Os Cruzados
(I).
Eu ando meio
apaixonado pela obra dos Cruzados. Gostaria de escrever aqui um tratado, mas
não tenho competência para tanto. Farei quando muito nesses quatro artigos um
ato de sublinhar aspectos importantes da obra dos Cruzados.
O primeiro
ponto que quero sublinhar é o de que afora os livros escritos durante os anos
que se seguiram à bravura dos Cruzados, editados como romances e aventura,
claramente formadores da juventude e da sociedade, as Cruzadas sofrem e
sofreram um constante ataque, por autores de diversas correntes, numa clara
tentativa de desmoraliza-las.
Com muita
frequência nas introduções veremos uma ressalva critica e desmoralizadora: “As
Cruzadas nascidas de Inspiração religiosa degeneraram e tornaram-se veículos de
políticas expansionistas; escondiam interesses militares e econômicos”.
Ora prezado
leitor, me mostre uma só campanha ideo - militar que não tenha tido interesses
econômicos políticos e territoriais. Mas você jamais verá na introdução de suas
histórias uma ressalva desmoralizadora como essa. Pior os católicos as repetem
em suas edições, e para minha surpresa, esquece-se de valorizar os aspectos
positivos das Cruzadas.
Toda
introdução ao tema deveria lembrar que a Europa estava prestes a se tornar
mulçumana. Esse fato não pode ser esquecido ou sonegado. Quando um autor lembra
esse fato, o faz criticamente, chamando os muçulmanos de tolerantes e aos
Cruzados de intolerantes, o que é absolutamente falso. Os inimigos de Cristo
estão em todos os lugares, sobremodo entre autores marxistas, judeus,
muçulmanos e cristãos heréticos. Tal fato torna raro encontrarmos livros que
façam a apologética histórica do cristianismo e da Igreja de Cristo. Sumiram
das mídias os textos gloriosos dos Cruzados, por um único motivo, eles exaltam
o Papado. Eles dão unidade às nações cristãs da Europa. Eles exaltam a
Civilização Cristã.
Somente como
exemplo, o leitor pode consultar dois livros radicalmente diferentes, o que
mostra os problemas de quem estuda a história. Se você ler a Historia da Idade
Media do autor russo E.A. Kosminsky (editora Vitória) comparando com a Historia
da Idade Media dentro da obra Études sur L´Histoire de L´Humanité de F. Laurent ( volume 4), te
parecerá que estamos estudando fatos e períodos históricos totalmente diferentes.
Ou seja, a Ideologia e o tempo em que foram editadas as obras sofreram a
pressão e a determinação das ideologias reinantes, o que deforma a história
dando-lhe vias e conclusões inesperadas.
O aspecto
econômico.
Esta claro
que uma rede comercial foi sendo estabelecida na justa medida que os povos iam
se conhecendo. Assim os antigos impérios mesopotâmicos dos tempos históricos,
posteriormente a Colonização Grega do Mediterrâneo (outro dia ouvi um árabe
apresentar as ruínas Gregas da Síria e do Líbano como obra da cultura árabe
antiga, então tudo é possível de se afirmar ao atacarmos a Igreja), o Império
Persa, seguido pelas conquistas de Alexandre e mais tarde pelo Império Romano
deixaram sim uma malha de rotas comerciais e suas consequentes necessidades de
consumo entre os povos europeus e os povos orientais. Portanto o aspecto
comercial e econômico transcendia qualquer aspecto religioso e existia desde
muito antes do nascimento de Cristo.
Com a
expansão do Islã (ver mapa embora o mapa mostre o domínio Turco muçulmano em
amarelo, fato ocorrido bem depois das Cruzadas) os muçulmanos cercaram e
dominaram todos os caminhos comerciais entre o Ocidente e Oriente isso não
podemos negar. Foi a preção sobre a Sé de Roma, e a proximidade da tomada de
Constantinopla (cidade de Constantino o grande Imperador Cristão) que levaram
ao fenômeno dos Cruzados.
Para nós
brasileiros, é de Maximo interesse saber que a segunda cruzada libertou parte
de Portugal do domínio árabe. Ora isso é determinante para nossa Historia, pois
ou Portugal não existiria, ou seria muçulmano, tendo como consequência que o
Brasil seria, se os fatos se repetissem um país muçulmano. Embora, foi à
procura de novas rotas comerciais com as “INDIAS” que resultou na descoberta e
colonização de nosso país.
Sendo assim,
nesse primeiro texto, o estudante de história, se seguirem esses destaques
iniciais que fazemos já verão o fenômeno dos Cruzados com outros olhos. Os
“tolerantes” haviam invadido a Siria e a Pérsia. Queimaram a Biblioteca de
Alexandria no Egito, construíram uma mesquita sobre o Templo de Jerusalém ((658
que esta lá ate hoje); apoderaram-se da orla mediterrânea, invadem a Espanha
cujo território era maior do que é hoje, invadem a França, transformaram a
basílica de Santa Sofia, a Sé Bizantina, em Mesquita, como está até hoje na
ligação comercial mais importante entre o Ocidente e Oriente, mas foi o
desembarque no Sul da Itália dos Sarracenos em 846) que fez tremer a
cristandade. Quando o califa Haken mandou destruir o Santo Sepulcro e as
relíquias cristãs em Jerusalém em 1009, acendeu-se a resistência católica e
popular. Todavia os muçulmanos só foram expulsos do Reino Islâmico de Granada,
pelos reis Católicos em 1492.
Álvaro
Negromonte em sua História da Igreja nos diz assim: “No campo político as
Cruzadas deram o mais valioso resultado, libertando a Europa da ameaça
muçulmana por 250 anos e retardando a invasão turca muçulmana por mais dois séculos.
Isso bastaria para a civilização ocidental dever imensa gratidão a Igreja”.
E eu a cada
dia que passa concordo mais com isso. A civilização moçarábica tão “cantada”
foi claramente uma conquista do cristianismo. Analfabetos os primeiros quatro
califas, ao exemplo de Maomé eram rudes e fanáticos. Dominando pela força povos
mais civilizados como Persas e Sírios, cidades gregas da orla mediterrânea
receberam deles benéfica influencia. Foi depois da sua convivência com os
cristãos que se deram ao cultivo das letras, fundaram escolas e apareceram seus
nomes nas ciências. Cotejem as datas para comprovar. Assim a tão falada
civilização árabe muçulmana iniciada em 622 depois de Cristo nos parece, ser
outra vitória do cristianismo. Daí para frente tem contribuições apreciáveis na
medicina, na botânica, na química, na matemática, na astronomia (herança da
religião árabe antiga o SABISMO) e na arquitetura. Assim os cristãos moçárabes (que
viviam entre os árabes e tinham origens variadas) receberam dos invasores,
sobretudo influências, costumes e linguísticas.
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