Brincando de
trenzinho.
Eu não posso
me esquecer daquela manhã de inverno em que meu pai, irritado com alguma coisa, chutou a minha pequena locomotiva que voou longe nunca mais funcionando como
dantes. Era uma peça de engenharia excepcional, a vapor, construída na Europa e
importada pela firma de meu avo materno. Meu avo paterno fora chefe da Estação
em Curitiba, e posteriormente superintendente da Estrada de Ferro. Meu pai foi
médico da caixa de pecúlio dos ferroviários e inspetor sanitário das minas de
carvão do Paraná e Santa Catarina. Ou seja, eu vivia no clima ferroviário.
Brincar de
trenzinho era muito instrutivo. Aprendia-se como projetar e montar ferrovias; apreendia-se que as locomotivas não vencem certas inclinações. Aprendia-se que
pontes se curvam se houver excesso de peso, que as estações eram projetadas
conforme a autonomia das locomotivas, que precisavam de carvão e água. Projetávamos
as vias conforme a necessidade do que transportaríamos. Compreendíamos o porquê
as ferrovias precisavam de tanta madeira, ferro, e carvão de lenha ou mineral (ferrovias
antigas, é claro).
Na minha
mente ficou impressa a possibilidade de desmontarmos trechos de estrada e
aumentar outros com os mesmo trilhos e dormentes. Assim ramos de ferrovia que
já não nos interessavam mais nós os desmontávamos e os reaproveitávamos em
outras linhas.
Hoje penso
no porque os adultos não fazem as mesmas coisas. Quando o sogro de meu irmão
vendeu sua propriedade em Santa Catarina, havia nela trilhos abandonados no
meio dos pinheirais, logo ali estavam abandonados há muitos anos. O Brasil,
cujo território continuo é maior que o dos EUA, tem uma rede ferroviaria 15 vezes
menor do que a daquele país. Pior ela é mal distribuída no território nacional.
Construídas todas para atender interesses estrangeiros de minério e madeira,
foram sendo abandonadas na mesma medida que esses mercados ou fontes de matéria
prima se esgotavam. Nunca foram projetadas para a integração nacional, para o
fortalecimento do mercado interno permitindo a mobilidade de mercadorias
diferenciais de cada região brasileira.
Urge que o
Brasil retome essas estratégias, já dizia Aroldo de Azevedo na década de 60 do
século passado. Eu estive olhando o traçado completo da transamazônica, na sua
calha norte (se assim posso chamar) e fiquei me perguntando se ao invés de
rodovia ela não poderia ser uma ferrovia (o impacto seria menor) e o
desenvolvimento econômico da região maior e com maior sustentabilidade.
Mas essas
coisas só passam pela mente dos meninos. Os adultos não pensam assim. Eu
oferecia em concessão essa ferrovia, estimularia que mercadoria poderia
transportar: Água, gás natural de petróleo, petróleo, plantas medicinais, gado para certas regiões, e gente,
ate mesmo para turismo. Carga de comboio, ou em aquedutos e gasodutos e ainda oleodutos que acompanham as linhas ferreas_. A eletricidade necessária e a comunicação eletrônica necessária
para a eficiente operação da ferrovia levaria qualidade de vida, permitiria o
surgimento de um colar de vilas e cidades em áreas de fronteira, facilitaria o
transporte militar na região, integraria ainda mais o Brasil com os países vizinhos,
caso da Bolívia, por exemplo, que poderia como mais propriedade se utilizar de
portos fluviais ou marítimos Brasileiros (dando a volta encontraria o Amapá,
por exemplo).
Mas nós as
crianças sonhamos. Os adultos só pensam em poder servil, em corrupção, em
entregar riquezas ou preserva-las segundo interesses das nações ricas. Crianças
sonham, adultos se escravizam.
Wallace Requião
de Mello e Silva para o G23.
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