De lá pra cá muitos conhecem os espetáculos que a mídia proporcionou, entretanto, nesta quarta-feira (6) quando todos os olhos se voltavam para o relator da Comissão do Impeachment, o deputado Jovair Arantes, uma coisa deve ter chamado a atenção de muita gente. Quem é o deputado que nunca vimos no noticiário nacional? Qual a sua história política? Outro fato estranho: porque a mídia não apresentou o relator do pedido de impeachment da presidenta eleita por mais de 54 milhões de brasileiros ao grande público?
Pois bem, Jovair de Oliveira Arantes, nasceu em 1951, em Buriti Alegre, cidade com pouco menos de 10 mil habitantes, interior de Goiás, 192 quilômetros da capital. Formou-se em odontologia, mas sua carreira política já dura 33 anos, quando se filiou ao PMDB em 1983 e foi eleito vereador da capital goiana. Em 1989, Jovair Arantes foi um dos fundadores do PSDB em Goiás. Em 1990 foi eleito deputado estadual, mas renunciou ao cargo para candidatar-se a deputado federal. Depois foi vice-prefeito de Goiânia, pelo PSDB, de 1993 a 1995. E foi candidato à Prefeitura de Goiânia em outras ocasiões. Em 1995 foi eleito deputado federal e está agora no sexto mandato consecutivo. Em 2003, o deputado desfiliou do PSDB para ser líder do PTB em Goiás.
Esquema no INSS
Em 2011, Jovair Arantes foi acusado pelo Ministério Público Federal de Goiás pela participação ativa em esquema de trocas de favores envolvendo desde a indicação de cargos dentro do Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) à concessão de benefícios, como de aposentadoria.
Interceptações telefônicas revelaram o envolvimento do deputado com o “amigo”, ex-gerente do INSS em Goiás, José Aparecido da Silva (preso em 2010 após ação da Polícia Federal conhecida como “Operação Guia”). Um detalhe: Em 2014 o caso foi arquivado pelo ministro Gilmar Mendes do Supremo Tribunal Federal (STF).
Cachoeira
A ficha do deputado goiano não para por aí, ele ainda é conhecido por outros ilícitos, comprovados e admitidos publicamente pelo próprio. Em um vasto lote de grampos realizados pela Polícia Federal em fevereiro de 2012, com mais de 200 horas de gravação, o deputado Jovair Arantes aparece em várias delas falando de encontros dele com o chefe do jogo do bicho em Goiás.
A "Operação Monte Carlo" ocorreu com a prisão de Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, e dezenas de policiais civis e militares, acusados de envolvimento na exploração ilegal de máquinas caça-níqueis em Goiás e na periferia de Brasília. Foram presos também dois delegados da Polícia Federal e o ex-sargento da Aeronáutica Idalberto Matias de Araújo, o Dadá. De acordo com a reportagem da Revista Época, a investigação da PF apresentou que Cachoeira mantinha forte influência na política goiana. As gravações telefônicas, captadas com ordem judicial, mostram que Cachoeira conversava com freqüência e intimidade com deputados federais, principalmente com Jovair Arantes e com o ex-senador goiano Demóstenes Torres (então, do DEM), que renunciou ao Senado Federal após o escândalo.
Jovair e mais três deputados apareceram nas gravações feitas pela Polícia Federal em conversas com Cachoeira. A conversa foi peça de análise de uma CPI criada na Assembleia Legislativa do Estado de Goiás (Alego) no mesmo ano, que investigava o envolvimento de parlamentares com Carlinhos Cachoeira. Entretanto, com maioria dos deputados da base aliada ao governo Marconi, a CPI, comandada pelo deputado Hélio de Sousa (DEM), encaminhou as investigações para possíveis contratos firmados entre agentes públicos e prefeitos do PT e PMDB, oposição ao governo estadual, de Marconi Perillo do PSDB. Sem mais propósito, a CPI terminou em dezembro de 2012, após oito meses de investigação, sem propor o indiciamento de nenhum dos investigados pela comissão parlamentar.
Satisfeito, o deputado Jovair Arantes disse naquele momento considerar “natural” um parlamentar atender aos pedidos de Cachoeira em órgãos públicos ou no Congresso.
Atuação na Câmara
Líder da “bancada da bola” na Câmara dos Deputados, Jovair é presidente do Conselho do Atlético Goianiense e atua como um feroz entrave a todas as iniciativas que investigue envolvimento de entidades e empresas de futebol com ilícitos. Como é conhecido por todos, ele é amigo do ex-presidente da CBF, José Maria Marin, atualmente preso nos Estados Unidos por envolvimento em caso de corrupção e também amigo do presidente licenciado da CBF, Marco Polo del Nero, que é investigado por corrupção nos EUA e no Brasil.
Defensor dos cartolas e da CBF, o deputado foi alvo de várias críticas pela atuação em de 2014 quando apresentou uma emenda que favorecia aos clubes de futebol que possuem dívidas milionárias com o governo federal.
Em uma manobra apelidada de “Jaboti”, o deputado, com seus aliados, embutiu uma proposta na Medida Provisória 656 que tratava da isenção de impostos na importação de equipamentos utilizados para geração de energia eólica, o texto sugerido pelo deputado alongava as dívidas com o governo federal por mais 20 anos, com juros reduzidos, próximos à Taxa de Juros de Longo Prazo (5% ao ano), redução nas multas e nenhuma regra de responsabilidade. Sensata, e com um engajamento forte do Bom Senso FC, a presidenta Dilma Rousseff vetou a proposta de lei do deputado Jovair Arantes em 7 de outubro de 2014.
CPI do Futebol
O deputado foi ainda árduo defensor de que não houvesse a abertura da CPI do Futebol na Câmara, em julho do ano passado, que investiga supostas irregularidades cometidas pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF) em contratos comerciais. E justificou à época o motivo: "Eu, particularmente, não gosto de CPI. Porque sempre é complicado para você ver as coisas que são ditas ali se realizando efetivamente. Por isso que eu acho que não deveria haver”.
R$ 4 milhões para apoiar nome
Em janeiro de 2012, o “nobre” deputado sofreu mais uma acusação: O ex-presidente da Agência Goiana de Meio Ambiente (com status de secretaria estadual de governo), Osmar Pires Martins Júnior, fez uma denúncia ao Ministério Público de que o deputado Jovair Arantes cobrou R$ 4 milhões de reais para apoiar a sua recondução ao cargo.
A denúncia foi publicada na revista Veja: “Num documento de 24 páginas assinado e entregue formalmente ao Ministério Público em dezembro passado [2011], ele [Osmar Pires] diz que, quando estava de saída da agência ambiental, ouviu uma proposta nada ortodoxa: Jovair, a quem caberia indicar o novo presidente do órgão, pediu 4 milhões de reais para apoiar sua recondução. ‘O deputado queria R$ 4 milhões para que o infra escrito fosse indicado para continuar na titularidade do órgão público’, escreveu.”
Milhões
Segundo o atlas político, o deputado Jovair Arantes tem um patrimônio declarado de dois milhões e setecentos e cinquenta mil reais, pouco menos do que foi gasto na sua campanha à reeleição em 2014 (dois milhões e trezentos mil reais). A maior doação que o deputado recebeu foi de meio milhão de reais (R$ 500.000.000,00) de uma das maiores indústrias de alimentos do mundo, a JBS S/A, isso mesmo, a Friboi, que não é de propriedade do filho de Lula como já foi inúmeras vezes declarado, mas da família Batista (José Batista Sobrinho – JBS), com sede em Goiás.Jovair Arantes, quem é?
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