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domingo, 15 de fevereiro de 2009

Gesto de Amor

Gestos de amor.
Encontrei meu dentista em seu gabinete com os olhos marejados e um bordado na mão.
Meu dentista é um homem comum-incomum. Como assim? Você dirá!
Trabalha oito a dez horas por dia, num trabalho que exige muita atenção, riscos, e por vezes, odores bem desagradáveis... Isso faz dele um homem comum. Foi campeão paranaense de provas de regularidade na terra, é mergulhador, casou-se tardiamente, como uma linda mulher, hoje cirurgiã dentista que tomou gosto pela profissão quando era ainda sua secretaria e auxiliar. Esculpe dentes, é um artista cirurgião. Mirnei Franzolozzo foi veterinário antes de ser dentista, de onde lhe veio o gosto pelas estradas vicinais, a velocidade e a regularidade. Isso faz dele um homem incomum.
Sentei-me sem perguntar... E ele não resistindo me contou detalhes deste gesto de amor. Que eu transcrevo como interpretei.

Trouxeram-lhe uma mulher de 46 anos, gravemente comprometida, que hoverá vivido toda uma vida em uma cadeira de rodas em um quarto escuro. Décima primeira filha de um casal de italianos foi temporã, diante de seus dez irmãos sadios, ela foi à chave final de uma vida conjugal fértil e laboriosa.
Ele a atendeu... Um atendimento difícil... Entrecortado por mordidas, e movimentos espasmódicos, de uma mulher rígida, sem controle nenhum dos movimentos, e sem fala. Tomada , possivelmente, como um ser “quase” vegetativo e sem reações que lembrasse algo de comunicativo, ela tinha o que o ritmo da vida lhe pudera dar.
O estado dentário era precário, e não haveria de ser resolvido em uma única seção.
O quadro tocou o dentista, que se emocionou, com o drama vivido pela mulher, incapaz de reclamar de dor, ou pedir claramente ajuda e fazer a higiene de seus dentes, prisioneira de si mesmo, por 46 longos anos de penumbra.
Disse o Mirnei à acompanhante: Não irei cobrar... Bem, doutor obrigado. Nós vamos voltar? Sim respondeu o dentista.
Em casa, longe da vista do dentista, a mulher cadeirista, agarrou-se como pode a uma caixa de chocolates, comum em sua casa, pois seus familiares são representantes atacadistas de chocolate. Agarrou-se e não os comeu. Passou o primeiro dia, o segundo, o terceiro e a cadeirista dormia e acordava com o chocolate, numa caixinha já bem amarrotada, que ela não largava por nada desse mundo, presa nos antebraços, ou como podia.
Chegou o dia da nova consulta.
Deu uma arrumada na moça, um capricho, mas a caixa de chocolates ninguém tirou dela. O que fazer? ... vai a cadeirista com chocolates amassados e semi derretidos para o dentista.
Lá chegando, com uma atitude inesperada, entre gritos e sorrisos, saltos e balanços a cadeirista num esforço desajeitado, entrega a caixinha de chocolates para o dentista, caixinha que ela protegera como se fosse sua vida durante a semana inteira, destinada ao dentista. A moça, mulher, tinha sentimentos, e o que é mais espantoso, sentimentos de gratidão.
Com esse gesto de amor, a família, percebeu que haviam outras possibilidades a explorar, e com o dentista, conversando, decidiram por colocá-la em uma escola especial... Onde esta desabrochando, dentro de estreitos limites... 46 anos...
O longo tratamento esta no fim...
Então, quando eu cheguei, meu dentista tinha os olhos marejados de lagrimas, e segurava um bonito bordado na mão. Um bordado de amor.
E, eu?... Eu então me lembrei que havia cruzado com uma “cadeirista”, e outra moça, ao portão.
Wallace Req
Testemunhos de gestos de amor.

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