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terça-feira, 22 de setembro de 2015

Cidade Industrial de Curitiba (CIC).

Cidade Industrial de Curitiba (CIC).

Com a morte de meu amigo Valter Luis Campos eu precisei acompanhar seus pais ao bairro X que é marginal a Cidade Industrial de Curitiba. A pessoa que dirigia o carro muito jovem, e a dona do veiculo, pareciam acreditar que a Cidade Industrial era obra de um prefeito muito incensado pela mídia local. Não citarei seu nome, nem lhe desmerecerei os méritos, porém nesse caso encontramos mais um exemplo de como a mídia desvia a verdade, e como um individuo se deixa “inocentemente” apropriar-se de obras alheias.
Meu pai foi prefeito em 1951 e já falava da necessidade de se desenvolver o setor industrial da cidade. Isso porque, em 1943, quando era prefeito Alexandre Beltrão, foi encomendado o famoso plano do urbanista francês Alfredo Agache, que  já previa e localizava o SETOR INDUSTRIAL DE CURITIBA, como qualquer pessoa poderá confirmar nos desenhos do referido plano diretor. O “famoso” prefeito tinha então apenas três anos. Na década de 50, com o problema do fornecimento de energia elétrica e água, a falta de telecomunicação, e ausência de estradas, projetou-se então, algo absolutamente racional, criar a infra-estrutura do setor industrial as margens da ferrovia, em localização em que a predominância dos ventos, levasse a fumaça industrial para longe da cidade. ( ver História da Curitiba Urbana, edição IPPUC). Curitiba  não tinha uma mentalidade industrial, portanto esperava-se de estrangeiros a tal iniciativa.
Industrias estrangeiras ou não, precisam de mão de obra, assim era preciso antes de mais nada concentrar o foco do  projeto em  áreas de moradia próximas ao setor, pois como dissemos, a infra-estrutura ferroviária não se adequava ao transporte de pessoas.  Quando veio o regime militar, após 1964, o Brasil se viu objeto de grandes investimentos na infra-estrutura de transportes e mobilidade urbana. Em todo o Brasil se traçava grandes obras. Em Curitiba haviam projetado as rodovias de contorno à cidade, tudo, positiva ou negativamente colocando o Brasil de modo a melhor servir o comercio de potencias estrangeiras. Assim em 11 de novembro de 1966, quando era prefeito Ivo Arzua Pereira, Castelo Branco veio inaugurar o primeiro conjunto habitacional do Brasil na CIC, batizado como Villa Nossa Senhora da Luz, ( Jornal Diário da Tarde de 12 de Novembro de 1966) um conjunto que pretendia servir de “deposito de mão de obra” para futuras industrias do setor. Estava então habitada a imensa área destinada a ser a CIC, a Cidade Industrial de Curitiba que ate então era chamado Setor Industrial. Como sempre em nossa história, ao governo, cabe realizar o mais difícil, arruamento, fornecimento de energia, escola, saúde saneamento e transporte. Para as industrias somente o beneficio do capital e da infra-estrutura publica. A Sotec, empresa do avô de meu filho, teve papel relevante na obra, todavia recebendo em pagamento um lote industrial na via de acesso ( João Betega), como a promessa de que o tal lote se valorizaria ate cobrir a divida da prefeitura com a Sotec ( curioso).
As empresas aos poucos se instalariam com isenções e garantias no fornecimento de energia e água, empréstimos públicos de longo prazo, incentivos ou isenções fiscais, e nenhum compromisso social com aquele deposito de mão de obra, quase sempre desqualificada. Esse deposito cresceria mais de 5.7 % ao ano, sem que a infra-estrutura acompanhasse o crescimento.  Por via da propaganda governamental do regime militar, foram transferidas para o conjunto CIC em apenas vinte horas 15 mil pessoas  que foram levadas com suas mudanças para a Vila de um tal modo que Castelo Branco aceitasse e confirmasse os necessários financiamentos federais. O Povo pobre de todo o Brasil financiaria assim através desses aportes, a instalação de Industrias Estrangeiras em Curitiba. O tal prefeito famoso a quem se atribui a obra tinha então 22 anos e era estudante de arquitetura. Mas porque a fama. Por que lhe atribuem a obra? É que em em 1973, indicado pelo Major Ney de Amintas Barros Braga, o governo militar empossava como prefeito esse arquiteto que  em 19 de janeiro de 1973 assinava a criação de algo que já existia, e no salão do antigo BADEP,ocorreu a oficialização publicitária ou formal da Cidade Industrial de Curitiba. No dia 29 de março de 1973, pelo decreto municipal numero 30, ( preciso pesquisar o seu conteúdo) o tal prefeito  limitava em planta um projeto de 1965 que reservava quase 44 milhões de metros quadrados como área industrial de Curitiba, apropriando-se assim, como ou sem dolo, da paternidade da CIC. Como alias muitos prefeitos fazem. Em  1975 a Siemens instalou-se, sendo essa a primeira empresa de porte estrangeira a se instalar na CIC.
Ao raiar os anos 90, na CIC haviam 94 conjuntos habitacionais, sendo que muitos eram  verdadeiras favelas de famílias que vivem dos restos industriais ou mesmo apenas do lixo. São mais de 180 000 habitantes na década de 90 vivendo no entorno dessas fabricas naquilo que se chamou Cidade Industrial de Curitiba. Beneficio, sim, esta claro. Malefícios? Muitos. Como essas industrias não absorvem esse contingente de mão de obra, foi preciso criar linhas de transporte urbano, para que esses homens e mulheres que não queriam viver do lixo, viessem em busca de trabalho domestico, escola para seus filhos, saúde, empregos  nos serviços e no comércio. Em muitas vilas não há esgoto, asfalto, coleta de lixo, escolas, postos de saúde. Embora nestas ultimas duas décadas alguns desse problemas foram solucionados, a questão social esta longe de ter sido resolvida. A CIC ajudou a inchar a cidade. Se o tal prefeito não é o autor, também não é o culpado. Isso é bom, ou mau? É o que é, é a nossa realidade.


G 23 para o Grupo 23 de Outubro.Cidade Industrial de Curitiba (CIC).




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