Reforma Agrária em andamento eterno.
O que quero dizer com esse título incomum?
Quando falamos em reforma, falamos em nova forma. No caso
agrário, estamos falando numa nova forma agrária. Mas forma, é figura, pode-se
dizer geométrica do solo. Assim, se observarmos o planeta terra, ele vem num
movimento continuo se reformando nas suas fronteiras políticas, o que ao fim e
ao cabo, é uma reformulação dos espaços físicos sobre o solo. Por isso eu a
chamei de “Reforma Eterna”.
No caso do Brasil, para que você melhor entenda, imagine que
o solo nacional é uma cama coberta com uma colcha de retalhos. As primeiras
divisões políticas denunciam os limites dos estados federados, depois vêm às
divisões privadas (retalhos privados) que denunciam, a nosso ver, os diversos
limites das propriedades privadas. Ora, se fosse possível pintar e observar
dinamicamente o crescimento das grandes propriedades, a área que vem sendo
tomada pelas cooperativas e pelo agro negocio internacional, veríamos que a
cada momento esta em andamento uma reforma (uma nova forma) das áreas agrárias
do Brasil, com um avanço das monoculturas de exportação, assim como o
desenvolvimento do abate de madeira e pecuária com a conseqüente expulsão dos
homens do campo para as cidades, e a falência ou extinção de pequenas
propriedades que se tornam propositada e estrategicamente inviáveis. Com isso o
uso do solo vai se concentrando, e as populações rurais vão se acumulando em um
canto, como quem varre o pó sobre um tapete. Imensas regiões desabitadas, e imensas
aglomerações humanas em desordem.
Esse acúmulo de
pessoas em cidades, não é atendido pelos lucros de exportação, pois em nosso
país não há verdadeira e racional redistribuição de rendas. Assim vemos que há
em andamento uma constante reforma agrária levada em curso pelo grande capital
excludente das pessoas naturais que são ao fim e ao cabo os donos históricos do
território, território conquistado gradativamente pela marca da facilitação dos
financiamentos para os grandes capitais e propriedades e negligencia total aos
pequenos produtores. O que vemos e assistimos nessa animação imaginativa da
colcha de retalhos, é uma nova forma agrária dos ricos, (agora financiados por
grupos estrangeiros) com expulsão e inviabilização dos pequenos proprietários
da terra. As grandes aglomerações
urbanas já foram exaustivamente estudadas por urbanistas desde o tempo do
filosofo Aristóteles que condenava cidades com mais de dez mil habitantes. Faça
uma experiência, crie galinhas, gado, coelhos, ou pássaros em exíguo espaço e
aparecem os defeitos da estratégia. Bem, qualquer pessoa de bom senso estará
observando as anomalias que se produz com as grandes aglomerações humanas, onde
os homens se tornam vorazes concorrentes e inimigos uns dos outros, com a
massificação do desejo de consumo sem possibilidade de obtê-lo, ou exercitá-lo,
enquanto o território vai sendo ocupado pela REFORMA AGRARIA DE DIREITA. As
policias substituem o exercito, pois o inimigo agora é interno, os pobres são
inimigos dos ricos disputando a vida, enquanto imensos tratores e maquinas,
cavam o solo, colhem os grãos, para alimentar nações distantes e financistas,
omissos aos interesses das gentes da nossa terra.
O IPARDES ao divulgar seu ultimo relatório, fez alusão a um
fato significativo, a maioria dos empregos foi gerada no Paraná pelas pequenas
cidades. Isso é indicativo de que há uma contra reforma agrária, mais popular,
fazendo resistência ao progresso dessas imensas áreas de agricultura para
exportação. Uma reforma que garante o uso e posse do solo por brasileiros.
Quando o governo em
nosso estado ofertou o fundo de aval, mecanizou pequenas propriedades, deu
infra-estrutura de escoamento para a produção, fomentou a agregação de valor
pela industrialização familiar aos produtos primários, fez uma contra reforma
agrária mais a “direita”, mais prudente e esperta, e formou uma parede de
resistência a migração forçada às populações rurais, empurradas sem escolha para
a cidade. Então estamos vendo e testemunhado que há uma resistência pacifica e
popular, uma reforma agrária, ou contra reforma agrária resistindo ao grande
capital e a expulsão das populações campesinas. Pela primeira vez o IPARDES
confirma em documento que é possível sim, uma inversão do sentido das
migrações, ofertando nas pequenas cidades melhores condições de vida e no campo
melhores condições de produção e comercialização.
Isso também se deve ao
esforço do governo junto às prefeituras em ofertar o mínimo de infra-estrutura
urbana e equipamentos que garantam vida mais assistida nesses municípios
periféricos das grandes aglomerações urbanas ao mesmo tempo em que fomenta a
fixação das populações rurais. As
grandes redes de distribuição de energia e comunicação, poderão sim dar
melhores condições de vida e educação aos campesinos. Os pequenos retalhos da
colcha se tornarão mais harmônicos nas cores e na natureza dos tecidos,
fazendo, ou formando um padrão, um estampado, um mosaico social e produtivo
mais justo, mais humano, mas solidário, mais brasileiro.
Quando você compra um produto familiar em uma gôndola de
supermercado, ou na feira, você esta ajudando a viabilizar a resistência, você
estará financiado a contra reforma agrária do grande capital, você esta
garantindo a liberdade de uso do solo nacional pelo seu povo histórico, e dando
ao Brasil possibilidade de fomentar o mercado interno, com a melhoria de todos
que estarão vivendo em espaços amplos, (você está garantindo outra densidade
populacional) sem pressões de diversas ordens, e preservando a saúde da Vida Social.
O modelo adotado pelo Paraná ainda não é perfeito, mas tem incrementado tanto a
produção para exportação como a produção de mercadorias essenciais para a
manutenção da vida e saúde dos brasileiros. O Brasil, no Paraná começa a
despertar para o consumo interno, um mercado interno vitalizado pela
redistribuição da renda, um Paraná para paranaenses, um Brasil para
brasileiros.
Em 2003 exportávamos algo em torno de quatro bilhões de
dólares, hoje em final de 2007, exportamos 11,8 bilhões de dólares, com um
aumento considerável em quatro anos, sem, todavia descuidar da defesa do “cinturão
de defesa” formado pelos pequenos agricultores que são a maioria no Paraná.
Resta ainda que esses bilhões de dólares sejam comercializados por paranaenses
e amantes do Brasil por uma Bolsa de Mercadorias e Futuros paranaense. O ideal é
ainda incrementar mais as médias e pequenas propriedades e a restauração de um
Banco Estadual. Houve significativo incremento na produção dessas pequenas
propriedades, sobre modo nas medias, e isso também é reforma agrária, sem
abuso, violência, ou invasão. A equalização da densidade demográfica das
regiões do Paraná e Brasil é a garantia da Saúde Social do Brasil.
Isso não quer dizer
que estão fora de legitimidade, os movimentos que defendem outra espécie de
agricultores, aqueles que desde muito foram condenados a uma ausência total de
domínio do que é seu, pois sem reivindicação trabalhista no campo, nem preparo
para a vida urbana, e sem o pleno direito do exercício de soberania sobre a sua
produção agrícola, ou retalho da terra que lhes coube, os sem terra, cuja
profissão insofismavelmente esta ligada aos destinos da terra em produção
padecem.
Entenda-se, leitor, que se não fazemos uma contra reforma
agrária, dando colorido à nossa colcha de retalhos, logo, os capitais de
fomento aos bens de exportação estarão assumindo grandes porções do território
nacional, e nossa nação será “tesourada” na sua atual forma histórica, com
perda de territórios, numa reforma agrária universal, que esta formando unidades
econômicas em detrimento das soberanias nacionais, chamadas de blocos
econômicos. Se não reagirmos, defendendo os homens da terra, o espaço
territorial brasileiro será tomado, vendido quiçá, para interesses que nunca
foram os nossos. E o nosso interesse é uma sociedade brasileira mais justa,
livre e solidaria, e soberana no território histórico do Brasil.
Além disso, por debaixo da colcha de retalhos que o grande
capital vem colorindo de uma única cor, existe o colchão, isto é, abaixo do
solo agriculturável existe o subsolo, rico e inexplorado e pertencente à União.
Ora, quando grandes áreas contínuas de território brasileiro estiverem nas mãos
de grupos estrangeiros, eles partirão para a exploração do colchão, o subsolo,
sem possibilidade de reação dos brasileiros, que estão sendo desarmados,
desmobilizados, iludidos e aglutinados doentiamente nas periferias pobres das
cidades, e desprotegidos do exercito brasileiro que está sobrevivendo como se
fora ele, algo alheio aos interesses das autoridades brasileiras, pois está sendo
também desarmado, desmobilizado. Aglutinados nas periferias pobres das cidades,
e desprotegidos, sucumbem os donos históricos da terra, o povo brasileiro. Eu vaticino
senhores, defendam com unhas e dentes os homens do campo, pois essa é a
revolução civil, silenciosa, não violenta, que garantirá nossa soberania
territorial e nosso subsolo, promessa universal de uma nação forte, hegemônica,
capaz de protagonismo histórico. Homens ricos e empreendedores acordem para
essa necessidade, transformem propriedades subutilizadas em projetos e
empreendimento de redistribuição demográfica e renda. O Brasil tem hoje todas
as condições de produzir todos os bens de consumo e produção suficiente para
desenvolver uma sociedade equilibrada e moderna, até mesmo no campo da
informática com ajuda da Índia, ou no campo das energias limpas e renováveis,
assim o Brasil pode alçar vôo. O nosso colchão é rico, possível e viável.
Acorde gigante adormecido em berço esplêndido. Não subestime o nosso povo
sonolento, apenas comente entre vocês, alertem, pois o brasileiro, por uma predileção
de Deus ama a sua pátria visceralmente, e reagirá com a esperteza e
determinação de sempre.
G Wallace Requião de
Mello e Silva.
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