Um " causo" inacreditável.

Um causo inacreditável.
Inicio da noite, Curitiba, esquina das ruas Brigadeiro Franco e Vicente Machado. Um grupo de cinco mulheres conversava animadamente. Conversa moderna, alta no tom, cheia de palavrões e risos, típica conversa de mulheres libertárias.
Vem um homem alto, magro, de chapéu, típico homem da zona rural, calças largas, bolso profundo. Boa Noite e pergunta: as moças não sabem onde tem uma Zona? Zona de Meretrício, para quem não sabe, é uma área afastada nas pequenas cidades, onde as casas são sinalizadas por uma lâmpada vermelha que indica sua função e destino. As moças se entreolharam e quase instintivamente desejaram tirar uma com o capiau. A mais ousada perguntou, mas o que o senhor procura... hein moço? Ele simples e direto: mulher.
Elas se entreolharam, e a mais ousada disse se o senhor nos pagar o cinema nós lhe fazemos companhia. Ele olhou e comentou: cinco? Demais para mim. Todos riram.
A líder do grupo, ligeira, emendou: não depois do cinema o senhor escolhe uma. Ele refletiu e respondeu: Então tá.
Foram ao cinema. Ele comprou e pagou seis ingressos. O homem ria desmedidamente, uma risada franca e desinibida, mas totalmente desproporcionada à graça da cena. Elas riam dele. A situação se tornou tão engraçada que contagiou todo o cinema. Ao sair as pessoas estavam tão felizes, coradas e radiantes que quem aguardava na fila para a próxima seção imaginou ser um ótimo filme o que não era verdade.
La fora ele perguntou: Vocês não querem comer algo? Elas escolheram o restaurante, ele pagou o taxi e o jantar. Parecia não ter fundo aquele bolso. O homem era tão simples que se tornava engraçado. Bebeu e bebeu muito, e deixou beber. Em momento nenhum foi leviano, imoral, grosseiro. Tinha aquela sabedoria simples que compara quase tudo ao comportamento dos animais e plantas. Terminado o jantar ele propôs: Não há um lugar para dançar? Elas escolheram o lugar. Ele novamente custeou tudo. Dançaram, e o homem era um pé de valsa, desengonçado, mas alegre, ligeiro, instintivo, gozador. Quase se acabaram de rir e se divertir. Mas a madrugada veio e chegou à hora de partir. Saíram. Ele pediu para chamarem dois taxis. Nessa altura três das moças já estavam simpatizando com o cara. Uma fazia mesmo questão de estar o tempo todo de mãos dadas com ele. Os taxis chegaram.
Ele respeitosamente deu um beijo na face de cada uma e agradeceu a companhia. A mais ousada perguntou? Você não vai escolher? Respondeu ele: Para quê? E emendou: já bebi, dancei o que gosto muito, ri e me diverti, comi bem, contei meus causos, ouvi os vossos, tive a companhia agradável de vocês, agora vou para o hotel dormir. A líder perguntou, mas é isso que você faz na ZONA? Sim é, respondeu. Elas uníssonas: Eéeeeeeeeeeeeeee! Não acredito.
Ele sem dar bola para a surpresa delas disse: eu não sei quanto vai custar o taxi de vocês, então, essa corrida vocês pagam tá bom? Elas responderam: fazer o que? Ele meteu a mão naquele bolso que parecia não ter fundo e de lá tirou um punhado de cartões. Deu um para cada uma. O homem era administrador de uma fazenda no interior.
Embarcaram, cada qual para seu lado.
Uma das moças não se deu por vencida, telefonou para o seu celular. Ele educadamente disse que estava exausto e que ela ligasse outro dia. Começaram uma amizade que já dura um ano. Em 23 de Outubro de 2011 vão se casar.
Inacreditável.

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