A psicologia e a existência
de Deus I
A psicologia e a existência
de Deus. (I)
Texto base ME, postado por
Grupo 23 de Outubro.
Já vimos uma primeira relação
entre o conceito psique (alma) e razão, e agora veremos a existência de Deus
segundo a razão natural. Começamos aqui o capítulo mais nobre de toda a
Filosofia, o que trata do Ser Absoluto, de Deus.
Chamamos “Teologia Natural” a
esse capítulo ou tratado, porque esse estudo prescinde da luz da fé, portanto
visa penetrar no conceito de Deus tão profundamente quanto possível pela razão,
permitindo fornecer à fé as suas primeiras bases naturais. Como a tendência do
estudo da Psicologia tem sido o de vinculá-la ao comportamento, nesse capitulo
encontraremos as relações fundamentais de toda a Ética (o comportamento)
apontando o fim supremo de todo o homem e da sociedade.
A Teologia Natural, cume de
toda a reflexão metafísica, considera à luz da razão a última ou suprema razão
de ser de todas as coisas, vem a ser, portanto, o auge de todo o saber humano.
O estudo de Deus à luz da
razão natural compreende três partes:
A) A Existência de Deus;
B) Os atributos de Deus;
C) As atividades de Deus.
Desconsideraremos as objeções
porque fogem ao nosso objetivo.
Os estudiosos usam argumentos
de duas naturezas para as suas demonstrações, a Via Metafísica e a Via Moral. A
mais célebre proposição dos argumentos da via metafísica advém dos estudos de
Tomas de Aquino, que são demonstrações a “posteriori”, isto é, se fundamentam
na experiência, e não a “priori” segundo uma definição de Deus (como querem os
ontologístas, Anselmo, por exemplo). Nas cinco vias de Tomas de Aquino
começamos nossa demonstração.
A primeira via, a partir do
movimento.
Partimos do fato de que no
mundo existem muitos movimentos. O termo “movimento” no caso não significa
apenas deslocamento, mas tem o sentido geral de mudança, ou de passagem de
potência para ato, é o vir-a-ser que caracteriza as coisas desse mundo.
Como qualquer ser que muda é
movido, requer o influxo de algum movente que seja distinto dele. Para que
alguma coisa se mova ou mude, deve receber algo (que ela não tem) de outro ser
(que chamamos movente) porque ninguém dá a si mesmo o que não possui.
Numa serie de seres
movidos-moventes, não é possível proceder ao infinito.
Donde se conclui, deve haver
um primeiro movente que não seja movido por outrem e que tenha em si mesmo,
todo movimento, toda a perfeição, e a razão de ser de seu movimento, esse é o
primeiro movente imóvel, absoluto, Deus.
Existe, portanto um princípio
de todo o movimento, que por si mesmo possui sua atividade sem depender de
outro. E tal Movente Absoluto é chamado Deus.
Tomas de Aquino considerava a
prova através do movimento a mais manifesta de todas.
Se há um movente Absoluto
Imóvel, podemos deduzir algumas conseqüências:
O primeiro Movente Imóvel é
absolutamente perfeito. Sim toda mudança implica imperfeição, portanto o
Movente Absoluto, o Primeiro Motor possui toda a perfeição e possui a plenitude
do Ser. Ou seja, é Ato Puro.
O Primeiro Motor é
espiritual, pois a matéria é essencialmente imperfeita. Não sendo matéria, esta
fora do espaço.
O Primeiro Motor é eterno, ou
seja, não teve começo nem terá fim, pois a temporalidade ou duração é apenas a
medida do movimento. Portanto o Primeiro motor esta fora do Tempo.
O Primeiro Motor é todo
poderoso, pois é principio do movimento do universo inteiro, pois seu poder
esta presente em tudo aquilo que ele move, ou seja, a todo o universo.
Se o movimento, que é
transitoriedade, deslocamento, mudança, busca em si mesmo a razão de ser, sem a
existência de certo ou errado, perfeito ou imperfeito, não há o que conservar.
Se o movimento busca a
perfeição, ele conservara a perfeição anterior, força e fundamento para a
perfeição procurada. Sendo o Motor primeiro espiritual, a perfeição é a
construção da espiritualidade. Por outro lado, se ele busca a imperfeição, ele
busca a essência da matéria que é a imperfeição, a materialidade.
Agora, se o movimento, tem sua
causa na perfeição, entende-se que é a perfeição e intencionalidade de seu
movente, que lhe move para a perfeição, o abandonar-se nesse poder movente do
Primeiro Motor, é cumprir a perfeição. Resistir é apegar-se a materialidade e,
portanto, apegar-se à imperfeição.
Não tocamos, porém, na
inteligência e vontade, na intencionalidade do Primeiro Motor que são
propriedades essenciais dos seres espirituais, das quais, deriva a razão
humana. A existência da Inteligência e vontade do Primeiro Motor determina o
certo e o errado no movimento.
A segunda via parte da
causalidade.
A segunda via parte do fato
de que existem múltiplas causas nesse mundo, que são concatenadas umas as
outras numa linha de dependência e subordinação. A lógica indica que é preciso
admitir uma Primeira Causa causante, e não causada por outra, ou seja, a Causa
Absoluta, ou em outras palavras, Deus.
A terceira via parte da
contingência.
O Primeiro Motor, a Causa
Absoluta, é o ser não contingente. Pois não recebeu a existência (o Ser). Ele é
o Ser (Ele é a existência) Todos os demais seres receberam sua existência. A
bíblia em Genesis nos diz: Eu sou aquele que É.
Ora, o mundo é composto, de
seres contingentes, limitados. O mundo físico é a soma de suas partes, e,
portanto, não pode ser diferente na sua natureza da soma de suas partes. O
mundo físico é contingente, transitório, limitado e imperfeito, e, portanto,
diferencia-se do Primeiro Motor que é perfeito. Assim o mundo físico é composto
de seres contingentes. A realidade que vemos não era e veio a ser. Então o Ser
Absoluto, a Causa Absoluta, O Primeiro Motor é o Ser não contingente, o Ser
Necessário, existente desde sempre, fora do tempo e do espaço, fora da
materialidade é a razão suficiente de todos os outros seres que são
contingentes. Todos tiveram começo. Daí o concluir-se que a existência do mundo
só pode ser compreendida se há um Ser Absoluto, existente por Si.
Errata e comentários:
No entanto, Jesus Cristo, com
sua ressurreição vem demonstrar que o Homem, irremediavelmente, ou necessariamente,
está vinculado à matéria, ou seja, essa é a natureza do ser humano. Ser Humano
significa ser espírito e corpo. Jesus sobe aos céus em Corpo, Alma e Divindade.
Assim é lógico, o Verbo na sua onipotência pode se encarnar no Filho, mas o
Homem não pode desencarnar como Deus. Dizemos com isso, que nenhum ser criado
evoluirá para o Ser Absoluto. Isso é o que nos ensina a Bíblia com o brado de
Satanás: “Eu sou como Ele”. Grito esse, rebelde e cobiçoso, imediatamente
contradita por Miguel: “Quem como Ele?” Ora, esses seres são espirituais, e nos
ensinam que nem mesmo seres espirituais poderão ser Deus. Na passagem Bíblica
da expulsão do paraíso, o homem ao comer do fruto proibido, e, portanto, tendo
quebrado o limite e a vontade imperante de Deus, no desejo de ser como deuses,
conforme dizia o tentador, foi expulso da inocência. Onde há deuses, não há
DEUS. Assim, esta claro que o homem carregará sempre o limite e a imperfeição
material, e o limite espiritual. Pois é o limite a identidade da Criatura. A santidade
seria a aceitação incondicional desses limites e da vontade de Deus, enfim, da
condição de sermos humanos. Mesmo na ressurreição da carne em corpo glorioso, o
homem estará sujeito aos limites impostos por Deus. Somente Deus é livre,
(onipotente) nas suas três pessoas manifestas na Unidade, todos os demais seres
são evônicos, portanto contingentes. Não disputar a natureza de Deus e não
desejar “Ser como Ele”, pois onde há deuses não há Deus, é a norma da
obediência perfeita ao Verbo Encarnado no Filho. Assim diz: ” Não construa o
homem nada, a não ser sobre a pedra fundamental que já está posta, Jesus
Cristo, a pedra angular, a pedra fundamental, a pedra rejeitada pelos
construtores”.
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