal à Igreja Romana; e enfim
com
a pseudo-“reforma litúrgica”, feita junto com os calvinistas, se produziu um
rito
objetivamente [30] hibrído ou uma interseção bastarda (o Novus Ordo
Missae
de Paulo VI) entre dois ritos essencialmente diversos, o protestante e o
católico.
Tal protestantização é o fim próximo; o remoto é a judaização. Na
verdade,
a hermenêutica luterana leva a uma leitura acristã e filo-judaizante da
Torá.
Portanto, longe de ceder ao diálogo, em posição de inferioridade ou de
“minoria
deficiente” com relação aos “irmãos mais velhos”, devemos reivindicar
o
valor absoluto, único e autônomo do cristianismo petrino ou romano. Uma vez
que
Cristo é Deus e o provou com a sua Ressurreição, o diálogo inter-religioso
judaico-cristão
é uma “regressão ao talmudismo”, “uma apostasia ou
incredulidade”,
enquanto recusa implícita a Deus Filho e pois a Deus Pai e
Espírito
Santo.
•
Infelizmente, tal diálogo é conduzido, depois de João Paulo II, também por
Bento
XVI, que no seu livro Muitas religiões e uma única Aliança: a relação
hebraico-cristã.
O diálogo das religiões (Cinisello Balsamo, San Paolo, [1998],
tr.
it., 2007) escreve que: “Depois de Auschwitz, a tarefa de reconciliação e de
acolhimento
se representou diante de nós em toda a sua imprescíndivel
necessidade”
[31]. Depois – citando Jo. IV, 22, “a salvação vem dos judeus”,
pronunciada
por Jesus antes da sua Morte na cruz –, afirma, a respeito da
Antiga
Aliança, que “tal origem mantém vivo o seu valor no presente [depois da
morte
de Cristo, na Nova e Eterna Aliança]” [32]. Todavia, “não se pode ter
acesso
a Jesus […] sem a aceitação do Novo Testamento” [33]. Donde para os
hebreus
a salvação vir de Israel e do Talmud, enquanto para os gentios
convertidos
ao cristianismo vem de Cristo e do Novo Testamento. A Antiga
Aliança,
também segundo Bento XVI, jamais cessou (cf. João Paulo II, A Antiga
Aliança
jamais revogada, Mainz, 1981), na medida em que “‘Aliança’ significa
apenas
vontade divina e não um contrato bipartido” [34]. Donde, também se
Israel
foi infiel a Deus, Deus não poder dividir a Aliança, porque não é “um
acordo
recíproco” [35], para o qual Deus non deserit etiam si prius deseratur. É
triste,
mas para conhecer a doutrina católica sobre a relação entre cristianismo
e
hebraísmo é preciso ir ao “catecismo” do rabino Jacob Neusner; enquanto
para
judaizar basta escutar as “midrash” de Bento XVI. Que estranha época
esta:
o hebreu ensina o catecismo, apesar de não crer nele, enquanto o padre
católico
diz as “midrash”, e talvez até creia, ou pelo menos finja crer.
•
Enfim, o ódio comum a Roma que caracteriza o hebraísmo e o luteranismo é
indicativo.
A alternativa, portanto, é ou Roma ou a morte! Se cai (por absurdo)
Roma,
triunfam Tel Aviv e Nova York. O estado atual de embrutecimento da
humanidade
é fruto do domínio judaico-americanista do mundo. A salvação e a
restauração
do homem, da família e da sociedade será fruto milagroso do
triunfo
da Roma “imortal dos Mártires e dos Santos”! Nossa Senhora em Fátima
prometeu:
”Por fim o Meu Coração Imaculado triunfará”. Cor Jesu adveniat
regnum
tuum, adveniat per Mariam.
________________________
NOTAS
[1]
Nasceu nos EUA em 1932. Professor de história e teologia do hebraísmo no
Bard
College de Nova Iorque, e ordenado rabino no Jewish Theological
Seminary”,
é considerado o maior especialista vivo da leitura rabínica antiga.
Muito
interessante sua Disputa imaginária entre um rabino e Jesus. Que mestre
seguir?
[1993], tr. it. Casale Monferrato, Piemme, 1996; 2a. ed. Um rabino fala
com
Jesus, Cinisello Balsamo, San Paolo, 2007.
[2]
J. Neusner, Hebreus e cristãos. O mito de uma tradição comum, [1991], tr.
it.
Cinisello Balsamo, San Paolo, 2009, pg 7
[3]
Ibidem, pp. 7-8. No que diz respeito ao Talmud, cf. Jacob Neusner, O
Talmud.
Que coisa é, que coisa diz [2006], tr. it. Cinisello Balsamo, San Paolo,
2009
[4]
Ibidem, pp. 159-160.
[5]
Ibidem, p. 9.
[6]
Idem.
[7] Ibidem,
p. 17.
[8]
Ibidem, p. 31.
[9] Ibidem,
p. 32.
[10] Ibidem,
p. 33.
[11] Ibidem,
p. 34.
[12] Idem.
[13]
Idem.
[14]
Os fatos de Auschwitz tornaram crônico um problema grave e impeliram a
uma
ação semelhante ao martírio, da parte dos intelectuais religiosos hebreus
e
cristãos, para enfrentar aquele desafio […]: “dar um sentido ao outro” (J.
Neusner,
cit., p. 158). Vale dizer que, apesar da diferença total entre hebraísmo
e
cristianismo, você vai compreender “totalmente o outro a partir de si” (o
cristão/o
hebreu e vice-versa) só a partir de Auschwitz ou da teologia da
“shoah”.
Donde, também da parte cristã, não se poder prescindir de enfrentar o
fato,
tornado hoje meta-histórico, da perseguição que sofreram muitos hebreus
na
Europa entre 1942 e 1945. Tal estudo é conduzido seja historicamente
(fonte
histórica, documentos, fatos aclarados e testemunhos dos livros de
história
da Europa entre 1940 e 1945); seja científicamente (meios de pesquisa
e
experimentos químicos-fisícos e engenharia sobre as armas de crime: as
câmeras
de gás e os fornos crematórios e o corpo de delito: o que resulta
realmente
e objetivamente no lugar da perseguição); seja filosoficamente (mal
absoluto/relativo);
seja enfim teologicamente (“holocausto” de uma parte do
hebraísmo
europeu ou o Holocausto redentor de Jesus Cristo). Não se pode
voltar
atrás, sob pena de ser chantageado e posto em situação de acusação
com
respeito a um fato que não se vai estudar para ver qual é a sua real
entidade.
Si non vis errare, debis velle scrutare.
[15]
Ibidem, p. 35.
[16]
Ibidem, p. 160.
[17]
Ibidem, pp. 162-163.
[18]
Ibidem, p. 176.
[19]
Ibidem, p. 197.
[20]
Ibidem, pp. 43-44.
[21]
Ibidem, p. 72.
[22]
Ibidem, p. 74.
[23]
Idem.
[24]
J. Neusner, op. cit., p. 110.
[25]
J. Neusner, op. cit., p. 102.
[26]
J. Neusner, op. cit., p. 81. Sobre a relação Roma, cristianismo e judaísmo,
v.
M. Goodman, Roma e Jerusalém. O encontro das civilizações antigas [2007],
tr.
Ii. Roma-Bari, Laterza, 2009. O Autor sustenta que Roma e Israel teriam
podido
coexistir sem problema. Todavia, em 66 d.C., sob Nero, os habitantes
de
Jerusalém haviam se recusado a ir em procissão para cumprimentar duas
cortes
do imperador, e foi assim que o procurador romano Géssio Foro mandou
as
suas tropas contra a multidão reunida no mercado superior da Cidade Santa
e
provocou a morte de 3.600 pessoas. A reação hebraica foi fortíssima e levou
à
constituição de um Estado hebraico independente de Roma, que já em 37
a.C.
havia ocupado a Judeia. Quando Nero morre em 68, um general de nome
Tito
Flávio, filho do Imperador Vespasiano, que era naquele tempo o
comandante
na frente da Judeia, usou de mão de ferro para reprimir a revolta
hebraica
e, depois de um ano de luta, em 70, destruiu Jerusalém e o Templo.
Reprimiu
também as três insurreições na Cirenaica, no Egito (72), e a de
Massada
(73). Aqui se inicia a parte mais interessante do livro (pp. 451-583),
apesar
de não livre de erros e unilateralidade, sobretudo no que diz respeito à
origem
da disputa entre o cristianismo e o judaísmo (pp. 584-666). Uma vez
antes,
o Templo de Salomão havia sido destruído, em 586 a .C., por
Nabucodonosor
da Babilônia, mas em 539 Ciro da Pérsia venceu os babilônios
e
libertou os hebreus, que estavam exilados na Babilônia, e concedeu a eles a
reentrada
em Jerusalém e a reconstrução do Templo; portanto, em 70 os
judeus
pensavam que aconteceria algo análogo: um Messias triunfante ou
“Novo
Ciro”, que expulsaria os romanos e faria reconstruir Jerusalém e o
Templo.
Muitos piedosos e zelosos ou zelotes israelenses, influenciados pela
literatura
apocalíptica hebraica, imaginavam e profetizavam que o “Novo Ciro”
pudesse
ser “Nero redivivo” (cf. Giuliano Firpo, A revolta judaica, Roma-Bari,
Laterza,
1999). Naquele tempo se formou uma radical hostilidade e um feroz
ódio
antirromano na Judeia e em Jerusalém, mas Roma não concedeu aos
judeus
aquilo que usualmente concedia a todos os vencidos de religiões
diversas:
construir ou reconstruir seus templos. Foi assim que o Templo de
Jerusalém
não foi mais reconstruído, apesar da triplíce tentativa, que falhou
todas
as três vezes, do imperador Juliano, o Apóstata. Entre 115 e 116 ocorreu
uma
quarta insurreição judaica contra Roma, e enfim em 132-135, com o
pseudomessias
Bar Kobá, a quinta e última, porque Adriano em 135 arrasou o
que
restava de Jerusalém e da Judeia, mudando o nome desta última para
Síria-Palestina
e o de Jerusalém para Aelia Capitolina. Nem os alemães, nem
os
britânicos, nem os panônios deixaram de ter uma pátria e uma capital para
fazer
suas rebeliões; só os judeus perderam uma e outra. Um jornalista do
Sunday
Times(Tom Holland) escreveu que “o século XXI foi forjado da queda,
há
quase dois mil anos, de Jerusalém” e – acrescentou – da tentativa de
restauração
de um Estado hebreu em 1948, o qual inda não é a possuído
pacíficamente,
mais anuncia uma nova tragédia terrível, que se adensa sobre
nossas
cabeças, em forma de guerra nuclear […].
[27]
“Bar Kobá tratava o céu com arrogância, pedido a Deus que não se
intrometa
[…]. Bar Kobá destruiu a única proteção de Israel. O resultado era
inevitável”
(J. Neusner, op. cit., p. 86). Entretanto, deve dizer-se que o atual
Estado
de Israel foi construído (mas não terminado) pelas mãos do homem e
não
pela intervenção do Messias.
[28]
A leitura apocalíptica hebraica compreende os apócrifos proféticos do
Velho
Testamento (II séc. a.C.–II séc d.C.) e consiste em uma “ficção literária,
de
soi-disant previsões posteriores aos eventos, que não merecem maior
crédito
que os oráculos sibilinos” (Francesco Spadafora, Dizionario biblico,
Roma,
Studium, 3° ed., 1963, p. 41). Ela surge quando Israel atravessa seu
período
mais tempestuoso, desde a fúria de Alexandre Magno contra o
Yahwismo
até a destruição de Jerusalém por Tito (70) e Adriano (135). Alguns
zelosos
Yahwistas sentiram então necessidade de reencorajar os israelenses
com
duas futuras promessas para Israel, procurando manter viva sua
esperança
apesar do miserável estado presente. O apocalíptico “é projetado
para
alimentar o orgulho judaico, abalado pelas evidências, orientando para a
aurora
futura. […] Israel será libertado e vingado […] imperará sobre os
gentios
dominados e pisados” (Antonino Romeo, entrada “Apocalittica
letteratura”,
em “Enciclopédia Católica”, vol. I, col. 1616). No futuro, depois da
queda
do penúltimo Império, que seria Roma, “Israel será liberto e vingado”.
[…].
O interesse nacional é estendido à conclusão almejada: Deus de repente
entra
na luta final entre os gentios e Israel” (A. Romeo, idem, col. 1617); “tudo é
restrito
ao campo do nacionalismo e do temporal” (Francesco Spadafora,
idem).
O apocalipse judaico é uma espécie de revelação apresentada como
antiga,
oculta e esotérica (Francesco Spadafora, p. 42) e, segundo Mons.
Antonino
Romeo, “resultará em uma espécie de especulação cabalística […] e
de
sincretismo gnóstico” (idem, col. 1625). “É repleta de ódio, frequentemente
feroz,
contra os gentios e de ardente simpatia por Israel”, escreve Marie Joseph
Lagrange,
(Le judaisme avant Jesus-Christ, 2a. ed., Paris, 1931, pp. 70-90). O
apocalipse
na sombra da mórbida expectativa da revolução futura, que liberará
Israel
da Roma pagã-cristã. Ele se deve à formação do mais aceso
nacionalismo
hebraico (Francesco Spadafora), e deste derivará certo
gnosticismo
e o milenarismo (A. Romeo, idem, col. 1618) com a teoria da
mitigaçao
das penas e dos danos (cf. a aposcatátase de Orígenes, repetida
entre
1940 e 1951 por Hans Urs von Balthasar + 1984 e Jean Daniélou +
1973),
cf. B. Allo, Apocalypse, 3a. ed., Paris, 1933, pp. XXVI- XXXIV. Mons.
Romeo
conclui: “O Reino de Deus se reveste de um caráter nacionalista-
terreno.
[…] O reino será deste mundo. […] mas o Messias é visto como um
redentor
espiritual, expiador dos pecados do mundo” (idem, col. 1618), e enfim:
“Para
os gentios o apolicapse é cruel e implacável, e toda a compaixão seria
substituída
pela fraqueza” (idem, col. 1969).
[29]
J. Neusner, op. cit., pp. 118-119. Quanto às relações entre judaismo
talmúdico,
islã e cristianismo, cf. Hana Zakarias, Vrai Mohammed et faux
Coran,
Paris, NEL, 1960; Id., De Moisés à Mohammed, Paris, 1955; J. Bertuel,
L’islam:
ses véritables origines, Paris, NEL, 1983-84, 3 vols.; B. Lewis, O
renascimento
islâmico, Bolonha, O Moinho, 1991; S. D. Goitein, Hebreus e
Arábes
na história, Roma, Jouvance, 1980; J. Bouman, O Corão e os judeus,
Brescia,
Queriniana, 1992; R. Barkai, Chrétiens, musulmans et juifs dans
l’Espagne
médiévale, Paris, Cerf, 1994; M. Brenner, Breve história dos
hebreus,
Roma, Donzelli, 2009.
[30]
Quando se fala do Vaticano II como inaceitável e rejeitável, não se
pretende
englobar em tal constatação de heterodoxia objetiva a culpa e a
punição
subjetiva de quem o acolhe de boa-fé, pensando estar obedecendo.
Assim
como quando se constata a nocividade objetiva do Novus Ordo Missae e
a
sua ab-rogalidade não se quer nem minimamente ofender a quem o celebra
em
boa-fé, de forma reverente e com espírito de obediência, por ignorância
inocente
de sua carência doutrinal. “Não haja divisão entre nós”
(antimodernistas),
mas reestudemos com atenção o “Breve exame crítico do
NOM”
com a “Carta de apresentação” dos Cardeais Antonio Bacci e Alfredo
Ottaviani,
onde se podem ler severas considerações sobre sua não ortodoxia
objetiva
e onde se pede que seja ab-rogado por nocivo. Não nos deixemos
distrair
pela polêmica que surgiu quando se considerou ab-rogado o Vetus
Ordo,
por um abuso de poder […]. Então (1976) foram ditas palavras fortes,
mas
pronunciadas no curso de homilias, sem possibilidade de se fazerem
todas
as devidas distinções. Não me parece correto culpar a Mons. Marcel
Lefebvre
por alguma frase extrapolada em seus sermões, e ver na
Fraternidade
São Pio X o “mal absoluto” ”, assim como me parece pueril a
pretensão
de alguns, por sorte poucos, “tradicionalistas” de transformar a
Fraternidade
na Igreja de Cristo. Também neste caso a sã lógica condena o
sofisma
ex uno disce multis.
[31]
Op. cit., p. 9.
[32]
Idem.
[33]
Idem.
[34]
Ibidem, p. 32.
[35]
Idem.
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