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sexta-feira, 31 de outubro de 2008

A Armadilha.

Como pode a esquerda cair nessa armadilha?

Todos compreendem que seja natural no homem algum desejo de realização pessoal, de conquista e melhoria do nível de vida. Todos querem uma vida melhor.
Isto posto em outras palavras, pode ser entendido da seguinte forma: todos querem enriquecer, todos querem alcançar algum nível de domínio sobre a riqueza. Seja um favelado, uma dona de casa, um estudante universitário ou um bilionário. Mas as riquezas, e o dinheiro, enfim o meio de troca entre riquezas são realidades concretas e limitadas. Embora transformáveis e multiplicáveis sejam, em uma visão pratica e estável, uma realidade limitada, aparentemente finita.
Nunca houve uma sociedade igualitária, e jamais haverá. Portanto não haverá uma igualdade na posse de riquezas e meio de troca, onde todas as pessoas pudessem, em igualdade de condições, possuírem em equilíbrio um tanto de riqueza, e meio de troca, tanto quanto os outros cidadãos. Embora o homem perceba a imensidão incomensurável do espaço sideral, e intua o volume de riquezas que ele esconde, digamos um pouco além do seu alcance imediato, ele, o homem, de alguma maneira nega essa amplidão de fartura, para poder realizar o discurso da direita, que passo a explicar.
Se as riquezas são finitas e limitadas, aquele que consegue o domínio de alguma riqueza logo se apega a ela, defende o seu domínio, seja qual for. Ora, se temos uma barra de chocolate para dividir entre cinco crianças, e circunstancialmente ela cai na mão de uma, é natural, que a criança se apegue àquela barra e a defenda. Somente a promessa de um adulto de que há mais dessa riqueza, ou a certeza das crianças de que o arbítrio do adulto garante alguma equidade entre elas, faz com que a criança abra solidariamente a mão em beneficio das outras, mas não sem algum tipo de protesto explicito ou velado. Se em vez desse adulto, houver um Deus que distribui, ou oferta, ou age como árbitro, ou promete em esperança riquezas infinitas, também os homens adultos, poderiam abrir mão de suas riquezas solidariamente ainda que choramingando. Mas isso não acontece, porque os homens não gostam da idéia de Deus. Sendo assim materialistas ao extremo, os homens, apegados a idéia de finitude e transitoriedade da vida, e dos bens materiais, defendem determinadamente e radicalmente as suas riquezas, os seus espaços territoriais, as suas técnicas ou conhecimentos, que serviram, todos, apenas e de alguma forma para a posse e o domínio de tais riquezas. Isso é a sociedade, na forma em que vivemos.
(Sociedade apegada; materialista, carnal, ou melhor, passional e ecológica)
Uns lutando para obter alguma riqueza a fim de sobreviver e outros lutando para não dividi-la com ninguém de modo a não perder o seu espaço. Não há nada de errado nisso, pois o uso dos bens materiais em sociedade e a noção de propriedade são inerentes a natureza humana. O homem perde a sua natureza intrínseca sem o que é seu o que lhe é próprio. A consciência humana se faz pelo reconhecimento dos limites do que é seu, do que lhe é próprio, e se estende dele as todas as coisas na lógica do foro intimo em direção ao exterior.
Não há dificuldade em perceber que dessa luta natural dos que querem crescer em riquezas e daqueles que por um motivo qualquer querem manter seus domínios sobre alguma riqueza, nasça dois tipos de comportamento um conservador das estruturas de manutenção do poder e domínio sobre as riquezas, e outra mobilizadora, revolucionária, inconformada que quer avançar na conquista das riquezas ditas finitas. As classes intermediarias são conservadoras- revolucionárias.
Se houvesse uma noção de Deus e um respeito pela sua moral, as riquezas estariam a disposição de todos os homens, e mesmo se o gerenciamento delas estivesse na mão de uns poucos, o que não é antinatural, estaria a serviço de todos, ou a serviço do bem comum. Mas os ricos, individualmente, ou em grupos e ate mesmo constituídos em nações se tornam obsessivamente ambiciosos na conquista ou multiplicação de riquezas e esquecem o seu significado social. Se as riquezas se orientam para uma vida melhor para todos, e o dinheiro é o meio de troca entre riquezas, o dinheiro serve para financiar o amor, pois o amor é a relação mais perfeita entre os seres humanos na construção de um mundo melhor. Os pobres, por sua vez, são desinseridos do processo e obstacularisados por mecanismos sociais de controle, que os afastam do domínio progressivo das riquezas. Vejam que se o pobre enriquece, adquirem riquezas, ele deixa de ser subserviente. Nasce então no seio dos frustrados, dos reprimidos, o germe da revolução. A revolução nada mais é do que a inversão sobre o domínio e uso das riquezas por quaisquer meios, ainda que pelas armas.
Quando as massas frustradas e impedidas de capitalizar (acumular algum tipo de riqueza) começam a revolucionar, se agita, ou indica alguma agitação social, seja pelo comportamento rebelde e irreverente apontando uma convulsão social, como remédio, as estruturas mantenedoras do poder propiciam que alguns indivíduos ou grupos despeguem do grupo dos frustrados, e ascendam para uma classe chamada dos “novos ricos”, e por meio deles se mantém o sonho, a esperança, e a pacificação dos frustrados que na esperança apontada pela ilusão criada, lutam pelo seu salário de subsistência, sem poder capitalizar, e, portanto permanecem excluídos do sistema capitalista. Bem entendido isso?
Ninguém pode desmerecer a perseverança do presidente Lula, homem oriundo das classes populares, seja sua luta pela escalado social, seja pela sua luta na representação do poder. Todavia, senhores, havia uma votação eletrônica, sobre a qual recaia a desconfiança da população brasileira. O tempo revelou que de fato ela pode ter falhas graves, como no caso dos jogos eletrônicos fartamente divulgados na imprensa, da votação do senado, do voto direto nas urnas. Mas como os inconformados (estrategicamente) se elegeram, acabou temporariamente a desconfiança, e já ninguém mais se prepara para enfrentar esse novo instrumental de manutenção de poder, o voto eletrônico. Estou dizendo, claramente que deixaram Lula vencer, e o tornou refém dos negócios públicos.
O mundo todo viu, ou acreditou que o Brasil é um país democrático onde é possível, em tese, que um homem oriundo das classes populares possa chegar a ser presidente. Estava montado o teatro. Agora resta dizer ao povo. Vejam, é possível, mas não adianta, é puro romantismo, os pobres não estão habilitados para o governo, não possuem a cultura dos grandes capitais e do domínio das riquezas, não sabem o que fazer. O melhor, dizem nas entrelinhas, é votar nas elites, nos ricos ou representantes dos grandes grupos econômicos, pois nós é que sabemos gerir as riquezas, e assim, os submissos, os milhões de excluídos do capitalismo, permanecem atrelados ao discurso da finidade das riquezas e dependência dos tecnocratas da economia.
Ora, o objetivo maior é desmoralizá-lo, mostrar aos milhões de cidadãos empobrecidos desse Brasil que de nada adianta acreditar que um representante das classes exploradas assuma o poder. Querem fazer crer, e dar a ilusão de que os pobres são pobres, porque são despreparados, pouco instruídos, pouco competitivos, e inábeis para o comando, ao mesmo tempo em que se vende a imagem de um pais democrático que dá oportunidades iguais para todos. Pura mentira.
O que eu verdadeiramente estranho é que a esquerda, ingenuamente tenha absorvido esse discurso, e esteja apoiando a crucificação de Lula. Lula é uma decepção dizem Lula não faz o que prometeu... Lula não preenche as nossas expectativas. Senhores precisaríamos para se estabelecer alguma mudança significativa na sociedade brasileira a eleição de mais uns dez cidadãos oriundos das classes exploradas, e para tanto era preciso que cada um eleito fosse criando os mecanismos sociais que garantisse a ascensão do próximo, incluindo nisso a substituição de indivíduos em setores estratégicos..., o fim do voto eletrônico, e a qualquer custo, ainda que isso traga algum atraso no andamento da sociedade à substituição de tecnocratas por pessoas que compreendam o que é ser excluído. Veja-se, cidadão empobrecido, que não cai quem esta no chão, e não atrasa quem esta por ultimo na fila, as perdas são e serão sempre sentidas pelos que perdem seculares privilégios e domínio sobre riquezas. Essa mesma regra se aplica diante de países pobres que ousam enfrentar os interesses dos países ricos.
Não há a menor dúvida que os indivíduos, geralmente, ao galgarem posições de poder, tornem-se naturalmente conservadores, e ajam impedindo ou dificultando a mobilidade social que nada mais é do que o transito de riquezas permeando-se entre as diversas classes da sociedade. Tudo isso é previsível, mas o que não é previsível é que sem esperanças, a esquerda, logo à esquerda, assuma o discurso da direita, dando-lhe assim uma oportunidade para manter as coisas num modelo de exclusão dos bens sociais a milhões de brasileiros, em nome de um discurso de manutenção de um “nível falso e publicitário de desenvolvimento econômico e paz social”.
Também não podemos negar que houve algum avanço na histórica caminhada da Nação. O que é preciso fazer, brasileiro pobre, é socorrer ao presidente que esta refém dos negócios públicos, e socorrer a todo político que ousou, ou ainda ousa, enquanto eles ainda mantêm a tênue chama de lutar para colocar as massas dos fracos ao abrigo da empresa dos fortes, pois nisso consiste a imperfeita e interminável luta pela justiça social.

Wallace Requião de Mello e Silva.

25/6/2004.

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