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quarta-feira, 29 de outubro de 2008

O veneno servido em nosso pratos.

Os venenos em nossos pratos.

Existem coisas elogiáveis. Omitir elogios às coisas bem feitas é omissão grave, pois desestimula o esforço daqueles que se dedicam ao fazer e fazer bem feito.
Com o titulo acima, a Faculdade Evangélica do Paraná, promoveu um circulo de palestras, neste ultimo 29 de Agosto, que merece elogios.
Estive presente, como ouvinte, e já habituado ao tema, presenciei horas de rica informação e denso conteúdo. Quatro palestristas, simpaticamente introduzidos e apresentados pelo Dr. Arnaldo Luiz Miró Rebelo, representando a Instituição nos foram proporcionando, gradativamente, desde uma recepção requintada, algo rara nos dias de hoje, passando pelo espaço físico adequado e totalmente tomado pela platéia, o bom apoio de técnicos em som e mídia, e pudemos, portanto, assim presenciar, na companhia de ouvintes atentos de bom nível universitário, na sua maioria alunas do curso de Nutrição, um discurso coerente, polemica, e por que não dizer, alarmante. O veneno em nossos pratos servido, a nós e aos nossos filhos, em nossas “inocentes” refeições a cada dia.
Faltou, talvez, pelo acúmulo de atividades dos quatro convidados, que exercem, na área, funções de destaque, algo de objetividade e síntese, pois nos pareceu, como se quisessem dizer tudo em uma só palestra, quando seria melhores, pequenos “tijolos” bem assentados, um de cada vez, construindo uma opinião mais solida, embora, nada há ou haja a criticar dos conteúdos, ou do apoio oriundo de moderno material em Multimídia, dando-lhes o necessário suporte à técnica de comunicação. Resultado: enriqueci em muito o que já sabia, e apreendi boas e solidas novidades, que servirão de base para posterior aprofundamento. Esse o objetivo das palestras, estimularem o estudo dos temas apresentados.
Assim foi:

1) Alfredo Benato, apresentou: “Os riscos ocultos nos alimentos” (os venenos). Foi destaque:
a) Os 420 princípios ativos de agrotóxicos que resultam em mais de 2000 produtos venenosos.
b) Cada cultura usa venenos diferentes.
c) Cada produto vegetal absorve quantidades desiguais dos diversos venenos.
d) Uma salada em nossa mesa porta um verdadeiro arsenal de diferentes venenos, que podem, quimicamente, produzir outros, e que podem ser absorvidos, por diversas vias mesmo antes de serem digeridos (terem suas molecular quebradas (decompostas) pelo suco gástrico). E há outros que não são decompostos, nem mesmo pelo suco gástrico. ( BT por exemplo)
e) Cada veneno pode produzir um tipo de alteração na saúde humana (câncer, alergia, teratologia dos tecidos, diminuição da espermatogênese, desarmonia endógena, lesão neuronial, etc.)

(2) Marcelo Silva, apresentou: “Rejeitando os produtos transgênicos”.
Em destaque:
a) Descoberta da trangeníase das bactérias.
b) Profundo conservadorismo da Vida e da Genética.
c) Contaminação transgênica das sementes convencionais.
d) Adaptação através de engenharia genética de seres vivos aos venenos produzidos, com a conseqüente morte de milhares senão milhões de outros seres vivos micro biológicos, rompendo o equilíbrio da cadeia da vida.

3) Valdir Isidoro Silva, apresentou: “A estratégica de dominação da biotecnologia”.
Em destaque:
a) Larga Bibliografia. Analise da evolução da propaganda do uso dos venenos, pelos órgãos oficiais, e sua verdadeira conseqüência através dos anos.
b) Construção da ideologia da produção agrícola como lucro, tonelagem, e extensão, e “atrelamento” de produção a interesses exógenos, e não como “produto” mantenedor da saúde e da vida através do cuidado sustentável do solo.
c) Manipulação da informação e do contraditório pelo interesse econômico.

4) Júlio Carlos Bittencourt Veiga, apresentou: “Os benefícios dos alimentos orgânicos”.
Em destaque:
a) Descrição do universo de seres vivos existentes em uma colher de chá de terra, e conseqüência sobre essa fauna e flora microbiológica com o uso constante de venenos. A morte do solo, e sua gradativa esterilidade. O custo, o tempo e a energia gasta na tentativa de recuperação.
b) Quebra do equilíbrio do teor de nutrientes nos alimentos com o uso de produtos químicos venenosos.
c) Perda de vitalidade destes alimentos impregnados de produtos químicos tóxicos.
d) Dificuldade de conservação desses alimentos (putrefação acelerada pelo teor de água e produtos químicos). Alimentos “bombados”.
e) Descrição das vantagens dos produtos orgânicos sob o ponto de vista da saúde do produtor e do consumidor.
f) Vantagens econômicas gerais, transferencia e repasse de custos com a saúde, distribuição demográfica e soberania territorial, produção e necessidade de consumo de alimentos, envenenamento e contaminação do solo, e finalizando, degradação mecânica do solo, monocultura e fragilização da cadeia da vida, com perda de nutrientes do solo, erosão, aquecimento, contaminação dos rios, envenenamento de peixes e algas, tudo minimizado pela agricultura orgânica.

O ponto frágil da temática, ao menos a meu ver, deriva-se da seguinte afirmação: 70% das propriedades rurais é, no Paraná, caracterizadas como agricultura familiar, e apenas 14%, consideradas agricultura industrial. Parece-me verdadeira a afirmação, todavia, faltam nos dizer quantos hectares correspondem as umas e às outras, e quanto em toneladas de alimento os dois tipos produzem? Se essa questão for bem equacionada, todo o argumento, em favor da saúde e da produção orgânica, começa a se solidificar sem possibilidade de contestação.


Wallace Requião de Mello e Silva.

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