Ai está, um texto indignado, viceral, lúcido e prudente.
Gostei,
Geraldo Azegna
Creio na
comunhão dos Santos
“Quando ouço que tantos Cristãos no mundo sofrem, sou indiferente ou é
como se sofresse um membro da minha família?” Essa pergunta ecoa com ainda
mais força por ter sido proferida pelo Papa Francisco na Praça de São Pedro, perante
milhares de fiéis, neste 25 de setembro.
Nos últimos tempos é raro o dia
em que não há notícias de ataques contra cristãos, contra seus interesses, suas
casas, famílias e comunidades ‒ e a via por onde tomamos conhecimento desses
fatos quase sempre não é a grande mídia.
Notícias da brutal perseguição
que padecem os cristãos no Paquistão pelos terroristas vindos da Arábia
Saudita, com episódios particularmente sanguinários como o ataque suicida na
Igreja de Todos os Santos, em Peshawar, no último 22 de setembro, que matou
cerca de 100 pessoas, deixando o dobro de feridos. Notícias da perseguição dos
cristãos no Egito, obrigados a fugir, deixando para trás suas casas saqueadas e
reduzidas a cinzas pelos jihadistas ‒ que confundem a política norte americana
e o ocidente com o Cristianismo. Nesse país, vários mosteiros e templos com
séculos de história engrossam a lista dos imóveis reduzidos a escombros. Pelo
menos 43 igrejas foram completamente destruídas. Dentre elas, recentemente, uma
igreja copta do século IV, dedicada a Nossa Senhora e que estava à espera de
ser declarada patrimônio mundial pela UNESCO. Notícias da Síria, como o
assassinato de Yohannes, um cristão da comunidade armênia, no caminho a Aleppo,
pelos terroristas, que ao revistá-lo descobriram que levava uma cruz sobre o
peito: contra ela dispararam ‒ assassinando-o.
No entanto, a guerra global
contra os cristãos segue sendo a notícia jamais contada, em pleno século XXI ‒
tempos de fluxo imediato de informação. Porque, afinal, o que sabemos da
violenta perseguição que sofrem atualmente os cristãos na Coreia do Norte?
Arábia Saudita? Afeganistão? Nigéria? O que sabemos da Igreja que vive
escondida no Iraque, na Somália, Maldivas, Mali, Irã, Eritreia, Iêmen, Índia, Síria,
China (onde pelo menos 40 bispos católicos estão presos ou desaparecidos)?
Acaso tivemos conhecimento dos anos de terror no Camboja? Em 1970, nesse país os
católicos eram 65 mil. Depois do massacre liderado por Pol Pot, só restaram
cerca de mil. Não sobrevivendo ao extermínio dos Khmers Vermelhos nenhum dos
sacerdotes e religiosas cambojanos.
O presidente do Pontifício
Conselho para o diálogo inter-religioso, Cardeal Tauran, no último dia do
encontro internacional que celebrou os 50 anos da encíclica Pacem in Terris (do Papa João XXIII - em
breve Santo), no dia 4 do mês passado, em Roma, reafirmou o clima de
perseguição aos cristãos em todo o mundo, declarando os cristãos como “a
minoria mais perseguida no mundo por causa da sua fé”. A Sociedade
Internacional para os Direitos Humanos (ISHR), um observatório não confessional
com sede na Alemanha, afirma que 80% dos atos de discriminação religiosa no
mundo de hoje se dirigem aos cristãos. Segundo dados do Center for the Study of Global Christianity, mais de 100 mil cristãos
são assassinados por ano na chamada "situação de testemunho" nas
últimas décadas. “A cada 5 minutos um cristão é assassinado”, afirmou em
Budapeste o conceituado sociólogo Massimo Introvigne em sua intervenção na
Conferência Internacional sobre o Diálogo Inter-Religioso, promovida pela
presidência húngara da União Europeia. Isso significa que 12 cristãos são assassinados
por hora, nos 7 dias da semana e nos 365 dias do ano, em algum lugar do mundo,
por razões relacionadas à sua fé.
Tempo dos Mártires
A Igreja, Corpo Místico de
Cristo, sempre foi e será perseguida. Ao longo dos dois mil anos, como Esposa,
segue, na via crucis, a Cristo, o
Primeiro Perseguido. Porém, nestes dois últimos séculos vivemos um tempo de
perseguição como em nenhum outro da história. Tal fato é confirmado também
pelos três últimos papas. Na celebração do Jubileu do Ano 2000, o Papa João
Paulo II afirmou que o número de mártires do século XX superou o de todos os
mártires dos dezenove séculos anteriores.
Olhando, portanto, para a
realidade dos cristãos no extremo oposto do planeta, nos cabe o questionamento:
qual é, por exemplo, o preço em ser cristão na Síria? E qual é o preço em o ser
no Brasil?
É certo que no nosso país a
perseguição ainda não é "violenta e brutal", mas aqui, assim como na
Europa, a situação não é muito melhor. Aqui a perseguição acontece com uma secreta
violência muito mais diabólica de quem trabalha para manipular as consciências
e para persuadir-nos a nos acreditarmos culpados, dando razão a eles ‒ os
perseguidores. É uma perseguição dissimulada que facilmente nos induz a negarmos
a nossa fé; que em nome da tolerância e do respeito, a verdade seja calada,
escondida; que a religião seja restringida à esfera do privado. É por isso que retiram
os crucifixos dos repartimentos públicos como se fossem veículos de indevido e
culpável proselitismo. Em substância, embora não em forma, isso é equivalente a
uma reivindicação de extrema violência ‒ aquela de erradicar as raízes cristãs
que alimentam o povo brasileiro, de fazer com que o nossa sociedade seja
descristianizada. Os cristãos são acusados de cultivar valores que não são os
“valores da moda”; sofrem discriminação no ambiente acadêmico; se não
impedidos, muitas vezes são prejudicados no crescimento profissional;
experimentam a intolerância e a arrogância com que se impõem comunistas, feministas
e gayzistas que, apresentando-se como faróis de liberdade no mundo moderno, promovem
leis contrárias à vida.
Quereis ajudar-nos?
“Mostrai a vossa fé e sejais unidos”, assim responde Monsenhor Nona,
arcebispo de Mosul, Iraque, na sua carta aos cristãos do ocidente. “Aquele que quiser fazer algo: faça um
esforço por viver abertamente a sua fé de uma forma mais profunda, abraçando a
vivência da fé na prática cotidiana”.
A fé cristã não é abstrata, não é
uma teoria racional, distante do presente e da vida, mas algo a ser descoberto
no seu significado mais profundo, na sua expressão mais alta, ou seja, como
revelação da Encarnação. De fato, é somente no relacionamento com a pessoa de
Cristo que se pode viver nas condições mais terríveis. Escreve Monsenhor Nona:
“apenas quando a pessoa descobre essa possibilidade será capaz de suportar
qualquer prova e vai fazer de tudo para proteger essa descoberta, mesmo que
isso significasse morrer por isso”. “Para
nós, cristãos perseguidos no Iraque, o maior presente é saber que podemos
ajudar a outros a viverem a sua fé com mais vigor, alegria, confiança e
fidelidade”. “Vocês são a nossa voz”,
escreve o arcebispo, mas “a melhor coisa
que vocês podem fazer para responder à nossa situação é redescobrir e trabalhar
pela unidade ‒ pessoal e comunitária”.
No dia 13 de outubro em
Tarragona, Espanha, foram proclamados beatos 522 mártires, assassinados por
ódio à fé durante a guerra civil espanhola, ocorrida nos anos 30 do século
passado, e nesse dia o Papa Francisco exortou-nos a pedir a intercessão dos
mártires para não sermos cristãos medíocres. Portanto peçamos a eles e à Virgem
Santíssima, Rainha dos Mártires, que nos ajudem a imitá-los. Sempre temos que morrer um pouco para sair
de nós mesmos, dos nossos egoísmos, do nosso bem-estar, da nossa preguiça, das
nossas tristezas. Imitar os mártires significa colocar Deus em primeiro lugar, superando a tentação de
instrumentalizá-Lo, de fechar-se na busca do próprio êxito, prestígio, posição;
significa permitir que o Evangelho nos guie e transforme; significa deixar de pensar
que somos nós os únicos construtores da nossa existência, reconhecendo que
somos criaturas, que dependemos de Deus, de seu amor, e que, sobretudo,
perdendo a nossa vida Nele, podemos ganhá-la. Desse modo nos abrimos ao Amor
Misericordioso de Cristo que nos leva aos outros, especialmente aos que mais
necessitam, apresentando a eles, mais do que com as palavras, com o testemunho
concreto da nossa vida, a Misericórdia Divina.
ac
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