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Então o que é a Cultura?
Alberto Din es é um presunçoso e famoso jornalista
que costuma pejorativamente chamar seus desafetos de semi-alfabetizados, quando
não analfabetos ou incultos, colocando-se assim em um patamar superior de modo
a diminuir seus contendores* . Muita gente age assim. No Brasil os inimigos do
Império, chamavam D.Pedro I de grosseiro, inculto, mal educado. Essa informação
boca a boca, ou as colhidas nos textos de jornais liberais à época, passaram
aos livros didáticos de história, e daí, repetindo-se sempre as mesmas
calunias, passou ao domínio publico, fazendo mais uma vez verdadeira a
assertiva de Voltaire: Menti, menti e menti, pois sempre ficará algo como sendo
verdade.
No entanto novas pesquisas
sobre a vida do Imperador Brasileiro, a análise de suas cartas, suas
composições musicais e seus atos políticos ou documentos oficiais revelam um
novo homem.
Antes de tudo devemos lembrar
que estamos tratando de um homem que morreu com apenas 35 para 36 anos de
idade. Não um “sábio” da cauda felpuda como uma decana e astuta raposa das que
existem na imprensa nacional. Mercenários da vida alheia.
D. Pedro (1798-1834) chegou
ao Brasil em 1808 com D João VI, tinha ele apenas nove anos de idade e já
estudava os clássicos e a história do povo romano. Nesse período o Brasil não
tinha escolas formais desde a expulsão dos Jesuítas,(1750) pois com a expulsão
dos jesuítas nosso país ficou literalmente duzentos anos sem escolas formais e
as escolas de Pombal não chegaram a funcionar. ( lembrem-se que a cidade de São
Paulo nasceu em torno do colégio Jesuíta do mesmo nome) Sua educação foi entregue
ainda em Portugal a José Monteiro da Rocha. Seus demais mestres foram religiosos
católicos. Frei Antonio de Nossa Senhora da Salete que lhe introduziu na
literatura romana. O padre Guilherme Paulo Tilbury e João Joyce que lhe
ensinaram o Inglês, e o cônego René Pierre Boiret que lhe ensinou o
francês. Mais tarde com o casamento com
dona Leopoldina arquiduquesa da família mais poderosa da Época, os Habsburgo,
filha de Frederico I da Áustria foi introduzido no alemão e aperfeiçoaram o
francês, línguas que sua esposa falava. Tinha apenas 23 anos quando liderou a
Independência do Brasil. Poucos sabem que D. Pedro I do Brasil, era o mesmo
Pedro IV rei de Portugal, cujo reino abdicou em favor de sua filha Maria da
Gloria. Frei Antonio de Arrebida lhe introduziu nos clássicos épicos. Suas
cartas revelam um pai zeloso, um estadista esperto, um genro dedicado, um fã de
Napoleão Bonaparte. Tocava os instrumentos musicais da corte, e é o autor do
hino da Independência, além de óperas, uma missa, e outras obras musicais
enviadas ao sogro. Ao contrario do que se pensa era mui informado da política
européia e dos acontecimentos de seu tempo. Criou aos 23 anos um Império
Constitucional, o que era inédito à sua época; recusou o trono de Portugal ao
qual assumiu por alguns meses como D; Pedro IV, em favor da filha, e anos mais
tarde abdicou do trono do Brasil em favor de seu filho D. Pedro II para
enfrentar em guerra civil seu irmão e genro Manoel, defendendo os interesses da
filha Maria da Gloria em
Portugal. Nesse ato cai na armadilha do financiamento de
guerra oferecido pelas sociedades secretas inglesas. Em poucos anos recusa a
coroa da Grécia e da Espanha; D Pedro I, sem coroa, morreu em Portugal em 24 de
Setembro de 1834, aos 35 para 36 anos de idade.
Agora prezado leitor, o que
você fez de sua vida em 35 anos de idade? Quantas línguas você fala? Quantas guerras
você enfrentou? Quantos instrumentos musicais conhece e domina? Quantas
composições musicais você produziu? Quantos governos e povos estiveram sob sua
batuta? Quantas mulheres você amou nos seus 35 anos? Cite os versos de
Virgilio, as batalhas do helenismo, a vida de Napoleão, os rudimentos do
Direito Romano; a doutrina Católica. Quantos reis ou lideres você se
relacionou? Que papel você teve na construção do Brasil? Pois é, esse é o homem
que chamam de rústico e grosseiro, outros o chamam de analfabeto. Algo abaixo,
inferior a sua sólida cultura de homem moderno cujo saber esta garantida pela
Internet, e cujos amores são vividos virtualmente em perversões inimagináveis à
época; quem é enfim o analfabeto? Ele ou nós?
* Alberto Dines, Jornalista,
editor do “Observatório” da Imprensa, recentemente envolvido no escândalo das
contas suíças.
G23
Foram fontes do artigo:
Rodrigo Elias Professor das
Universidades Integradas.
Ana Carolina Delmas ( UER)
Cecília Maria Salles de
Oliveira, diretora do Museu de História da Universidade de São Paulo.
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