A inversão dos Mandamentos de Deus.
Muita gente, incluindo a minha pessoa, tem alguma dificuldade em compreender todo o alcance dos Mandamentos de Deus. A maioria imagina que os mandamentos de Deus têm uma única finalidade, a salvação da alma, e por isso, vão assim postergando qualquer cuidadosa atenção ao seu verdadeiro significado, como se eles fossem dependentes de uma dada mística, e exclusivamente voltado para os novíssimos do homem. Em outras palavras deixamos para depois a análise, o estudo e a adesão aos Mandamentos de Deus. Aguardamos à hora da adesão como se um exame de consciência de hora final fosse tudo, sem perceber que a adesão, pelo contrario, se fora gradativamente feita em todos os momentos da vida, faríamos do mundo um mundo mais justo, e de nossa caminhada individual um compromisso com a sociedade, pois, os mandamentos são também mandamentos sociais.
Escapa das pessoas a noção de que a desobediência voluntária e livre desses mandamentos, e também a omissão culposa do seu pleno conhecimento constitui-se por si só em pecado, e que o pecado não é só uma ofensa a Lei de Deus, mas também é uma ofensa ao próximo, uma fonte de injustiça Ora se o pecado ofende direitos do próximo ele é na sua raiz, um fato social, ou seja, o pecado, ou seja, como também podemos chamar a desobediência aos mandamentos é um fato capaz de levar e gerar a desordem social.
Como lesivo ao outro, é origem de injustiça. Deixamos assim, sem perceber, para depois a fonte da Justiça e vivemos falando em justiça, quando concomitantemente produzimos injustiça ao nos afastarmos da Lei de Deus.
Hoje em dia todos falam de paz, justiça, eqüidade, solidariedade, responsabilidade e consciência social, parece ser esse um discurso quase universal, e fundamentam esse desejo coletivo em inúmeras teorias sociológicas, porém sem nunca afirmar corajosamente o papel dos mandamentos de Deus na ordenação da sociedade em busca dessa paz, justiça e eqüidade desejadas. Na verdade não há nenhum sistema deontológico (teoria dos valores) que não tenha tido, como muito bem registra a história universal, algum fundamento na idéia de divindade, ou na negação dessa idéia, o que dá axiologicamente no mesmo, ambas as formas orbitam em torno e diante do homem face ao Deus, ou a idéia de Deus como querem outros. Cabe aqui, como síntese do que estou dizendo, a célebre frase de Paul Sartre “Se Deus não existe tudo é permitido”. Pode-se ver que essa aparente liberdade de ação de todos os homens, graças à ausência de Deus, não trará nem paz, nem justiça, nem eqüidade, pois esses conceitos não têm base pare existir, e como conseqüência roubar, causar injustiça, enganar, matar, são apenas valores dependentes dos hábitos sociais de uma dada sociedade, e em determinado tempo, e já não serão valores negativos amanhã. Exemplo, o matar o semelhante, que hoje alguns já consideram justo quando se trata de aborto. Ou seja, a sociedade se desorganiza paulatinamente no chamado conjunto de direitos transitórios regidos por um Direito Consuetudinário, portanto criando uma justiça, e uma injustiça, móvel no tempo e segundo os costumes das diversas sociedades. Nesse sistema que estamos descrevendo (de ausência de Deus) só o poder da injustiça impõe pela força a “justiça” dos poderosos. Ou seja, aquele indivíduo ou grupo que sobreviver na pratica da maior injustiça submete aqueles que com eles não tem competência para enfrentá-los. É a Lei da Força.
Hoje temos assistido alguns valores que se pretendem “universais”, ditados pelas nações fortes, que vão se impondo ou se sobrepondo as leis nacionais, e assim vai injustamente regulando as iniciativas de povos mais fracos segundo, justamente, o interesse desses povos ditos fortes, acabando, por exemplo, com o conceito de autodeterminação dos povos ou com a liberdade de uso de suas riquezas naturais ou culturais. Submetam-se aos fortes é a mensagem implícita, imposta pelo poder de mídia e da força econômica ou das armas.
Sempre foi assim? É possível, porém, os fracos, todavia justos, (a injustiça dos fracos [e estéril frente à injustiça dos fortes), ou seja, mais harmônicos, perceberam, ou melhor, lhes foi sendo revelado, que haveria de haver uma lei maior do que as dos homens em sua eterna transição de valores e força. Chamaram a esse Senhor da lei maior, de Senhor dos Exércitos, Rei dos Reis, O Deus criador de todas as coisas, e, portanto de toda a natureza, assim criador de todas as leis da natureza que regem as coisas, no céu e na terra. Em principio, foram-lhes reveladas as coisas do Senhor dos Exércitos de forma difusa, pois nele pairava toda a esperança dos fracos e oprimidos e submetidos pelos poderes de injustiça e força. (Assim vemos nas Sagradas Escrituras claramente, principalmente depois da chamada escravidão do Egito) Essa síntese de regras de esperança é revelada a Moisés, como Segunda Aliança (a Primeira foi feita a Abraão), na forma em que lemos em Deuteronômio (5-1,33) e se traduzem pelos Dez Mandamentos revelados a Moisés. Nela residia toda a esperança de justiça emanante de um Senhor superior a todos os senhores do poder e da injustiça. Era a Aliança de Fidelidade ao Senhor das leis. A mística do Poder Perfeito.
Mas o Verbo ainda não havia se tornado carne e habitado entre nós. A Lei do Amor, não havia nascido em carne e osso, para que como Filho do Homem, senhor da vida e da morte, pudesse de maneira objetiva e humana, revelar, explicar e confirmar a lei revelada em Moisés, no Cristo Messias o Rei dos Judeus. Assim vamos reler, num exercício amadurecido de compree; áo a lei, mas de uma maneira invertida a aquela encontrada em Jesus Cristo na forma expressa no Novo Testamento, ou Nova Aliança como lemos em Mateus 5, 17 Não penseis que vim abolir a lei ou os profetas Não vim abolir mais consumar. Ou ainda como lemos mais adiante MT 7, 24 e seguintes. Todo aquele, portanto que ouve estas minhas palavras e as põe em pratica, será como um homem prudente, que construiu sua casa sobre a rocha. Caiu a chuva e vieram as enchentes, sopraram os ventos e deram contra a casa, mas ela não desabou. Estava fundada na rocha. Mas todo aquele que ouve estas minhas palavras e não as põe em pratica será como um homem tolo que construiu sua casa sobre a areia. Caiu a chuva e vieram as enchentes, sopraram os ventos e deram contra a casa e ela desabou e grande foi sua ruína.
Wallace Requião de Mello e Silva.
sexta-feira, 31 de outubro de 2008
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