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terça-feira, 7 de junho de 2016

A psicologia e a existência de Deus I

A psicologia e a existência de Deus I
A psicologia e a existência de Deus. (I)
Texto base ME, postado por Grupo 23 de Outubro.
Já vimos uma primeira relação entre o conceito psique (alma) e razão, e agora veremos a existência de Deus segundo a razão natural. Começamos aqui o capítulo mais nobre de toda a Filosofia, o que trata do Ser Absoluto, de Deus.
Chamamos “Teologia Natural” a esse capítulo ou tratado, porque esse estudo prescinde da luz da fé, portanto visa penetrar no conceito de Deus tão profundamente quanto possível pela razão, permitindo fornecer à fé as suas primeiras bases naturais. Como a tendência do estudo da Psicologia tem sido o de vinculá-la ao comportamento, nesse capitulo encontraremos as relações fundamentais de toda a Ética (o comportamento) apontando o fim supremo de todo o homem e da sociedade.
A Teologia Natural, cume de toda a reflexão metafísica, considera à luz da razão a última ou suprema razão de ser de todas as coisas, vem a ser, portanto, o auge de todo o saber humano.
O estudo de Deus à luz da razão natural compreende três partes:
A) A Existência de Deus;
B) Os atributos de Deus;
C) As atividades de Deus.
Desconsideraremos as objeções porque fogem ao nosso objetivo.
Os estudiosos usam argumentos de duas naturezas para as suas demonstrações, a Via Metafísica e a Via Moral. A mais célebre proposição dos argumentos da via metafísica advém dos estudos de Tomas de Aquino, que são demonstrações a “posteriori”, isto é, se fundamentam na experiência, e não a “priori” segundo uma definição de Deus (como querem os ontologístas, Anselmo, por exemplo). Nas cinco vias de Tomas de Aquino começamos nossa demonstração.
A primeira via, a partir do movimento.
Partimos do fato de que no mundo existem muitos movimentos. O termo “movimento” no caso não significa apenas deslocamento, mas tem o sentido geral de mudança, ou de passagem de potência para ato, é o vir-a-ser que caracteriza as coisas desse mundo.
Como qualquer ser que muda é movido, requer o influxo de algum movente que seja distinto dele. Para que alguma coisa se mova ou mude, deve receber algo (que ela não tem) de outro ser (que chamamos movente) porque ninguém dá a si mesmo o que não possui.
Numa serie de seres movidos-moventes, não é possível proceder ao infinito.
Donde se conclui, deve haver um primeiro movente que não seja movido por outrem e que tenha em si mesmo, todo movimento, toda a perfeição, e a razão de ser de seu movimento, esse é o primeiro movente imóvel, absoluto, Deus.
Existe, portanto um princípio de todo o movimento, que por si mesmo possui sua atividade sem depender de outro. E tal Movente Absoluto é chamado Deus.
Tomas de Aquino considerava a prova através do movimento a mais manifesta de todas.
Se há um movente Absoluto Imóvel, podemos deduzir algumas conseqüências:
O primeiro Movente Imóvel é absolutamente perfeito. Sim toda mudança implica imperfeição, portanto o Movente Absoluto, o Primeiro Motor possui toda a perfeição e possui a plenitude do Ser. Ou seja, é Ato Puro.
O Primeiro Motor é espiritual, pois a matéria é essencialmente imperfeita. Não sendo matéria, esta fora do espaço.
O Primeiro Motor é eterno, ou seja, não teve começo nem terá fim, pois a temporalidade ou duração é apenas a medida do movimento. Portanto o Primeiro motor esta fora do Tempo.
O Primeiro Motor é todo poderoso, pois é principio do movimento do universo inteiro, pois seu poder esta presente em tudo aquilo que ele move, ou seja, a todo o universo.
Se o movimento, que é transitoriedade, deslocamento, mudança, busca em si mesmo a razão de ser, sem a existência de certo ou errado, perfeito ou imperfeito, não há o que conservar.
Se o movimento busca a perfeição, ele conservara a perfeição anterior, força e fundamento para a perfeição procurada. Sendo o Motor primeiro espiritual, a perfeição é a construção da espiritualidade. Por outro lado, se ele busca a imperfeição, ele busca a essência da matéria que é a imperfeição, a materialidade.
Agora, se o movimento, tem sua causa na perfeição, entende-se que é a perfeição e intencionalidade de seu movente, que lhe move para a perfeição, o abandonar-se nesse poder movente do Primeiro Motor, é cumprir a perfeição. Resistir é apegar-se a materialidade e, portanto, apegar-se à imperfeição.
Não tocamos, porém, na inteligência e vontade, na intencionalidade do Primeiro Motor que são propriedades essenciais dos seres espirituais, das quais, deriva a razão humana. A existência da Inteligência e vontade do Primeiro Motor determina o certo e o errado no movimento.
A segunda via parte da causalidade.
A segunda via parte do fato de que existem múltiplas causas nesse mundo, que são concatenadas umas as outras numa linha de dependência e subordinação. A lógica indica que é preciso admitir uma Primeira Causa causante, e não causada por outra, ou seja, a Causa Absoluta, ou em outras palavras, Deus.
A terceira via parte da contingência.
O Primeiro Motor, a Causa Absoluta, é o ser não contingente. Pois não recebeu a existência (o Ser). Ele é o Ser (Ele é a existência) Todos os demais seres receberam sua existência. A bíblia em Genesis nos diz: Eu sou aquele que É.
Ora, o mundo é composto, de seres contingentes, limitados. O mundo físico é a soma de suas partes, e, portanto, não pode ser diferente na sua natureza da soma de suas partes. O mundo físico é contingente, transitório, limitado e imperfeito, e, portanto, diferencia-se do Primeiro Motor que é perfeito. Assim o mundo físico é composto de seres contingentes. A realidade que vemos não era e veio a ser. Então o Ser Absoluto, a Causa Absoluta, O Primeiro Motor é o Ser não contingente, o Ser Necessário, existente desde sempre, fora do tempo e do espaço, fora da materialidade é a razão suficiente de todos os outros seres que são contingentes. Todos tiveram começo. Daí o concluir-se que a existência do mundo só pode ser compreendida se há um Ser Absoluto, existente por Si.


Errata e comentários:
No entanto, Jesus Cristo, com sua ressurreição vem demonstrar que o Homem, irremediavelmente, ou necessariamente, está vinculado à matéria, ou seja, essa é a natureza do ser humano. Ser Humano significa ser espírito e corpo. Jesus sobe aos céus em Corpo, Alma e Divindade. Assim é lógico, o Verbo na sua onipotência pode se encarnar no Filho, mas o Homem não pode desencarnar como Deus. Dizemos com isso, que nenhum ser criado evoluirá para o Ser Absoluto. Isso é o que nos ensina a Bíblia com o brado de Satanás: “Eu sou como Ele”. Grito esse, rebelde e cobiçoso, imediatamente contradita por Miguel: “Quem como Ele?” Ora, esses seres são espirituais, e nos ensinam que nem mesmo seres espirituais poderão ser Deus. Na passagem Bíblica da expulsão do paraíso, o homem ao comer do fruto proibido, e, portanto, tendo quebrado o limite e a vontade imperante de Deus, no desejo de ser como deuses, conforme dizia o tentador, foi expulso da inocência. Onde há deuses, não há DEUS. Assim, esta claro que o homem carregará sempre o limite e a imperfeição material, e o limite espiritual. Pois é o limite a identidade da Criatura. A santidade seria a aceitação incondicional desses limites e da vontade de Deus, enfim, da condição de sermos humanos. Mesmo na ressurreição da carne em corpo glorioso, o homem estará sujeito aos limites impostos por Deus. Somente Deus é livre, (onipotente) nas suas três pessoas manifestas na Unidade, todos os demais seres são evônicos, portanto contingentes. Não disputar a natureza de Deus e não desejar “Ser como Ele”, pois onde há deuses não há Deus, é a norma da obediência perfeita ao Verbo Encarnado no Filho. Assim diz: ” Não construa o homem nada, a não ser sobre a pedra fundamental que já está posta, Jesus Cristo, a pedra angular, a pedra fundamental, a pedra rejeitada pelos construtores”.

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