O rio que bebe nos dois hemisférios.
Jogar ou destruir velhos livros didáticos é um crime. Não se
trata de papel velho, cheio de riscos e anotações, papel surrado, rasgado e
amassado. Trata-se muitas vezes do registro de toda uma vida de pesquisas
cientificas, matemáticas, literárias, filosóficas, históricas e religiosas do
autor. Mesmo quando encontramos defasagens nas informações ali contidas, mesmo
assim, eles são o testemunho da evolução de um pensamento qualquer. Como os
livros têm os homens como autores, eles via da regra, se deixam contaminar
pelas ideologias do momento vivido e são todos tendenciosos do momento
ideológico. Outrora ufanistas, hoje preservacionistas, amanhã entreguistas.
As idéias que trago aqui, eu encontrei em parte no livro
escolar “Geografia do Brasil” de Celso Antunes, primeiro volume, livro da
década de 60.
Se considerarmos o Equador como uma linha imaginaria que
divide o planeta em duas metades chamadas hemisférios, vemos que a convenção
que nomeia as Américas de America do Norte, do Sul e Central é totalmente fora de
critério. Pois o que esta acima do Equador no sentido de seu norte magnético
esta no hemisfério norte, e o que esta em oposição esta abaixo dessa linha,
portanto no hemisfério sul. Se esse é o critério, toda a America central e
alguns países da America do sul estão no hemisfério norte. Colômbia, Venezuela,
Guianas e metade do Equador estão no hemisfério note e seriam componentes da
America do Norte.
No caso do Brasil, Amapá, Roraima e metade do estado do
Amazonas estão sob ou acima da linha do Equador e pertencem, portanto ao
hemisfério Norte. A questão é perigosa sob o ponto de vista político.
No entanto esse criterio trás à tona uma verdade geográfica
e climática incontestável. O Grande rio Amazonas tem afluentes vindos dos dois
hemisférios, portanto sofrendo influencias climáticas diferentes o que faz
desse rio, possivelmente o único a sofres um período de duas cheias por ano. Assim
o Amazonas e sua bacia (a maior do Mundo) têm um privilegio especial. Correndo
paralelamente a linha do Equador, um pouco ao sul, ele tem, como já dissemos,
afluentes no hemisfério Sul e no Norte, isso significa que quando os primeiros
estão no verão os outros estão no inverno, fenômeno que determina o período de
chuvas. Assim em conseqüência temos o período das cheias de Fevereiro a Junho
devido aos afluentes do norte e a cheia de Outubro a Janeiro devido aos afluentes
do Sul.
Não é espetacular?
Além disso, os seus quase sete mil quilômetros de extensão
estão numa região onde ocorre um fenômeno climático chamado “Confluência Intertropical”. Nessa região
ocorre uma formação de nuvens Cúmulos Nimbus (CBs) que chegam a atingir trinta
quilômetros de altura, formação muito conhecida dos pilotos de avião. Isso
significa que sob o Grande Rio, em suspensão, existem na forma de vapor ou
granizo milhões de toneladas de água doce.
Fatos como esse é que justificam que todo ser humano dotado
de espírito cientifico ou aventureiro deseje um dia navegar por essa imensidão
de água, floresta e mistério, um rio que chega a ter em alguns trechos quase
100 quilômetros de largura e 100 metros de profundidade. O rio das grandes
serpentes, dos peixes carnívoros e dos elétricos, dos botos da cor rosa, dos
mamíferos de meia tonelada chamados de Peixes Boi, da flora exuberante e
virginal, dos remédios desconhecidos e do subsolo riquíssimo. O rio Mistério.
O Amazonas é um rio que bebe nos dois hemisférios.
wallacereq@gmail.com.
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