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terça-feira, 14 de abril de 2015

Os internacionalistas.

O novo boom da exploração mineral e o Brasil


A exaustão de muitas minas antigas juntamente com o crescimento da economia mundial e, principalmente, da China está forçando as mineradoras à um novo ciclo de exploração mineral.
Para podermos entender um boom exploratório como o que se inicia, evitando a repetição dos erros passados,  é importante revermos os conceitos e a história.
A exploração mineral no Brasil
Nas últimas décadas o Brasil passou por várias fases exploratórias distintas. Todas ditadas pelo mercado mundial e pelas suas expectativas. A evolução foi drástica. Mudaram as commodities , a metodologia, a tecnologia, os enfoques, a estratégia e a eficiência. Independente dessa imensa evolução ainda é necessário o mais importante: o ser humano que irá digerir e transformar  todos estes parâmetros em uma descoberta: o exploracionista.
Carajás e o seu impacto na exploração mineral brasileira
No nosso país, o grande divisor de águas na exploração mineral foi, sem sombra de dúvidas, a descoberta da Província Mineral de Carajás.
Até então os principais levantamentos brasileiros constituíam-se em projetos de mapeamento geológico direcionados  a embasar os trabalhos exploratórios subsequentes. A busca de petróleo na Amazônia, a descoberta de manganês na Serra do Navio, do estanho de Rondônia e da bauxita do Trombetas são os fatores determinantes que pavimentaram a descoberta maior que só ocorreu 1967.
Foi lá, em Carajás,  que a história mudou.
Nesta época, década de 60, as multinacionais americanas, como a Union Carbide e a US Steel, haviam invadido a Amazônia em busca de manganês. Foi um caso clássico de serendipity que  até hoje é discutido nas fogueiras dos acampamentos.
A US Steel, comandada pelo excepcional Gene Tolbert, chegou primeiro ao topo da Serra e a descoberta da maior jazida de ferro de alto teor do planeta foi feita.
Poucos anos depois, por intermédio de uma empresa, fruto direto de Carajás, a Terraservice, o Brasil ingressou na fase exploratória tecnológica e que, pela primeira vez, vimos a aplicação de métodos exploratórios regionais que combinavam a geologia, a geoquímica de sedimentos de corrente e a geofísica aérea. Por incrível que pareça as primeiras anomalias significativas de cobre e ouro em  Carajás, efetuadas por essa metodologia exploratória, são as mesmas que geraram os depósitos de ouro e cobre do Igarapé Bahia, Salobo, Alemão e Sossego (estes três últimos ainda não entraram em produção).
Era o acerto da equação mais importante na exploração mineral: o homem certo no lugar certo usando o método certo.
A Terraservice, que alguns anos mais tarde se transformaria em Docegeo, foi a primeira grande empresa de exploração mineral do Brasil e, provavelmente, uma das maiores e melhores do mundo naquela época.
A empresa, criada pelo mesmo Gene Tolbert de Carajás, para ser o braço exploratório da CVRD nasceu gigante, ambiciosa e vencedora. O próprio Tolbert pessoalmente entrevistou e contratou a maioria de um dos mais seletos grupos de consultores e de geólogos de exploração que o Brasil viu. A idéia era, simplesmente ambiciosa, atacar a Amazônia, o Centro-Oeste, o Centro e o Nordeste.
Tudo ao mesmo tempo.
Para realizar tal feito foram contratados, a peso de ouro, os consultores Australianos, Peruanos e Americanos cujo principal papel seria o de implantar o maior e mais avançado programa exploratório que o país havia visto, transferindo o know-how para  a equipe brasileira que seria, em 3 anos, a base da Docegeo. 
Em pouquíssimos anos o País se transformou e a década de 70 viu a melhor fase da exploração mineral brasileira. Assim como no Canadá de hoje, a exploração mineral simplesmente entrou em ebulição.
De um lado o Governo, por meio do DNPM, da CPRM, Radam e da Petrobras e do outro a Docegeo, as grandes multinacionais como a Shell, INCO, De Beers, Anglo American e outras dezenas de empresas mineradoras se digladiavam em busca de novas anomalias e novas descobertas em todo o território nacional. O geólogo de exploração era uma commodity rara e muito bem paga.
Foi quando o Brasil teve o seu território coberto por imagens de Radar e por mapeamentos geológicos regionais enquanto o Governo criava projetos pioneiros de geoquímica-geofísica e geologia em cooperação com o países como o Canadá. Tempos áureos.
Os booms exploratórios
Era a fase dos metais básicos. O mundo precisava de cobre, chumbo, zinco e níquel para alimentar as suas indústrias.
Até então já havíamos visto booms similares mas que nunca haviam atingido de forma tão marcante o Brasil.
O interessante é que a exploração mineral, na época, era feita somente pelas major companies. No após guerra a exploração consistia de levantamentos geológicos seguidos de detalhamentos e sondagens. Era um processo voltado para a descoberta dos grandes depósitos aflorantes. A medida que o mercado mundial se tornava mais voraz e exigente e que os corpos aflorantes escassearam, a exploração mineral começou a se sofisticar. Afinal já não haviam tantos grandes depósitos a espera do martelo do geólogo para serem descobertos. Foi quando iniciaram-se os programas de base os grass roots. Estes programas contavam com a geoquímica de sedimentos de corrente e com a geofísica aérea como ferramentas para melhor discriminar e detectar as anomalias tão fundamentais.
Na época as grandes exploradoras eram empresas como a Kennecott, a Anaconda e a Western Mining. A Kennecott havia basicamente desenvolvido métodos geoquímicos exploratórios voltados para a descoberta de porphyry coppers nos EUA, Canada e na Nova Guiné. Por outro lado novas descobertas estavam sendo realizadas no Canadá, a partir da geofísica aérea.
Os principais booms exploratórios podem ser sintetizados conforme abaixo:
  • De 1950-60 a busca do urânio.
  • De 1960-77 busca por metais básicos.
  • De 1977-hoje a busca pelo ouro.
  • De 1990-hoje a busca pelos diamantes.
  • De 2003...retomada da exploração mineral para cobre, níquel, ouro, diamantes, zinco, ferro, alumínio, manganês.
A tecnologia acima da geologia
Como vimos o  Brasil foi catapultado ao primeiro mundo da exploração mineral no início da década de 70. A partir deste momento não existiram avanços tecnológicos ou métodos exploratórios que não tenham sido usados exaustivamente no nosso País.
Nesta fase muitos começaram a acreditar que era possível achar depósitos minerais sem a geologia básica. Segundo esta ótica bastava um computador repleto de dados geoquímicos, geofísicos, gráficos e de imagens de satélite para gerar todas os alvos e a estratégia do programa. Foi quando o geólogo tinha que encaixar, de qualquer forma, o seu projeto em um modelo pré-existente.
A situação foi levada a extremos e os absurdos se repetiram de empresa a empresa. Os trabalhos publicados, quase todos, mostram um geólogo de exploração preocupado em provar que o seu projeto era do tipo A ou B. Se o projeto não se enquadrasse em um modelo existente de interesse da empresa o projeto era, geralmente, bombardeado pelos experts de plantão e descartado.
Esta tendência levou as grandes empresas a perder centenas de milhões de dólares ao apostar as suas fichas na tecnologia em descompasso com o homem. Os novos softwares geram literalmente incontáveis novos alvos que se superpõem formando um oceano de anomalias que tragam o orçamento, os recursos e, frequentemente, a criatividade dos seus geólogos de exploração.
O tratamento de dados, hoje, faz a equipe de exploração ter que lidar com camadas de geologia, geoquímica e de geofísica superpostas a imagens de satélites tratadas e filtradas. A cada novo parâmetro adicionado ou modificado nesta equação são várias as "anomalias" que aparecem ou desaparecem. A situação é tão drástica que geralmente consegue paralisar a grande maioria dos geólogos de exploração que acabam ficando reféns dos gráficos e mapas coloridos.
São poucos aqueles que ainda conseguem focalizar o mais importante: a geologia que está por trás das cores e números.
Como a major é uma empresa conservadora por definição é natural que este conservadorismo se reflita também na chefia dos programas de exploração. O somatório final é, quase que invariavelmente, o insucesso. Todos fazem exatamente o previsível que, quase sempre, tem a concordância da maioria.
Ocorre que na exploração mineral a maioria está quase sempre errada. A descoberta de um novo depósito mineral está sempre relacionada a uma visão totalmente nova e revolucionária. Descobrir outros depósitos similares qualquer empresa pode fazer. Afinal, depois de Colombo, qualquer um pode colocar o "ovo de pé".
A história mostra que são poucas as pessoas equipadas com essa capacidade de visão e abstração que é fundamental  ao sucesso de um programa exploratório.
Saber identificar os exploracionistas deveria ser uma das principais funções da chefia.
A exploração mineral, por mais fechada e hermética que possa ser,  nunca consegue manter os seus segredos do mercado. Um bom exemplo é o da tecnologia de exploração para kimberlitos férteis a partir de minerais indicadores. Por anos a De Beers escondeu, até dos seus geólogos locais, uma série de parâmetros exploratórios que acreditavam se constituir em uma das grandes vantagens competitivas da empresa. Estes gráficos e dados são guardados a sete chaves e utilizados somente pelos analistas do core. Com o tempo outras empresas como a Rio Tinto também desenvolveram programas exploratórios e metodologias próprias que, também, foram consideradas segredos de estado e que pareciam a solução para qualquer programa exploratório.
As junior companies
A história mostra que essas "vantagens tecnológicas" nem sempre se refletem em dinheiro para os acionistas. No caso do diamante estes métodos não impediram que as duas maiores exploradoras de diamantes do mundo a De Beers e a Rio Tinto de gastassem bilhões de dólares sem absolutamente nenhum sucesso palpável.
Quem mudou a história recente dos diamantes não dispunha dessa tecnologia e nem de grandes equipes  e sofisticados  computadores. O Chuck Fipke, trabalhando praticamente só, movido pela sua inteligência, persistência e por um aguçado espírito exploratório descobriu no Canadá os kimberlitos que hoje fazem a alegria dos investidores. Após a descoberta de Fipke as majors tiveram que reinventar os seus programas e "receitas de bolo", comprar aquilo que poderia ser comprado e começar uma nova fase exploratória.
São homens como Fipke ( Lac de Gras), Lowell ( Pierina) ou Bob Friedland (Turquoise Hill, Voisey's Bay) que re-escreveram a história da exploração mineral.
Eles e as  junior companies são responsáveis por mais de 30% de todas as descobertas feitas a partir de 1975.  O fenômeno junior cresceu fomentado pelo boom das bolsas canadenses da década de 90. Somente em 1998 a fraude da BreX (6 bilhões de dólares) conseguiu por um fim ao explosivo cenário causado pelas junior companies no mundo da exploração mineral.
Depois da BreX o mercado ficou mais exigente e os investidores se voltaram para a bolha de tecnologia, as empresas .com .
As junior companies serviram para mostrar ao mundo as enormes fraquezas das majors companies na exploração mineral. A eficiência dos programas exploratórios das grandes empresas é baixíssima e a história está aí para provar.
As principais histórias de sucesso datam da década de 70 quando ainda se fazia exploração mineral com o "pé no chão e a mão no martelo". Foi nesta época que as empresas como a CRA e a Western Mining descobriram os principais depósitos australianos e que a Terraservice/Docegeo descobriu a maioria dos depósitos e anomalias de Carajás.
Nas décadas de 80 e 90 o mundo viu as majors afundarem bilhões de dólares em programas exploratórios quase sempre infrutíferos. De outro lado começaram a aparecer pequenas empresas com pequenos orçamentos e grande sucesso. Algo estava errado. Como um Davi pode bater vários Golias  sistematicamente em várias batalhas tão distintas?
O exploracionista
A resposta óbvia está nas características intrínsecas do gerenciamento de uma grande mineradora e de uma pequena. A diferença está no homem e não no orçamento. Os programas de exploração de sucesso sempre tem em comum um tipo de homem que está no timão: o exploracionista. Ele é um visionário, com grande experiência e coragem, que navega com muita facilidade nas várias áreas da geologia e que consegue como ninguém traduzir as evidências, que outros tem dificuldade de ver ou entender, em uma descoberta.
As grandes empresas se tornaram grandes após uma fase exploratória de sucesso. Com o sucesso na exploração vieram as minas e a necessidade de empregar profissionais com perfis muito diferentes dos perfis de um exploracionista.
Os novos chefes são responsáveis por grandes orçamentos e estão muito mais preocupados com cash-flows e retornos sobre os ativos existentes do que na estória impalpável e improvável que um geólogo de exploração possa estar contando. Estes dirigentes de grandes empresas são, em sua imensa maioria, burocratas conservadores totalmente incompatíveis com os riscos e a imponderabilidade da exploração mineral. De uma forma geral eles entendem muito bem os mecanismos das aquisições, das fusões e joint ventures e quase nada da exploração mineral. Naturalmente os novos chefes se cercaram de clones que tentam imitá-los e às suas habilidades e conhecimentos em detrimento de outras virtudes mais importantes mas agora desprezadas. Nas grandes empresas os geólogos passaram então a saber tudo sobre cash-flows, rate of returns, EVA e, cada vez menos sobre spinifex,  gossans, ou outros parâmetros fundamentais da arte exploratória. Os geólogos destas empresas podem falar sobre Kuroko sem nunca ter estado no Japão, mas a maioria é incapaz de distinguir um boxwork de pirrotita de um de calcopirita. O resultado dessa tendência foi o insucesso de quase todos os programas exploratórios mundiais conduzidos pelas grandes mineradoras. As excessões são poucas e quase desprezíveis quando considerarmos os investimentos efetuados.
Impulsionados pela mesmice das grandes empresas os verdadeiros exploracionistas começaram a criar asas e voar por intermédio de sua própria empresa. Uma junior company.
Os resultados desta nova estratégia não se fez esperar: a maioria das grandes descobertas da última década foram feitas por junior companies e não pelas majors.
A competência das juniors e incompetência das majors na exploração mineral é um assunto polêmico e gerador de debates acirrados. No entanto o que parecia ser uma simples constatação estatística passa a ter um suporte inesperado, das próprias major companies. As grandes mineradoras , a cada dia que passa, começam a reconhecer as suas limitações e passam a apoiar a exploração feita pelas pequenas empresas. Essa mudança de estratégia  coloca na devida perspectiva as áreas tão diferentes quanto exploração mineral e mineração.
Desta forma a junior, mais flexível e dinâmica, passa a ser financiada por uma grande empresa ou pelo público ou ambos, acumulando  tão somente as funções inerentes à exploração mineral.
A fórmula é altamente interessante para todos e empresas como a Rio Tinto, por exemplo, já investem milhões de dólares nesta associação com pequenas exploradoras minerais (mais).
O novo boom
O ano de 2004 inicia com o prenúncio de um novo boom exploratório. Este parece ser mais sólido que os anteriores e está sendo causado pelo reaquecimento da economia mundial do pós 11 de setembro de 2001. Somente em 2003 a maior potência do planeta, os EUA, cresceram mais de 7%. Por outro lado a China, a maior concentração humana do planeta está, também, crescendo em ritmo alucinante.
Os chineses passaram os japoneses e americanos e tornaram-se, em poucos meses, os maiores importadores mundiais de ferro e cobre (mais). Se o país continuar a crescer neste ritmo, em menos de dez anos, será uma das maiores, se não a maior, economia do planeta passando os EUA como o mais importante consumidor global.
Não há melhor motivo para aquecer as turbinas da exploração mineral. As minas de metais básicos estão no limite máximo de produção, tentando, sem êxito, suprir a voracidade do mercado. Como nos últimos 20 anos a prospecção para cobre-chumbo-zinco-níquel e outros metais básicos foi simplesmente reduzida a zero,  substituída pela procura de ouro e de diamantes, praticamente não existem novos depósitos minerais destas commodities entrando em produção no futuro próximo.
As honrosas exceções ficam por conta de Turquoise Hill na Mongólia, Phoenix em Nevada, Rosario no Chile e Sossego em Carajás. estas minas não terão a capacidade de suprir a demanda aquecida e a queda da produção das minas em exaustão.
No Brasil a situação é quase confortável para a CVRD que deverá colocar em produção vários depósitos de cobre e possivelmente ouro e níquel nos próximos anos.
Por incrível que pareça os nossos depósitos de níquel laterítico (Onça, Puma) e todos os depósitos que a CVRD poderá colocar em produção nos próximos anos (Sossego, Salobo, Cristalino, Alemão, Vermelho, S.J. do Piauí) são descobertas direta ou indiretamente na década de 70 pela Terraservice/Docegeo ou pela INCO.
Suportado pela China e pelo crescimento da economia mundial o ano de 2004 se prenuncia como um forte divisor de águas. Neste ano veremos as majors focarem no desenvolvimento e expansão de projetos existentes e nas aquisições e fusões. As juniors deverão ter os seus projetos financiados pelas bolsas canadenses e, cada vez mais, pelas majors.
O grande diferencial de 2004 não será de caráter qualitativo, mas sim quantitativo. O que vai mudar em relação aos anos anteriores será a velocidade e o ritmo de instalação de novos projetos e dos novos negócios.

Vamos limpar os martelos e arregaçar as mangas, que o novo boom está aí e não espera aos retardatários!






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