A Ecologia
Cristã. (Texto de Wallace Requião de Mello e Silva publicado pelo “O Estado do
Paraná” em 10 de Março de 1991).
A ecologia cristã difere muito da ecologia neopagã. A
ecologia neopagã supõe uma onipotência da matéria e da natureza, diferentemente
da ecologia cristã que pressupõe a existência de Deus. Deus que é o criador de
todas as coisas vivas e de toda a matéria, não se confunde com sua criação, com
as coisas criadas, e é capaz de criar tudo novamente e tudo retirar do nada.
Por outro lado, os ecologistas neopagãos, acreditam que o
homem é capaz de destruir toda a natureza, ou conservá-la ao seu bel prazer,
argumento falso e ingênuo, que despreza a realidade cósmica onde estamos
inseridos. A natureza cósmica é imensa e
o homem ínfimo. Quando nos detemos a contemplar as relações dos seres vivos com
seu meio ambiente, percebemos de imediato a fragilidade do argumento neopagão.
Por exemplo: estiveram ao sabor da vontade humana as glaciações? Estão ao sabor
da vontade humana os desvios da eclíptica? Os movimentos dos planetas, as
manchas solares e suas conseqüências, os terremotos, maremotos e os vulcões que
mudaram muitas vezes a face do planeta... e, ou, a assustadora extinção das
espécies que dizem ter existido antes do surgimento dos homens? É claro que
não.
A ecologia cristã
admite um meio ambiente exterior e imediato ao homem, onde predomina e impera a
onipotência de Deus, e um meio interior, onde impera a inteligência, à vontade
e o livre arbítrio do homem. A ecologia cristã admite que Deus tenha vontade
sobre o homem e sobre todas as coisas criadas, mas que ao mesmo tempo respeita
a liberdade que ele mesmo deu ao homem. É essa liberdade de escolha que difere
os homens dos animais.
No entanto o ecologista cristão sabe que a vontade de Deus
sobre a criação não é algo velado e subjetivo, mas sim é expressão clara e
objetiva. Chamamos a essa minuciosa expressão da vontade divina de Ecologia
Revelada, ou melhor, ecologia deduzida da revelação divina. Assim o ecologista
cristão ao admitir a ação do homem sobre o meio ambiente exterior reconhece que
essa ação é sempre precedida de uma ação interior, uma ação ou omissão da alma.
O ecologista cristão ao isolar o homem dos outros seres
vivos pela liberdade de escolha, sua máxima característica, admite a moralidade
de todo o ato humano, ou seja, se o ato não é moral, não é humano, e os
teólogos o diferenciam dos atos do homem, atos vitais do homem enquanto ser
vivo. Posto isso a ecologia cristã é essencialmente moral, espiritual, e visa
restabelecer a ordem e harmonia do interior humano. Este fenômeno de harmonia
interior é que se refletirá no meio ambiente exterior (imediato e ao alcance do
homem). Tudo submetido aos desígnios de Deus.
Dessa forma e diante dessa linha moral é que se percebe, por
exemplo, que de nada adiantará a proteção às baleias se aqueles que as defendem
são favoráveis ao aborto. Acho que é patente a contradição.
Podemos afirmar que não haverá movimento ecológico
verdadeiro e eficiente se o militante não acreditar, e perceber que existe uma
vontade perfeita sobre todas as coisas e sobre todas as criaturas, e no caso
humano essa vontade perfeita nos fez e exige que sejamos morais. Pois vista
unicamente seguindo uma ótica materialista a matéria em constante transformação
destruirá a si mesma para galgar novas formas, portanto, não haveria o que
preservar e o homem por sua vez, viverá apenas para ser instrumento de
destruição da matéria sobre si mesma. Chamam os neopagãos (materialistas) a
este processo de evolução e acidentalidade da matéria... Tolice.
Os ecologistas cristãos sabem e pregam que a vontade
perfeita, divina, necessária para a formulação do conceito de harmonia é
revelada e confirmada em
Jesus Cristo de uma maneira clara, normatizando e preservando
a harmonia interior do homem e deste modo regulando todas as suas relações com
os outros homens e deles para com todo o universo criado em Deus. (quando digo
em Deus, não digo dentro de Deus, que é panteísmo, digo em Deus, segundo as
normas de Deus)
O conceito de crime ecológico nada mais é que a ação
criminosa (imoral) do homem, grupo de homens ou de toda a sociedade sobre o
meio que lhe circunda, pois põe em risco a vida, e preservar a vida é ato
moral. Sendo ação humana muitas vezes consciente e livre realiza uma ação
interior, uma ação moral. Portanto a ação que resulta em crime ecológico é uma
ação moral, pois se não fosse moral não haveria crime. (um animal não comete
crime ambiental). Assim sendo, o conceito de crime ecológico é inferior e está
contido no conceito de crime, pois o primeiro antecede o segundo e é a sua
causa. Muito diferente é o conceito de acidente ecológico que é sempre um
acontecimento fortuito, infeliz, lamentável. Assim entendido, ambos os
conceitos citados acima estão contidos no conceito cristão de pecado. O pecado,
sob a ótica do Direito, e da Teologia, é enquanto ofensa a vontade de Deus (Sagradas
Escrituras e Mandamentos) é, num só tempo, lesão a harmonia e lesão aos
direitos de outrem, e por conseqüência causando perturbação grave na ordem do
ambiente moral, social e físico no entorno do homem, pode ser entendido como
crime ecológico, tanto pela ótica da revelação como pela ótica da lei natural. Concluímos,
portanto que não haverá verdadeiro espírito ecológico enquanto houver
perseverança no pecado, seja essa perseverança individual ou coletiva.
Se compreendermos perfeitamente essa relação, poderemos então concluir a titulo de exemplo, que não há
ecologia onde houver homicídio (pecado contra á vida), onde houver
homossexualismo (pecado contra a natureza), onde houver aborto (pecado contra a
natureza e a espécie), onde houver anticoncepção (pecado de soberba que supõe
ao homem a capacidade de previsão do futuro), onde houver divórcio (pecado
contra a base das relações sociais, a família, contra os filhos e sua educação,
portanto ofensa a estabilidade das relações sociais e da função da
paternidade), onde impera a ideologia materialista (que nega a moral humana e a
coloca numa ética transitória) onde houver usura e o desrespeito a propriedade.
Não haverá ecologia onde não houver amor e temor de Deus, onde houver
licenciosidade das relações sociais e, portanto sexuais, onde houver
intemperança, ganância orgulho.
Entendemos facilmente que a ecologia cristã se fundamenta no
amor e temor de Deus e no ódio ao pecado. Ecologia Cristã se fundamenta nos
mandamentos de Jesus Cristo Nosso Senhor e rende-se diante da onipotência
divina. Concluindo: enquanto os neopagãos pregam o serviço do homem à natureza,
os ecologistas cristãos pregam e reconhecem a subordinação da natureza criada
ao homem em Deus. A natureza desordenada pelo pecado original precisa ser
reordenada pela livre adesão do homem aos Mandamentos de Deus.
Wallace Requião de Mello e Silva
Grupo 23 de
Outubro.
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