As Fêmeas de Deus.

No tempo do Natal uma reflexão sobre as fêmeas de Deus;

As Fêmeas de Deus.

O termo como definição biológica não se aplica perfeitamente nesse texto. Também não podemos dizer que Deus tem uma Fêmea, pois Deus não se reproduz nem evolui. Todavia, Deus escolheu uma mulher para dar a Luz a seu Filho unigênito. Nesse sentido podemos dizer que Deus escolheu uma fêmea para encarnar o Verbo e se fazer carne no meio de nós. Milhares de paginas os teólogos escreveram sobre essa mulher, e as circunstâncias e significado  de sua maternidade virginal. São muitas as conclusões, no entanto em minha alma ficou profundamente marcada a imagem de que na maternidade virginal de Maria esta impressa e expressa à mensagem de que a mulher e a humanidade se realizam na maternidade e não no prazer sexual. Todos nascem de uma fêmea, de uma mulher, independente da qualidade prazerosa do sexo. Para que você entenda melhor, siga esse exemplo: o essencial para a vida é a nutrição, no entanto nós valorizamos a culinária. Se um alimento qualquer for bem apresentado, bem industrializado, nós infelizmente comeremos merda. Trocamos o essencial, a nutrição pela culinária, que é a cultura do meio, não a essência. A maternidade é o essencial, onde se realiza a vida, nós, no entanto valorizamos o sexo, que é o meio, o caminho natural para se obtiver a maternidade. Na imagem da maternidade virginal de Maria não há nenhuma reprovação do sexo, apenas encontramos ali, sem sofismas a mensagem de que a Maternidade é a finalidade onde se realizam as mulheres e a humanidade.

Tempos atrás eu procurava entender o porquê de Deus escolher mulheres para a vida religiosa. Alguém com muita malícia poderá dizer que Deus não escolhe mulheres, mas sim a Igreja. Com essa malicia negam duas passagens da Bíblia, a escolha de Maria, e a escolha de Pedro para ser pedra fundamental da Igreja apascentando as ovelhas, conduzindo-as, escolhendo por elas o melhor, ensinado, o que de per si lhe da o direito de escolher as Fêmeas de Deus. Então eu pensava. Se Deus nos amou primeiro e não fomos nós que o escolhemos, a vocação religiosa é uma realidade. Se é uma realidade quais os critérios de escolha de Deus. São as virtudes, as misérias, o passado individual? O presente de cada um? A obra individual futura? O arrependimento? A fé? Mas se a mulher se realiza na maternidade, por qual motivo elas, as religiosas, não têm filhos nem se casam? Pois bem, hoje acho que essas mulheres escolhidas, quando correspondem com fidelidade as suas vocações, oferecem o seu sexo viável, a sua maternidade viável, para dar um testemunho diante de toda a humanidade  de que há uma espiritualidade geradora da carne, acima dos interesses da carne efêmera e passageira, uma espiritualidade que sempre existiu e sempre existirá. Ou seja, Deus não é uma invenção da carne, da mente humana, da razão, mas a carne, a mente, e a razão são criações gratuitas de Deus. Esse testemunho,das religiosas, podemos ver, em diversos momentos da história, foi o responsável pela sobrevivência do sentimento religioso e da piedade verdadeira. Assim como Deus todo poderoso se fez carne, humilhando-se a si mesmo para habitar no meio de nós, o que é um sacrifício de si, essas fêmeas de Deus, sacrificando a sua sexualidade e maternidade, elevam a carne e o espírito, na direção oposta à encarnação, pois apontam para a desencarnação, para a eternidade da alma, para a realidade espiritual de Deus, acima dos interesses da carne..

Essa a reflexão que faço nesse tempo de Natal. Vejo que Cristo desce para depois elevar-se, e elevar-se em corpo, alma e divindade. Sim a carne tem importante papel, Deus se encarnou. Papel tão importante que a Igreja nos ensina “Cremos na ressurreição da carne”.  Um dia Deus nos soprou o sopro vital, inspirou-nos na carne, se posso  assim dizer, agora expiramos na carne  esse sopro vital que esperará a ressurreição de sua carne, sua morada original, pois o ser humano é corpo e espírito, não só corpo material como os animais e coisas, nem só espírito como os anjos.

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