O Evangelho é uma escritura
inspirada?
Eu já disse e volto a
repetir, estou meio gagá, portanto como a religião é assunto serio, leia meus
textos com desconfiança.
A questão da inspiração
bíblica acompanha toda a história do povo hebreu e a história da Igreja. Mas na
verdade, embora ainda se discuta o tema, ele se refere mais propriamente ao
Velho Testamento; veja, quando falamos em Lei, falamos no Pentateuco. Quando
falamos em Velho
Testamento , falamos no Pentateuco e em todos os seus livros
satélites; e quando falamos em Novo Testamento estamos falando dos Evangelhos ou
Boa Noticia ou ainda Boa Nova.
O Novo testamento é
essencialmente um livro histórico, pois narra a vida de Jesus, seus ditos,
milagres e curas e reúne cartas e descrição da vida de seus principais
seguidores. Podemos dizer que ele é inspirado por ser testemunho das palavras e
obras do Homem Deus, mas mesmo assim é um livro histórico.
Escrito tardiamente na sua
forma cabal, e iniciado por volta dos anos 50 com as primeiras cartas, e
composto na forma sinóptica por volta do ano 80, portanto depois do Concilio de
Jerusalém, e arrematado em 90 com o Apocalipse de São João.
A pesquisa que fiz embora
superficial me mostrasse que não se conhece textos completos das anotações originais.
O fenômeno sinóptico nada tem de mais, pois sendo relato histórico narra os
fatos ordenados no tempo, como se pudéssemos reunir a narrativas da bomba de
Hiroshima narrada por cinco testemunhas idôneas. Jesus jamais pediu que se
escrevesse sobre ele; foi o desvio da realidade dos acontecimentos que
determinou a memória de Jesus em textos escritos, ou históricos; assim, o Novo
Testamento que se conhece hoje se deriva da tradução latina, feita a partir dos
textos Gregos e Hebraicos e excertos aramaicos produzidos por São Jerônimo
entre 350 DC a 420 anos de sua morte. Nessa altura a Igreja já estava bem
solidificada por todo o império Romano, e a Vulgata, tradução latina, pois o
latim era a língua oficial do Império, aparentemente se torna a responsável
pela divulgação do Evangelho no meio de uma humanidade quase por completo
analfabeta. Na verdade foi à tradição oral, que garantiu a mensagem do Messias,
entre a Morte e Ressurreição de Cristo e os mais ou menos 50 anos (a mais
antiga carta aos tessalonicenses é de 50-53) que o separam dos Evangelhos (o
primeiro o de Marcos do ano 67 e o último de João por volta do ano 90);
De nenhum modo quero diminuir
o valor dos Evangelhos, pois sendo livros históricos, não são simbólicos e
dados a interpretações e narram seguramente à aventura do Verbo Encarnado sobre
a terra.
G23
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