Por que é tão difícil
escrever e falar as línguas portuguesas? (I)
As línguas Portuguesas? Sim
as línguas portuguesas. Quando os portugueses chegaram ao Brasil, por exemplo,
a julgar pela carta de Pero Vaz de Caminha, pode-se perceber a proximidade de
então do português com o espanhol. Nos dois primeiros séculos de colonização os
portugueses tiveram que se comunicar com negros e índios. De modo geral as
línguas autóctones , mal comparando, servem de base, de pano de fundo e de
tinta, para o português que se pretenda falar, mais do que isso essas línguas
de fundo, respiram, tem musica, ritmo e harmonia sonora diferentes dos
colonizadores. E ainda mais serio, trata-se de populações analfabetas que ouvem,
mas não escrevem de onde não se pode esperar uma doutrina lingüística, um
padrão. Assim, no inicio a língua aqui falada chamou-se Língua Geral do Brasil. Tão diferente era do Portugûes.
Se você captou o problema na
sua essência, pense então, como cada pano de fundo das mais diferentes colônias
portuguesas adquiriram, ouviram , falaram, e só muito mais tarde escreveram.
Pensem nos termos e palavras autóctones que se fundem a língua dos
colonizadores.
Postos assim, vamos lembrar,
por onde andou a língua portuguesa nestes últimos séculos. Brasil; Cabo Verde
em pleno oceano; Cacheu na África; Zinquichar na África; Guiné na África; São
Tomé e Príncipe em pleno oceano; Angola na África; Moçambique do outro lado da África
(você já deve ter percebido que cada um desses lugares tinha povos de língua
diferente); Diu na Índia; Damão na Índia; Goa na Índia; Macau na China; Timor num
arquipélago nas costas Norte da Austrália. Cada uma dessas colônias serviu como
um pano de fundo diferente, um respirar e pensar peculiar, uma musicalidade bem
distinta.
Não fosse isso já um problema
bem complexo, dado ao grande numero de palavras autóctones que se incorporavam
á língua dos colonizadores, essa, para nossa surpresa também não era unificada e
ainda não é unificada, ao menos no que diga respeito às falas no Portugal de
então.
Salvo maior ciência, em
Portugal de hoje temos o falar Galego; o Rionorês; o Quadramilês; e o Mirandês.
Paiva Boléo, se bem
compreendi, determina seis falares principais em Portugal: o falar Minhoto; o
falar Trasmontano; o falar Beirão; o falar Baixo Volga e Mandego; o falar de
Castelo Branco e Portalegre; e o falar Meridional.
Para que você compreenda
melhor, no Brasil que tão bem conhecemos, existem: as falas Sulistas; o falar
Mineiro; o falar Fluminense; o falar Baiano; o falar Nordestino e o falar
Amazônico.
Imaginem alguém que aprendeu
o português dos manuais ouvir isso: “Peguei uma velicazinha, desse
tamaniquinho, para espiar a caricatica do dendengo.” Essa fala do interior do
Espírito Santo quer dizer: “peguei uma velinha, pequenina, para olhar o
rostinho do menino.”.
Entenderam?
Entenderam?
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