É a VERDADE.
Foi dura a realidade que encontraram os portugueses quando aqui chegaram há mais de 500 anos, não correspondendo os nativos ao mito do “bom selvagem”, vivendo numa América paradisíaca.
Foi dura a realidade que encontraram os portugueses quando aqui chegaram há mais de 500 anos, não correspondendo os nativos ao mito do “bom selvagem”, vivendo numa América paradisíaca.
O Brasil antes do Descobrimento era habitado por um conjunto heterogêneo de tribos indígenas nômades e seminômades, contrárias a qualquer organização superior, em permanente estado de guerra entre si. De norte a sul da nação predominavam práticas de canibalismo, sacrifícios humanos, infanticídio, eutanásia e diversas outras violações da Lei natural, além de rituais sinistros com uso de bebidas alucinógenas, que terminavam em atos de idolatrais e desregramentos morais.
A Igreja Católica, no entanto, não se omitiu nem abandonou estas plagas, ao tomar conhecimento de tais aberrações. Nem Portugal deixou de lado seus empreendimentos, nos quais ocupava especial lugar a propagação da Fé.
As primeiras missões
As primeiras ações missionárias no Brasil realizaram-se através da Ordem de São Francisco, e, a seguir, da Companhia de Jesus.
Era franciscano Frei Henrique de Coimbra, celebrante da primeira Missa em nosso País, assim como os sacerdotes que, no início da colonização, para cá vieram com o intuito de dar cumprimento à grandiosa obra da difusão da Fé Católica. Pode-se dizer que o Brasil nasceu à sombra da cruz, logo após seu Descobrimento: o cruzeiro que presidiu à primeira Missa celebrada por aquele religioso franciscano.
Até 1585, entretanto, a atuação dos franciscanos foi esporádica. Em 1558, Frei Pedro Palácios construiu em Vitória, Capitania do Espírito Santo, uma capela, que deu origem ao atual Santuário da Penha. No decurso de aproximadamente vinte anos, vão os frades de São Francisco se instalando em outras capitanias. Com a criação, em 1584, da Custódia do Brasil, a atuação dessa Ordem passaria a ter grande importância. Dedicando-se à catequese, não tardaram os franciscanos a se expandir por todo o território colonial, construindo igrejas e pacificando índios rebeldes.
Os jesuítas chegaram ao Brasil apenas nove anos após a criação da Companhia de Jesus, em 1549, quando desembarcou na Bahia o primeiro pugilo de inacianos com o Governador Tomé de Souza. Era chefiada pelo Padre Manoel da Nóbrega, missionário, administrador e diplomata exímio.
Ao seu lado, vários jesuítas trabalharam inteiramente na “empresa do Brasil”, a ela se dedicando de corpo e alma, imolando até suas próprias vidas, como o Beato Inácio de Azevedo e seus 40 companheiros [quadro ao lado], martirizados por corsários calvinistas franceses em 1570; e outros 12, assassinados por ingleses e franceses em 1571.
Os jesuítas foram, naqueles tempos difíceis, desbravadores de sertões, pacificadores de indígenas, construtores de fortalezas, colégios e aldeamentos para os índios, nas missões; criadores de nosso primeiro teatro, bem como da medicina e arquitetura pátrias; preservadores de línguas indígenas; cronistas de tudo quanto ocorria no País nascente, como o Padre Fernão Cardim; primeiros intelectuais da colônia, como o Padre Antonio Vieira, que foi notável orador e diplomata hábil, uma das maiores figuras da língua portuguesa, além de ter exercido intensa atividade entre os nativos.
Altar e trono unidos
O insigne historiador jesuíta padre Serafim Leite, em sua História da Companhia de Jesus no Brasil,assim descreve esse período: “Se os colonos e administradores portugueses governavam a terra e a cultura como fonte de riqueza e elemento de soberania, os jesuítas da Assistência de Portugal amavam a terra e os seres humanos que essa terra alimentara no decorrer dos séculos. Os primeiros apoderaram-se do corpo, nasceu o Brasil. Enquanto os Governadores, Capitães e funcionários iam estabelecendo bases do Estado, o elemento religioso alicerçava o nosso edifício com formas tão elevadas e nobres, que dariam ao conjunto a solidez da Eternidade” .
Devemos mencionar, com destaque, a figura invulgar de São José de Anchieta, cognominado o Apóstolo do Brasil, que sintetiza o espírito da obra missionária dos jesuítas e das outras Ordens religiosas que vieram catequizar nossos silvícolas.
Depois dos jesuítas, foram os Carmelitas os próximos religiosos regulares a se estabelecerem no Brasil, no ano de 1580. A catequese efetuada por eles teve muita importância na Amazônia, no sentido de incorporar aquela região à comunidade brasileira.
Em 1584 vieram os monges beneditinos, que fundaram diversos mosteiros no território nacional, dedicando-se mais à educação do que à catequese, tendo em vista aliviar o trabalho dos jesuítas naquela atividade.
Franciscanos, jesuítas, carmelitas, beneditinos, mercedários e membros do clero regular embrenharam-se pelos mais longínquos rincões do imenso território pátrio, dedicando-se à catequese e ajudando valentemente a ingente obra da colonização.
Outras Ordens religiosas não figuraram desde o início em nossa História, vindo porém a prestar mais tarde e nos dias de hoje valiosos serviços, como os salesianos na catequese e missões junto aos indígenas, além do meritório trabalho de educação junto a nossa juventude.
Não podemos deixar de aludir também aos maristas, lazaristas, mínimos (São Francisco de Paula), bem como às Irmãs de Caridade (São Vicente de Paulo), às da Divina Providência e outras Ordens desconhecidas nos primeiros tempos da História do Brasil e que só entraram há pouco em nosso País.
A Igreja no Brasil
Nosso mais antigo Bispado foi estabelecido em 1552, com sede em Salvador, sendo seu primeiro titular Dom Pero Fernandes Sardinha. A diocese compreendia todas as terras do Brasil, situação que durou até 1639, quando se criou a diocese do Rio de Janeiro, que abrangia as capitanias do Sul. Salvador, em 1676, tornou-se sede de Arcebispado, tendo sido criada, naquela ocasião, a diocese de Pernambuco. Seguiram-se depois as instalações do Bispado no Maranhão, em 1677, do Grão Pará, em 1717, de São Paulo e Mariana (MG), em 1745, além da Prelazias de Cuiabá e Goiás. Estava assim estabelecido o governo eclesiástico, a estruturação do Clero e o culto organizado em todas as latitudes.
O trabalho exercido pelos missionários encontraria, a partir de 1750, um inimigo implacável: o Marquês de Pombal, ministro de D. José I, rei de Portugal, que dominou todo o período de governo de 1750 a 1777.
Assumindo uma atitude persecutória e anticlerical de funestas conseqüências para a História nacional, e movido pelo ódio à Igreja Católica, veio ele a expulsar a Companhia de Jesus do Brasil em 1760 [representação acima]. Daqui saíram mais de 600 jesuítas, fechando-se seus colégios e escolas, ficando ao abandono as aldeias indígenas que administravam. Esse trágico episódio de nossa História é por demais complexo para ser tratado neste artigo.
Proclamada a Independência em relação a Portugal, no ano de 1822, ficou estabelecido pela Constituição Imperial de 1824 que o Catolicismo continuaria a ser a Religião oficial da Nação. Proclamada a República, em 1889, adveio a nefasta separação entre a Igreja e o Estado em nosso País.
Leão XIII elogia Descobrimento
Contemplando todo esse vasto panorama histórico sucintamente apresentado, pode-se compreender por que o Papa Leão XIII, ao transcorrer o IV Centenário do Descobrimento da América, em 1892, na Encíclica comemorativa Quarto Abeunte Saeculo (transcorrido o Quarto Século), considerou aquele grande fato histórico como sendo parte dos desígnios de Deus, qualificando-o como a “façanha mais grandiosa que hajam podido ver os tempos”.
De fato, afastadas as trevas do paganismo, os nativos conheceram o verdadeiro Sol da Justiça que é Nosso Senhor Jesus Cristo, e aprenderam a amar a intercessão de sua Santíssima Mãe, a Virgem Maria, abrindo-se para eles as sendas da Civilização Cristã.
Por todas as partes do imenso continente descoberto, nasceram os aldeamentos indígenas, protegidos pelas leis de monarquias católicas. A essa magna epopéia, que uniu o altar e o trono, dedicaram suas vidas descobridores, conquistadores, colonizadores, fundadores de povos e cidades, Prelados, evangelizadores e civilizadores. Derramaram seu sangue, como mártires, religiosos, leigos e Índios convertidos.
Multiplicaram-se sem fim povoados, vilas e cidades, nos quais floresceram o artesanato, a agricultura, a criação de gado, a pesca no litoral, o comércio e todos os tipos de atividades.
Surgiram os Governos Gerais, os Paços Municipais, os tribunais, constituindo uma imensa rede político-administrativa: assim nasceu o Brasil.
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