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quinta-feira, 24 de junho de 2010

Alavanca para o futuro do país.

Escolas Agrícolas Comunitárias.
Eu estava lendo velhos documentos do INCRA, quando encontrei um plano de metas de longo prazo. Esses documentos são frutos do período em que ocupei cargo no Congresso Nacional, no gabinete do Deputado Federal Mauricio Requião.
O que me chamou a atenção naquele documento, é o testemunho que ele dá, sendo um documento de 1996, de que, nestes anos 2003/2010, o Governo do Paraná bem programou executou quase todas as políticas e planos de metas em acordo com o proposto pelo INCRA então. Todavia me havia passado despercebido, o fato de que o INCRA propunha um programa de Escolas Comunitárias, oriunda de Associações Regionais de pequenos produtores.
Li o documento, e propomos aqui algo um pouquinho diferente. Uma pequena rede de escolas agrícolas comunitárias, a começar pelos sem terra ( coisa que o Secretario de Estado da Educação começou com o conceito de escolas itinerantes). É verdade também que o Governo do Paraná recuperou e equipou os Colégios Agrícolas elevando o nível técnico de um considerável contingente de filhos de agricultores. Mas essa é apenas uma das estratégias. Ainda ficou de fora um grande número de filhos de agricultores, e empregados das pequenas e medias propriedades.
Outro grande passo foi o enorme esforço para alfabetização das populações campesinas. Com um pouco mais de aprofundamento, serão essas populações alfabetizadas que viabilizarão as escolas comunitárias agrícolas.
Agora, em 2010, é prudente pensarmos nas escolas comunitárias que propomos aqui. Apresentadas como um segundo passo na melhoria técnica das populações agrícolas nacionais. Elas têm uma estrutura diferenciada. Ela é uma estrutura baseada em uma agremiação de pequenos produtores regionais, ( o que incentiva o cooperativismo) que, unidos em comunidade, apresentam, como docentes, produtores voluntários, experientes e talentosos que queiram ensinar suas técnicas, ou técnicas utilizadas com sucesso em suas propriedades. ( como no Japão) Isso seria suportado, articulado, e formatado didaticamente, por um único diretor de programa, ligado a Secretaria de Estado da Educação, que ofertaria, segundo as experiências já vivenciadas, o conteúdo técnico formal dos “Teores práticos” e seus respectivos créditos. Não se trata como é obvio de uma escola “formal” nos moldes dos currículos escolares normais. Embora, seja necessária alguma formalidade, me parece lógico que certo conteúdo didático e o estabelecimento de objetivos formais e educacionais que devam se atingidos é necessário, como por exemplo, avaliação do aproveitamento, de modo a titular a habilitação dos alunos comunitários.
Em outras palavras: um grupo de produtores se associa, em um dado período da semana, para ensinar em assembléia (sala e campo) aos seus filhos, meeiros, funcionários, parceiros, o que melhor desenvolveram e conheceram em suas vidas e experiência na prática agrícola. Essa atividade educacional dá credito formal aos alunos, de modo que essas cargas horárias sejam posteriormente aproveitadas em outras atividades educacionais. O objetivo principal é nivelar e aprimorar o nível técnico de pequenos produtores, que, em ação comunitária, sob supervisão dos órgãos oficiais técnicos, melhoram o nível técnico de suas comunidades, o relacionamento no trabalho, valorizando o seu papel comunitário e orgânico.
Essas escolas terão um papel secundário, o de criar o respeito mútuo entre as gerações de produtores, e ao mesmo tempo fomentar a comunicação entre as gerações, estabelecerem o diálogo inter-falmiliar em comunidades produtoras, incrementar o cooperativismo, fomentar a solidariedade, integrar a pequena produção às cadeias da agra-industrialização e comercialização. Dar visão de conjunto aos temas de valorização do papel do produtor agrícola, fixando tecnicamente no campo com opções tecnológicas e educacionais, elevando-os socialmente, tecnicamente, produtivamente, ate que atinjam o nível universitário, como agentes públicos de nível superior, de produção de saúde, preservação do meio ambiente, gestão das águas, aproveitamento racional do solo, fomento da agra-ecologia e fomento da produção orgânica, assim desenvolvendo um senso de preservação de percentual sustentável de matas e fauna, até perceberem e defenderem a sua importância (integral) no elo produtivo da vida.
A outras vantagens, se os leitores alcançam a visão do processo, é estimular e darmos os meios, para que a juventude das escolas publicas estaduais ( formais) e comunitárias agrícolas produzam textos de registro de todas as técnicas tradicionais de plantio e manejo. Esse riquíssimo material, de autoria de nosso jovens, seriam destinados como preciosidades (e são) às Bibliotecas cidadãs ( programa já quase totalmente implementado no estado do Paraná) para a consulta e estudo de todos. Nesses textos, meus caros não poderiam escapar nem as receitas da culinária, nem os remédios caseiros, canções e musicas, conselhos, tradições e éticas. Somente essa tarefa elevaria em muito a qualidade cultural do povo paranaense e brasileiro. Uma produção popular de textos do registro de sua própria história e métodos de sobrevivência e socialização. Livros como tudo o mais não somente se compra, também se escreve, não só se consome, também se produz.
Wallace Requião de Mello e Silva. ( Wallace Req Req)
wallacereq@gmail.com


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