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sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

O Estadista, por Carlos Lessa.


O ESTADISTA
Carlos Lessa -


O estadista reúne um conjunto de características: inteligência, vigor intelectual, capacidade e coragem de decisão, paciência histórica, senso quase intuitivo de oportunidade, persistência na execução, bom senso na escolha de subordinados e aliados, facilidade de expressão, etc. Aquele que reúne essas e outras qualidades é, geralmente, portador de algumas manias e, por vezes, defeitos comportamentais secundários – são essas suas fragilidades que o fazem pertencer ao gênero humano.
O estadista é apaixonado por uma imagem de futuro a ser conquistado. Sabe que sua conduta é um ingrediente chave desde que atue a partir do raio de manobra definida pelas condições contingentes que o circundam. Sabe que tem que ser um sonhador com os pés no chão.
Hoje, com mais de sete décadas de existência, sei perceber o estadista. Vivi muitas experiências frustrantes. No exílio, após 1964, conheci e compartilhei atividades docentes com o professor Fernando Henrique Cardoso no curso internacional que a ONU realizava em Santiago do Chile e acompanhei de perto sua trajetória intelectual que, naquele tempo, deu o formato rigoroso ao que hoje se denomina Sociologia da Dependência. Ouvir dizer que o presidente FHC recomendou, no início de seu mandato: “não leiam meus livros”. Falou que seu mandato “expirava a Era Vargas”.
Foi um neoliberal, operador convicto da demolição e atrofia do Estado nacional brasileiro e, mesmo conhecendo profundamente a dependência, mergulhou de cabeça, submisso, às diretivas do Congresso de Washington. Suas ações, em conjunto, sugerem uma nostalgia da República Velha, foi impressionante o conjunto de Emendas Constitucionais que sepultou a Constituição Cidadã de 1988.
Ainda no Chile, conheci, como freqüentador assídio de minha casa, um jovem brasileiro que me havia impressionado por sua inteligência e capacidade de liderança na luta pelas Reformas de Base antes do Golpe Militar de 1964: José Serra, que não havia concluído ainda seu curso de Engenharia na USP. Em longas conversas, creio haver sido “orientador” de sua caminhada para a Economia Política. O saudoso Aníbal Pinto atraiu o jovem Serra para o magistério. Retomei contato no Brasil quando o professor Serra, doutor pela Princeton University, foi admitido no Núcleo de Economia da Unicamp, de que me orgulho ter sido co-fundador. Fui inclusive, padrinho de casamento de José e Mônica. Brilhante professor, indo além da nacional economia, retomou sua trajetória política. Admirei sua atuação como Ministro da Saúde, esperei muito sobre sua gestão como Governador de São Paulo. Fiquei escandalizado quando o Governador Serra ordenou à Polícia Militar de São Paulo expulsar os alunos que ocupavam o prédio da USP; é uma negação de seu passado como presidente da então batalhadora UNE. Senti falta de sua voz a respeito de grandes questões nacionais, a começam pelo Pré-Sal.
Conheci o presidente Luiz Inácio Lula da Silva quando, fora dos circuitos do poder econômico, era a mais promissora liderança popular operária que nossa história produziu. Quem me aproximou de Lula foi o atual senador Aluísio Mercadante, ex-aluno meu e integrante do Núcleo de Economia da Unicamp. Jamais me filiei ao PT. Por fidelidade a Ulysses Guimarães, Teotônio Vilela e Renato Archer, Pedro Simon, Luiz Henrique e alguns outros, permaneci no que denominava “PMDB do U”. quando fui expelido do PMDB (por causa da atuação de Renan Calheiros), me filiei ao PSB.O Presidente Lula me convidou a assumir a Presidência do BNDES, que ele cognominou “O banco dos sonhos dos brasileiros”. Eu era, no momento, Reitor da UFRJ, a mais antiga universidade do Brasil, onde havia me graduado, fui professor catedrático por concurso público, reitor com 87% dos votos dos três corpos que compõem a universidade. Hoje sou Professor Emérito e fico honrado por, gratuitamente, dar aulas de pós-graduação na COPPE-UFRJ. À época, Lula escreveu carta aos membros do Conselho Universitário solicitando minha dispensa do cargo de Reitor. O Presidente Lula me permitiu compor – sem nenhuma interferência – a diretoria de meu mandato no BNDES. Não aceitei a orientação político-econômica do Presidente Lula apoiada no Ministro Palocci e no Dr. Meirelles no BACEN. Acreditei, em 2003, que Lula – com seu enorme capital político – estava atuando a curto prazo para abrir caminho para seu ideário para o futuro brasileiro.
Ao longo de 2004, percebi que Lula se havia convencido do caminho neoliberal e das vantagens de o Brasil se inscrever de corpo e alma na “globalização”. Em querela com o Dr. Meirelles, classifiquei de “pesadelo” a política econômica comandada pelo presidente do BACEN. Fui demitido e não pude prestar contas à sociedade, como havia sido tradicional, na solenidade de transmissão de cargo. Essa oportunidade me foi grosseiramente negada. Posteriormente, ouvi do Presidente Lula a qualificação dos usineiros de açúcar como heróis, e afirmação de que “para governar o Brasil, Jesus teria feito aliança com Judas” o que explica a promiscuidade o arco de 360º de sua “base” inclusiva do Senador Collor.
Acompanho de perto seu discurso crescentemente eufórico, que faz do Brasil uma nave tranqüila que pode navegar no oceano turbulento mundial. Do tema singelo “Fora o FMI”, o atual presidente coopera no soerguimento desta instituição que, em 2007, declarou que o mundo “atravessava uma era de prosperidade sem precedentes”. Registrei a afirmativa de que “a crise mundial não atravessaria o Atlântico”? E que chegaria ao Brasil como “simples marolinha”? O discurso de Lula afirma que o Brasil pode “mergulhar na globalização”.
Aparentemente, o presidente Meirelles está estudando abrir o Brasil aos derivativos de bancos estrangeiros e autorizar os bancos brasileiros a emitir derivativos no mundo. Com isso, o Brasil estaria renunciando a qualquer salvaguarda cambial, fazendo o contrário do que faz o Primeiro Mundo, que tem procurado encurtar as rédeas de seus bancos e de suas aventuras no sistema especulativo mundial em crise.Considero que a mais importante qualidade de um estadista é ser Verdadeiro. Conheço Roberto Requião desde seus tempos de deputado estadual. Acompanho sua vida pública, sem jamais haver sido seu subordinado. Admiro crescentemente ser Requião um Verdadeiro. Entre meu antigo amigo, jovem, exaltado e radical – onde já estavam as ideias ligadas ao sonho de um Brasil desenvolvido e justo que pudesse explicitar a potencialidade de uma civilização nacional brasileira que está latente em nosso “povão” - e o atual governador, com cabelos brancos, está a coerência em perseguir os objetivos de sua juventude, temperada pela experiência e exercitada pela ampliação de poderes que o voto democrático dos paranaenses lhe conferiu.
Vou destacar alguns pontos de seu atual governo para sublinhar a Verdade de Requião.
Começo pela educação. Requião sabe que serve à Verdade: a educação é grávida de futuros individuais e do futuro da sociedade nacional. O Paraná apresenta, hoje, o melhor sistema educacional de um país que tem degradado a qualidade da educação. O Governador Requião ligou, por fibra ótica, mais de mil estabelecimentos de ensino público da rede estadual e dotou cada unidade de um laboratório de informática que garante a cada estudante pelo menos uma hora semanal de utilização individual de computador.
O Paraná Digital permite a qualquer professor ou estudante do Paraná o acesso a biblioteca virtual, onde os clássicos da literatura e da ciência estão disponíveis. Pôde executar este projeto porque a COPEL, principal empresa estadual de energia elétrica, foi preservada da fúria negocista privatizante. Hoje pratica a mais baixa tarifa elétrica do Brasil, enquanto as empresas privatizadas elevaram a tarifa elétrica brasileira muito acima do processo inflacionário e o Brasil vem cancelando as vantagens históricas dos magníficos recursos sistemas hídricos que a mão de Deus nos brindou.
O governo Lula não reverteu – pelo contrário, seu seguimento – a privatização da energia e oculta o subinvestimento hidrelétrico, favorecendo a termoeletricidade consumidora de recursos não-renováveis e 40 vezes mais poluidora que a usina hídrica. O Paraná de Requião escapou dessa maldição e a COPEL estadual é tão lucrativa que é uma blue ship na Bolsa de New York.
O Paraná de Requião publicou o Livro Didático Público – que cobre todos os anos do ensino fundamental e médio – e já distribuiu 5,5 milhões de exemplares. Creio que outras redes estaduais já adotaram esses livros. Requião sabe da importância de reduzir as desigualdades sociais e microrregionais. Complementou seu programa disseminando unidades de ensino superior estaduais, públicas e gratuitas, por todas as regiões do Paraná. Criou e implantou programa de transporte por ônibus escolares para estudantes do ensino básico no interior rural. Já distribuiu 1.100 ônibus escolares, dando prioridade aos municípios predominantemente rurais e com menor renda per capita. No Paraná de Requião há um Mapa de Pobreza permanentemente atualizado, que sustenta a Verdade do estadista preocupado com a eqüidade social.
Requião sabe, e assume como Verdade, que a chave para superação da pobreza passa pela multiplicação de oportunidades de atividade produtiva e de geração de empregos e renda. É notável a atuação da Polícia Militar, que protege o MST em seus deslocamentos pelo estado. É notável também a isenção tributária que o governo Requião implantou, desonerando a micro e pequenas empresas dos impostos estaduais. A Verdade de Requião é o compromisso com a eqüidade social. Outra Verdade é a necessidade de reforçar a soberania nacional.
Requião sabe que os transgênicos criam uma agropecuária dependente do elo vital da semente ou clone; sabe da enorme vulnerabilidade da atividade agropecuária ao monopólio fornecedor do insumo básico e ao monopsônio unicomprador do produto. Coerentemente e sempre Verdadeiro, foi contra a soja transgênica.
O Paraná se beneficiou do jovem projeto de estadista e converteu Requião, em um estadista à disposição do Brasil como um todo. Apóio sua candidatura a Presidência do Brasil. Quero findar minha vida vendo o Brasil em busca de seu verdadeiro destino histórico de nação soberana, justa e capaz de apresentar ao mundo a potencialidade do povo brasileiro como a sociedade da Civilização sem preconceitos, pacífica e amante da festa e de seus irmãos.

Me perdoe a correção> A mais antiga Universidade do Brasil é a UFPR datada de 1912, não a do Rio de Janeiro.


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