Estou me tornado um patagão.

Estou me tornando um patagão.
Não sei se é pela vontade de conhecer a Patagônia, terra original dos patagões (ameríndios dos pés grandes) ou se estou vitimado por uma acromegalia, doença que faz crescer as extremidades. Ou ainda, se desenvolvo uma artrose nas juntas dos pés, mas a verdade é que eu que sempre calcei 42, hoje já me apertam os sapatos quarenta e quatro. Doem-me principalmente as pontas dos dedães. Mas deixa para lá, pois o assunto é outro.
Se vocês pararem para pensar, durante milênios os pés tinham para o homem um valor enorme. Andava-se, se corria, lutava-se e amava-se segundo a saúde dos pés. Quando lemos as Escrituras, vemos quanta importância se dava aos pés. Ao chegar a uma casa era sinal de hospitalidade oferecer água e óleo para untar os pés. Você pode imaginar o que era andar centenas de quilômetros á pé entre pedregulhos, em que estado chegavam os pés, feridos rotos sujos, doídos. Maria Madalena ( mulher de Magdala) lava os pés de Jesus com lagrimas e os enxuga com seus cabelos. Jesus lava os pés dos apóstolos como sinal de serviço e acolhida. Inúmeras expressões Bíblicas fazem referência aos pés: que os teus pés não se apressem para o pecado; bendito os pés que te trouxeram a essa casa, etc. etc. Na verdade os pés são a base motora e sensitiva que proporcionam o equilíbrio humano e o dom de caminhar, não no sentido da cóclea ou do cerebelo, mas no sentido do contacto constante com o solo e as asperezas do caminho. “Veja por onde pisas irmão” é outra das expressões bíblicas, esta com mensagem moral. Os orientais; quase todos os povos do oriente dão muita atenção aos pés, mesmo atenção médica, e existe uma complexa, diríamos, anamnese dos pés, assim como técnicas de massagem para cura e conforto de diversos órgãos do corpo. Ora, grosseiramente, podemos dizer que o ato de caminhar é ao mesmo tempo locomoção e estimulação de diversos órgãos araves dos pés, assim como. hoje se sabe. os músculos das pernas fazem também o papel de uma bomba auxiliar do coração no retorno do sangue. Os pés entre os hindus, chineses e japoneses têm forte apelo sensual, e há mesmo em todas as sociedades resquícios desse apego pelos pés em forma de Fetiches (feitiços, encantos) dos pés. Mas foi provavelmente a partir do momento que o homem passou a montar animais é que a bunda (monte duas horas para ver) passou a ter nas culturas montadas, certa importância e relevância. A sociedade do automóvel e motocicletas centrou na bunda a mesma importância que se tinha e se dava para os pés, a bunda é o meio de contacto social dos homens e mulheres modernos, e os homens e mulheres caminham , correm, viajam, hoje, incrível, com a bunda, sobre a bunda. Ora, sente-se o mundo em movimento mais com a bunda que com os pés (ao menos simbolicamente). Logo, logo, ofereceremos óleo e água para nosso hospedes lavarem e ungirem a bunda, e há mesmo os que querem cultuá-la. Dunga o éecnico da seleção, dava um tapinha na bunda de seus jogadores antes de entrarem em campo, e foi nela que eles tomaram, ou seja tomaram no rabo como se diz hoje.. Mas, afinal, aonde eu quero chegar com esses argumentos esquisitos? Em lugar algum, ou seja, em nenhum lugar especial, pois, como eu sou um pedestre inveterado, estou apenas preocupado com os meus pés que estão crescendo e são eles que me levam de cá para lá.
Se continuar assim, nada, nada, no mínimo eu poderei assumir a profissão de palhaço, não é?
Que palhaçada fazer você ler com atenção tudo isso, He, He, He. Mas que tem fundamento tem! Tratem de arrumar uma bacia com água morna e sal e um jarro com óleo, pois num repente eu apareço por ai. Então você dirá: Seja bem vindo patagão, por favor, sente-se ali... Opa, sentar não.
Índio do pé grande fica de pé. He, He, He. Ou... João Bobo ( boneco dos pés pesados) fica sempre de pé. Querem me derrubar... é?

wallacereq@gmail.com



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