Dia 23 de
Março de 2012.
Hoje é meu
aniversário.
Quero
começar esse texto com um pedido de desculpas. Circunstâncias e o agravamento
de minha perda de saúde têm me obrigado a áridas e difíceis quarentenas. Acho
que vou sendo preparado aos poucos para deixar essa “morada”. Nessa altura dos
acontecimentos espirituais já não quero possuir ninguém, muito menos ser
possuído por alguém. A passagem é um ato solitário.
Você não
entendeu?
Hoje pela
manhã na Missa das 07h 00 horas, eu fui “tomado” pela seguinte imagem. Imaginem
comigo:
Um homem
oferece um prato de comida para alguém. Esse alguém, recebe, experimenta, gosta
e imediatamente tem a atitude egoísta de olhar em volta de tal modo que mais
ninguém se sirva de seu prato. Não satisfeito estica os olhos para o interior
das panelas de tal modo a ter certeza de que nelas haja um pouco mais do que
experimentára. Não satisfeito cobiça as panelas. Cobiça também a esperteza do
cozinheiro. Cobiça a cozinha. Cobiça a casa, o carro, o boi e a mulher do próximo.
Finalmente ele quer possuir o outro e colocá-lo ao seu serviço.
Agora
substitua a expressão “prato de comida” por “algum amor” e releia o texto e
você compreenderá o que estamos fazendo com o amor. Confundimos amor com posse e cobiça.
Assim, para
que você entenda, eu quero oferecer a vida, a saúde e o amor que me resta parra
pessoas que ao receber o prato servido do pouco que posso ofertar, olhem para os
Céus e agradeçam a Deus. Pois eu não posso ofertar o que não me pertence. E a
vida, o amor e a saúde não me pertencem. Pertencem a Deus.
Assim eu não
quero mais a companhia das pessoas que tendo experimentado do pouco que pude
dar se encham de cobiça e posse, como se o pouco que pudemos ofertar com
generosidade do Pai Celeste lhes dessem direitos de posse, prisão cobiçosa e
obrigatoriedade de serviço. Algumas pessoas se recebem, um pouco de vida, amor
ou saúde já se agarram como proprietários de nossas vidas, de nosso amor ou de
nossa saúde. Tornam-se donos de nosso ser. No entanto a vida, a saúde e o amor
são gratuidades de nosso Criador. Ele nos possui e nós não o possuímos.
Compreenderam
agora o que eu quero dizer?
Como dizia
Geraldo Vandré. Se me prendem na gaiola do amor possessivo, eu escapo morto.
Pois a morte é passagem para a Vida ou... para a condenação eterna.
wallacereq@gmail.com.
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