A pratica da pesquisa me levou a concluir que não ha imprensa livre no mundo, Além dos jornais, os maiores do Brasil, serem lojas maçônicas, as agencias internacionais produzem uma pauta internacional com a qual constroem a realidade midiática de modo que estamos diante de um documentário expressando a realidade. Mas a realidade objetiva esta muito longe do projeto de midia internacional. Foi isso que disse Plínio Corrêa quando sublinhou: o futuro só a Deus pertence. O resto é interpretação, ou revelação. Temos sempre a tentação da profecia, no entanto, os acontecimentos reais se impõe com uma força estonteante, que parece nos alertar para aquela passagem de Santo Agostinho, que nos conta a presunção de uma criança, armada de um balde querer colocar o oceano inteiro em um buraquinho na areia. Somos ovelhas que precisamos de pastor, não somos cabritos e bodes que primam pela auto suficiência.
Rússia e China:
crise e expansionismo
Luis Dufaur
A Rússia iniciou o ano numa degringolada. No interior, a falta de alimentos, a desvalorização do petróleo e do gás — fonte quase exclusiva de recursos — e a queda do rublo semearam profundo mal-estar. O achatamento dos salários, o fechamento de bancos e empresas privadas, a decadência do sistema hospitalar, a queda de aviões civis por falta de manutenção, além de um PIB negativo de 4,6% levaram Putin a mudar de estratégia.
Na Europa Central, enquanto assessores de 18 países modernizavam o exército ucraniano, a Polônia se rearmava e treinava milícias civis com centenas de milhares de cidadãos. Nos países bálticos foram acolhidas unidades ocidentais, tendo a Lituânia proporcionado cursos de resistência à população e a Estônia erguido cercas defensivas contra a infiltração de agentes russos. A Ucrânia encetou a “dessovietização” do país: demoliu estátuas, trocou nomes de logradouros públicos, proscreveu hinos e símbolos do comunismo. Isso irritou a Rússia, que multiplicou estátuas de Lenine, Stalin e Putin, enquanto o cismático Patriarcado de Moscou clamava pela restauração dos “valores morais” (sic) da era soviética! A guerra na Ucrânia tornara-se impopular. Em fevereiro foi assassinado Boris Nemtsov, que preparava relatório sobre a morte de soldados russos na Ucrânia. Seus colegas divulgaram o impressionante relatório e milhares de pessoas protestaram nas imediações do Kremlin. Putin ficou obcecado contra o “inimigo interno” e recrudesceu a repressão dos “agentes do exterior”.
Nesse contexto, o Kremlin mudou a mira de sua política exterior para o Oriente Médio e a América Latina. Sofrendo de um lado a pressão dos países ocidentais devido à invasão da Crimeia, e de outro, o descalabro econômico do país, o governo russo acabou desistindo da compra de dois porta-helicópteros franceses Mistral de última geração, que serão adquiridos pelo Egito[90]. Contudo, a Rússia participou pela primeira vez de exercícios navais com a Venezuela, levou navios de guerra à Nicarágua e ancorou em Havana barcos especiais para espionagem e sabotagem de cabos submarinos.
O outro “gigante” asiático, a China, passou por turbulências dignas de nota. Sua economia emitiu estalidos que abalaram o mundo. As bolsas despencaram, as exportações caíram, mais de cem mil motins populares pontuais eclodiram, fábricas migraram para outros países. Os dados econômicos oficiais não são mais dignos de crédito: “Ninguém tem a menor ideia do que está acontecendo”, observou um especialista[91].
O “combate à corrupção” no Partido e no Exército revelou sintomas de decomposição. Um auge dela se patenteou nas explosões de Tianjin, que vitimaram pelo menos 114 pessoas e feriram mais de 700. Quinze mil internautas que denunciaram a incúria socialista foram encarcerados. No primeiro semestre de 2015, morreram na China 26 mil operários em acidentes industriais, mais de 140 por dia! A fraqueza econômica do país evidenciou-se numa visita comercial ao Brasil. A legação chinesa acenou com investimentos de US$ 53 bilhões, mas não concretizou nada[92]. Na ocasião, a “Folha de S. Paulo” fez um levantamento das promessas feitas ao Brasil e não cumpridas pela China: elas totalizam ao menos US$ 24 bilhões[93].
Como é cada vez maior o número de chineses desertam do Partido Comunista, o presidente Xi Jinping se viu obrigado a lançar campanhas para ensinar o marxismo. O cristianismo superou o Partido Comunista em membros. O governo montou grandes campanhas antirreligiosas. Em maio, o arcebispo emérito de Hong-Kong, Cardeal Joseph Zen Ze-kiun, denunciou que “os comunistas removeram a cruz de numerosas igrejas e demoliram outros templos. Dois bispos continuam na prisão. A Santa Sé faz demasiadas concessões e às vezes aprova candidatos [a bispos] que não são bons’”[94]. O mesmo cardeal havia deplorado em março a “rendição incondicional” promovida pela Secretaria de Estado vaticana face aos déspotas comunistas, e deixou claro que não se calaria, ainda que o Papa Francisco lhe impusesse silêncio[95].
Pequim projetou sua presença militar no exterior e criou ilhas artificiais no Mar da China para o estabelecimento de bases aeronavais, desafiando o Japão, as Filipinas e os EUA. Por sua vez, o Japão reformou sua Constituição visando a intervir militarmente no exterior, passou a se rearmar de modo acelerado e a exaltar a memória dos heróis de guerras passadas.
O que acontecerá em 2016?
Pensando sobre o que advirá no ano que se inicia, folheando a coleção deCatolicismo encontrei um artigo do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira de maio de 1952! Com lucidez profética — não há termo mais adequado —, 63 anos atrás, ele parecia prever o que aconteceria. Seu texto nos ilumina e encoraja na entrada desse novo ano. Confira o leitor:
“O futuro só Deus o conhece. Ninguém poderia razoavelmente surpreender-se se toda a estrutura da atual civilização viesse a desabar fragorosa e tragicamente, num grande banho de sangue. Mas […] entre as desolações da época presente, já existe um prenúncio de vitória: a ação por assim dizer visível, da Virgem Santíssima na Terra. […]
“Todas as circunstancias parecem adequadas a um triunfo imenso da Virgem. A crise é trágica. Ela se aproxima do auge. […] Todas as características de uma situação humanamente perdida parecem acumular-se não só típica, mas arquetipicamente no momento presente.
“Quem nos poderia salvar? Somente quem tivesse para conosco uma complacência sem limites, uma complacência de Mãe, de Mãe ilimitadamente boa, generosa, exorável. Ela é Mãe nossa, e Mãe de Deus. Como não perceber que tantos desastres e tantos pecados por assim dizer clamam pela intervenção de Maria Santíssima? E como não perceber que ela atenderá a este clamor?
“Quando? Durante o grande drama que se aproxima? Depois dele? Não sabemos. Porém uma coisa parece absolutamente provável: é que Maria Santíssima não prepara para a Santa Igreja, como desfecho desta crise, séculos de agonia e de dor, mas uma era de triunfo universal”[96].
E-mail para o autor: catolicismo@terra.com.br
Notas:
[90]) Folha de S. Paulo, 06.08.15.
[91]) Folha de S. Paulo, 27.08.15.
[92]) O Estado de S.Paulo, 20.05.15.
[93]) Folha de S.Paulo, 22.05.15.
[94]) L’Homme Nouveau, 23.05.15.
[95]) Corriere della Sera, 11.03.15.
[96]) Catolicismo, nº 17, maio de 1952.
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