Rodovias e o Estado Soberano.
No artigo primeiro da Constituição Federal, no inciso
primeiro, lemos os fundamentos do Estado Brasileiro. O primeiro fundamento é a
Soberania.
Soberania é criteriosamente o poder soberano, a autoridade
suprema. È o poder que dispõem o Estado de exercer o comando sem submissão,
seja do poder econômico, seja de outro Estado. O poder soberano do Estado, para
exercer o governo e a autoridade suprema, não pode se submeter, no âmbito da
nação, a outro poder que lhe seja superior. Todavia nossa constituição reza que
todo o poder emana do povo e em seu nome será exercido, assim sendo, somente o
interesse do povo submete o Estado.
O conceito de rodovia é bem moderno, e acompanha o
surgimento dos veículos a motor, ou seja, é conceito que se desenvolveu nos
últimos 100 anos. O poder público, com dinheiro publico, desenvolveu os
caminhos, de modo a que a indústria automobilística se desenvolvesse. Sem
caminhos adequados, ou seja, rodovias não vingariam a indústria
automobilística. Assim o dinheiro de todos, financiou os caminhos para a indústria
privada, e os veículos permitiram a circulação de pessoas e mercadorias ou
riquezas, fomentando o comercio geral. Os caminhos rodoviários e ferroviários,
assim como as vias aéreas e marítimas, são dentro de um país, algo que se assemelham
as veias e artérias em um corpo vivo, oxigena e transporta o necessário para a
manutenção das células. No caso de um país, as células são as famílias, unidade
social natural de onde emana o poder do Estado.
Quando ocorre uma guerra, a primeira providência do agressor
é bombardear os caminhos, as pontes, as ferrovias, e dificultar os caminhos
aéreos e marítimos, de modo que as tropas, os gêneros, as munições e o povo não
possam circular livremente. Daí já se percebe a importância de que os caminhos
sejam livres e públicos, pois não podem estar sujeitos a outro interesse se não
os interesses do desenvolvimento e liberdade de todos de circular em solo
pátrio com liberdade.
Muito bem, por um motivo qualquer, construído politicamente
por grandes Lobbies, privatizaram os caminhos por concessão de serviço publico,
penalizando a população com a bi, ou poli tributação, pois já existiam impostos
destinados para a construção e manutenção dos meios de comunicação, aéreos,
terrestres e marítimos. Se por um motivo qualquer houvesse uma necessidade
imperiosa do estado de taxar diretamente o uso de estradas e rodovias, essas
taxas haveriam de ser publicas, pois a garantia da liberdade de transito do
povo é dever do Estado. Se houvesse na arrecadação excedente entre o arrecadado
e o gasto, o Estado teria então liberdade para destiná-los ao que melhor
julgasse necessário, pois se trata de dinheiro publico.
As concessionárias, abusam, reclamam das tarifas, mas não
entregam o negócio. Isso por si só já demonstra os seus lucros. Enquanto em
algumas rodovias se paga um Real em 50 quilômetros, noutras se paga nos mesmo
50 quilômetros 10 ou mais Reais, mostrando que não há ou houve bom senso nas
concessões. Somente isso já é matéria para se colocar o interesse publico em
questão. Ora O Estado é a poder concedente, e deve preservar sobre o concedido
a sua soberania, a sua liberdade e a sua insubmissão. O poder do Estado vem do
povo, o que nos mostra insofismavelmente que o interesse público é soberano e
esta muito acima do poder do Estado concedente, e infinitamente acima do poder
da concessionária. A coisa é simples e clara. Contrariada a economia popular, a
concessão de serviço público deverá ser cancelada, pois foi em favor do povo, e
somente nesse sentido, ela poderia ter sido concedida. Nenhum outro motivo pode
justificá-la. No Paraná, o Governo do Estado procurou cancelar essas
concessões. Foi frustrado permanecendo as concessões contra o interesse
publico. Alegavam-se indenizações por capitais privados que nunca foram
aplicados, pois o próprio poder concedente financiou, ou permitiu através de
contrato que o concessionário arrecadasse antes de aplicar em melhorias. O que
isso prova aos olhos de qualquer ginasiano. O poder público perdeu soberania
sobre as rodovias. Ou seja, o Interesse público foi aviltado, e o Poder público
diminuído na sua autoridade. Se fosse uma guerra estaríamos vendo que o estado
estaria sendo submetido a interesse econômico de esfera privada, o que retira
nas mais diversas esferas o poder do Estado de regular, governar e decidir.
Não preciso me alongar em provar que o Estado esta perdendo
a autoridade na defesa dos interesses do povo, o que é o mesmo do que dizer que
o povo, de onde emana todo o poder esta perdendo soberania, o que resulta em
perda de licita liberdade.
Estamos diante de um impasse. No entanto, os candidatos a presidência
sequer ventilam essas questões. Bi-tributação ou poli-tributação do Pedágio,
Pedágio Público, perda de soberania sobre as rodovias, entrega de patrimônio
publico construído com o trabalho e dinheiro de todos, para exploração privada
abusiva; omissão do Estado e fraqueza do Estado em rever a sua concessão. E porque
isso acontece, porque os candidatos e partidos tem suas campanhas financiadas
por essas concessionárias, que facilitam a magia, transformar um dinheiro
publico em privado, e esse dinheiro de todos financia a corrupção política.
No Paraná tentamos, embora eu às vezes ache que cooptamos,
pois perdemos prazos, os argumentos foram levianos, e eu pessoalmente acredito
que todos os deputados, direta ou indiretamente mamaram nessa teta bilionária.
Com sucesso, ou com insucesso, somente um homem público
lutou e se posicionou contra o pedágio, a favor da manutenção das rodovias sob
a soberania estatal para a segurança nacional e liberdade do povo. Somente o
governo do Paraná tentou as estradas alternativas não pedagiadas. Ou seja,
adquiriu força, diante da pressão econômica sobre os preços das tarifas e
fretes que o pedágio criminosamente desenvolveu contra o interesse da economia
popular. O que vemos no país, a cada dia mais, é o poder financeiro,
sobrepor-se ao poder do Estado, o que é o mesmo que dizer que o interesse das
elites se sobrepõe ao poder que emana do
povo brasileiro.
wallacereq@gmail.com
( arquivo)
Hoje temos 11 Blogs, alguns podem ser acessados diretamente nessa página, clicando onde esta escrito, ACESSE CLICANDO ABAIXO, logo depois do Perfil, na margem esquerda. Muito obrigado pela visita.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Faça seu comentário. Obrigado pela visita.