A questão escriturística II
Penso que já deu tempo aos
leitores de lerem os últimos cinco textos. Provavelmente já refletiram sobre os
problemas da escrita. Sabem agora diferenciar uma escrita ideográfica, cuja
interpretação é subjetiva, de uma escrita fonética que representa a língua
falada, com significados muito mais precisos, embora nem sempre tenhamos
conhecimento do significado exato de certos vocábulos. Não há um dicionário
para recorremos para a interpretação de vocábulos muito antigos, muito menos
das línguas extintas. É um trabalho dificílimo, onde muitas vezes o perito
atira no escuro, e como ninguém contesta, passam a ser verdades, quando muito,
deveriam ser apenas hipóteses. Assim vemos que o senso comum nos diz que a
escrita aparece pelos anos 3500 antes de Cristo, porém, essa escrita não usava
palavras, nem representava uma língua falada, muito menos o seu significado era
preciso, ou é preciso para nós. A Grande vantagem de datar o aparecimento da
escrita no ano 3500 AC ,
é que nessa data, para o senso comum, cabem as tradições ditas hebraicas, no
entanto, fiquem surpresos, não existe nenhum documento com essa idade na língua
hebraica. Muito menos podemos encontrar nessa época escrita fonética que
poderia nos dar uma idéia clara da PALAVRA DE DEUS. Fica então comprometido o
conceito “Palavra de Deus” antes do aparecimento da escrita fonética ou
silábica por volta do ano 1000
AC , no seio do povo fenício, quando já viveria no
planeta o Rei David. De Abraão por volta de 1850 AC ao Tempo de
Hamurabi rei da Caldeia até David passaram-se algo em torno 850 a 900 anos. Sem uma
escrita fonética. Moises que foi criado no Egito, escreveu em Hieróglifos as
tabuas da Lei? Deus a escreveu numa língua que não tinham vogais, (o hebraico
que esteve extinto) para que a Lei fosse compreendida por poucos, ou que sua
interpretação fosse dúbia e duvidosa? Porque usou taboas e não pedras? Porque
não o papel de trapos dos chineses, o couro de Pérgamo (ou pergaminhos), ou os
papiros do Egito? Que outros tipos de escrita podemos encontrar na humanidade
nessa mesma época? É possível uma comparação segura, fonética e textual?
Para o arqueólogo de Israel,
o arqueólogo Israel Finkelstein, a solução foi fácil. Ele e outro judeu belga e
historiador, Neil Asher Silberman, declaram que Abraão, Isaac, Jacob, Moises e
Josué jamais existiram. Começam com David. Já tive oportunidade de escrever
sobre eles nesse Blog sob titulo “ Por que eles fazem isso”? Dê uma olhada.
Quando nós narramos algo que
supostamente aconteceu muito tempo atrás, precisamos, para não inventar, ter
escritos, ou provas arqueológicas ou antropológicas seguras, sem o que
inventamos, criamos hipóteses, mas certamente não fazemos história. A Bíblia
narra em Gênesis fatos pré-históricos ocorridos em tempos remotíssimos, mas não
apresenta provas. (ninguém duvida de Deus, não é mesmo?) Nisto os autores
citados acima se baseiam afirmando que esses textos bíblicos são longas
invenções e fantasias. Se querem saber mais leiam “The Bible Uniarthed”.
Todavia não deixe, de ler de Werner Keller o livro “E a Bíblia Tem Razão”, como antítese.
Com relação à língua hebraica
o documento bíblico original mais antigo que se conhece hoje é o Rolo de Isaias
encontrado no Mar Morto e escrito por volta do ano 100 AC . Segue-lhe os fragmentos
de Nash oriundos de aproximadamente o ano 50 AC . Depois, com os fragmentos dos essênios,
nós só encontraremos o códice Petropolitano no ano 916 depois de Cristo. Muito
pouco; não acham?
Em Grego conhecemos a versão
não cristã chamada Alexandrina dos Setenta. escrita por volta de 230 AC ; e mais ou menos pelo
ano de 150 AC
conhecemos os fragmentos de Ryland. Um pouco mais recente próximo ao ano 50 AC conhecemos os
Fragmentos de Fuad. Todos esses documentos gregos são anteriores ao Nascimento
de Cristo. O que nós estamos vendo? Estamos vendo que não conhecemos nenhum
original completo do Velho Testamento escrito em hebraico, mas conhecemos a
Versão Alexandrina dos Setenta escrita em grego, antes do nascimento de Cristo,
traduzida pela comunidade de judeus de Alexandria na África, do hebreu (?) para
o grego, documento que serviu para a tradução “Veto Latina Antiga” acrescida, é
claro, do Novo Testamento e elaborada mais ou menos pelo ano 150 depois de
Cristo. Ou seja, 50 ou 60 anos depois do Evangelho de João. Portanto não há
originais datados e comprovados dos Velho Testamento escritos em hebreu. Ficou claro?
Os escritos conhecidos do
Velho Testamento não podem ser narrativos de testemunhos oculares e
contemporâneos. Exceção se o próprio Deus lhes dê testemunho.
Nasce Jesus Cristo.
Na era Cristã os documentos
mais antigos e originais conhecidos são:
Fragmentos do Evangelho de
São João datado de mais ou menos ano 100 depois de Cristo. E, mais ou menos no
ano 200 DC, os papiros de Chester Beatty. Então vemos que a fonte mais antiga
do Novo Testamento conhecida é justamente a versão latina chamada “Veto Latina”.
Segue-lhe, ainda em Grego três documentos originais entre os anos 400 e 500 DC;
O códice Sináico, e o Códice Alexandrino, todos em Grego e que irão contribuir
para a tradução e feitura da Vulgata. Em Latim temos apenas dois textos
originais, a Vetus Latina, e posteriormente entre 400 e 500 DC, a Vulgata. Como
vemos os protestantes não colaboraram em nada disso, pois vão aparecer apenas
no fim da Idade Média e inicio da Moderna.
Salvo opinião mais
especializada foi isso que pude apurar; portanto vemos que Lutero não tinha
original além da Vetus Latina e a Vulgata como textos completos para traduzir.
O que vemos até aqui?
Primeiro a importância das
tradições orais, sem o que, desconsiderada a inspiração divina, não seria
possível registrar, possivelmente milênios depois, fatos ocorridos na
Pré-história como acontece em
Gênesis. Os textos hebraicos, dos quais não existem
originais, ao que parece, tiveram que esperar o ano 1000 AC , para ganharem o status
de Escritura Fonética.
O outro aspecto interessante
de ser considerado é a expressão “No inicio era o Verbo”. Expressão que com o
tempo traduziram para “No inicio era a Palavra”. A primeira versão diz respeito
ao verbo, palavra que expressa AÇÃO voluntária, intencional e inteligente,
expressando a vontade silenciosa, onipotente, onisciente e onipresente de Deus,
ou melhor, dizendo, a ação intencional e onipotente de Deus sem a presença do
homem. Leia em Sabedoria.
Você entenderá. A outra expressão falsifica essa ação
criativa de Deus, e a prende a “Palavra de Deus ”, no sentido da Palavra Escrita
nos Evangelhos, sem o apoio vivo do Magistério e da Tradição Oral ou Escrita não
evangélica. Isso significa empobrecer o Verbo que se fez Carne, que não veio
mudar a Lei, mas habitou vivo entre nós. Alterou a lei natural em milagres e
trouxe os mortos à vida. Assim o
conceito PALAVRA faz a ação de Nosso Senhor ser congelada e engessada, embora
tenha ressuscitado e esteja vivo e ativo, mas o querem preso em um texto,
embora inspirado, escrito, graças à tradição oral dos apóstolos e discípulos e
entregues a Igreja de Pedro para a edificação da sociedade e salvação dos
homens. No entanto a ação vigorosa de Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito
Santo, não têm esses limites, os limites são para os homens.
É possível que haja algum
erro de interpretação ai, eu não sou um especialista, no entanto, fiz tudo com
a melhor das intenções. Tens duvidas? Recorra ao Magistério infalível da Igreja
em Fé e Moral. Ali estará a solução.
G 23 de Mello e Silva.
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