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quinta-feira, 16 de abril de 2015

Por que é tão difícil ?

Por que é tão difícil escrever e falar as línguas portuguesas? (I)

As línguas Portuguesas? Sim as línguas portuguesas. Quando os portugueses chegaram ao Brasil, por exemplo, a julgar pela carta de Pero Vaz de Caminha, pode-se perceber a proximidade de então do português com o espanhol. Nos dois primeiros séculos de colonização os portugueses tiveram que se comunicar com negros e índios. De modo geral as línguas autóctones , mal comparando, servem de base, de pano de fundo e de tinta, para o português que se pretenda falar, mais do que isso essas línguas de fundo, respiram, tem musica, ritmo e harmonia sonora diferentes dos colonizadores. E ainda mais serio, trata-se de populações analfabetas que ouvem, mas não escrevem de onde não se pode esperar uma doutrina lingüística, um padrão. Assim, no inicio a língua aqui falada chamou-se Língua Geral do Brasil. Tão diferente era do Portugûes.
Se você captou o problema na sua essência, pense então, como cada pano de fundo das mais diferentes colônias portuguesas adquiriram, ouviram , falaram, e só muito mais tarde escreveram. Pensem nos termos e palavras autóctones que se fundem a língua dos colonizadores.
Postos assim, vamos lembrar, por onde andou a língua portuguesa nestes últimos séculos. Brasil; Cabo Verde em pleno oceano; Cacheu na África; Zinquichar na África; Guiné na África; São Tomé e Príncipe em pleno oceano; Angola na África; Moçambique do outro lado da África (você já deve ter percebido que cada um desses lugares tinha povos de língua diferente); Diu na Índia; Damão na Índia; Goa na Índia; Macau na China; Timor num arquipélago nas costas Norte da Austrália. Cada uma dessas colônias serviu como um pano de fundo diferente, um respirar e pensar peculiar, uma musicalidade bem distinta.
Não fosse isso já um problema bem complexo, dado ao grande numero de palavras autóctones que se incorporavam á língua dos colonizadores, essa, para nossa surpresa também não era unificada e ainda não é unificada, ao menos no que diga respeito às falas no Portugal de então.
Salvo maior ciência, em Portugal de hoje temos o falar Galego; o Rionorês; o Quadramilês; e o Mirandês.
Paiva Boléo, se bem compreendi, determina seis falares principais em Portugal: o falar Minhoto; o falar Trasmontano; o falar Beirão; o falar Baixo Volga e Mandego; o falar de Castelo Branco e Portalegre; e o falar Meridional.
Para que você compreenda melhor, no Brasil que tão bem conhecemos, existem: as falas Sulistas; o falar Mineiro; o falar Fluminense; o falar Baiano; o falar Nordestino e o falar Amazônico.

Imaginem alguém que aprendeu o português dos manuais ouvir isso: “Peguei uma velicazinha, desse tamaniquinho, para espiar a caricatica do dendengo.” Essa fala do interior do Espírito Santo quer dizer: “peguei uma velinha, pequenina, para olhar o rostinho do menino.”.
Entenderam?

G23;







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