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terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

Muito bom, é de se pensar!

Conflito análogo a

uma “guerra civil” na Igreja?

Luis Dufaur

Na Igreja Católica, a passagem de 2014 para 2015 foi bem diversa da ocorrida de 2013 para 2014, quando se verificaram intensos aplausos ao Papa Francisco. Em fins de 2015, em matéria de capa apresentando o rosto do Pontífice na penumbra, Newsweek perguntava: “O Papa é católico?”[12]. Por sua vez, a revista britânica The Spectator publicava em sua capa uma charge do pontífice montado num equipamento de demolição, com o título “O Papa versus a Igreja — A anatomia de uma guerra civil católica”[13]. Em agosto, a Prefeitura da Casa Pontifícia informou que o número de fieis que foram ver o Papa caiu de 1.548.500 no primeiro ano (média de 51.617 presentes) para 400.100 em 2015 (média de 14.818), ou seja, a quarta parte[14]. Na inauguração do Jubileu da Misericórdia, em 8 de dezembro, apenas havia 50.000 pessoas na Praça de São Pedro, cifra tida como diminuta para um evento tão propalado[15].
O Sínodo Ordinário sobre a Família, reunido em Roma de 4 a 25 de outubro, esteve no epicentro da inflexão da imagem do pontificado. Mas não faltaram outros fatores alarmantes. Na mensagem de Natal de 2014, o Pontífice havia denunciado “15 doenças graves” que grassariam na Cúria Romana como um “Alzheimer espiritual”, uma “esquizofrenia existencial”, um “terrorismo da fofoca”, uma “patologia do poder”, uma “dependência dos próprios caprichos e manias”[16]. A crítica foi aplaudida pelo ex-frei Boff e recebida com perplexidade nos ambientes católicos. O “Figaro Magazine” publicou então uma capa com o título: “A guerra secreta do Vaticano: como o Papa Francisco está abalando a Igreja”[17], em alusão a surdas oposições que crepitariam no Vaticano.

Polêmicas agitam a Igreja


Sínodo Ordinário sobre a Família, reunido em Roma de 4 a 25 de outubro
Sínodo Ordinário sobre a Família, reunido em Roma de 4 a 25 de outubro

As intensas polêmicas em torno do Sínodo Extraordinário sobre a família de 2014 ainda não haviam amainado quando foram agravadas pelo episcopado alemão. Em março, o presidente da Conferência Episcopal da Alemanha, Cardeal Reinhard Marx, defendeu que a Igreja de seu país “não é uma filial de Roma” e que os bispos pregam o Evangelho segundo a cultura local[18], referindo-se à decisão de dar a comunhão aos divorciados “recasados” e de aprovar formas escandalosas de casamento, inclusive entre homossexuais. Para o historiador Roberto de Mattei, essa atitude significava que de fato o cisma já estava instalado na Igreja”[19].
Em janeiro, num voo de retorno das Filipinas, o Papa Francisco disse que os “católicos não deveriam se reproduzir como coelhos”[20]. A frase pareceu um estímulo ao controle da natalidade, que era discutido na perspectiva do Sínodo. O porta-voz do Vaticano, Pe. Lombardi, como em outras ocasiões, retificou as palavras do Pontífice, mas a expressão chocou especialmente famílias que desejam viver na observância da Lei de Deus. No mesmo mês, o Pontífice recebeu em audiência privada uma transexual “nascida mulher”, e sua “esposa”[21]. A fotografia da recepção foi divulgada na iminência do Sínodo sobre a família. No mês seguinte, em uma audiência pública das quartas-feiras, o Papa recebeu um grupo de defesa dos católicos homossexuais dos EUA[22]. Em maio, um referendo na católica Irlanda aprovou o “casamento” homossexual. O arcebispo de Dublin alegou que a omissão do episcopado correspondia à linha adotada pelo pontificado: “Não dizer aos outros como votar”[23]. Em junho, a legitimação do “casamento” homossexual pela Suprema Corte dos EUA teve impacto mundial[24]. O acórdão derrubou leis e referendos estaduais que tinham excluído as uniões contra a natureza por via legislativa.
Em junho, os episcopados alemão, francês e suíço realizaram um simpósio reservado na Universidade Gregoriana de Roma sobre o “casamento homossexual” e a comunhão para os divorciados “recasados”. O Pe. Eberhard Schockenhoff foi um dos palestrantes escolhidos, por sua oposição ao ensino “autoritário” da Igreja sobre a anticoncepção. Ele prega uma moral liberada da Lei natural, defende o “recasamento” civil dos divorciados e não mais lhes nega a Comunhão[25]. Para o “National Catholic Register”, foi um conchavo para que o Sínodo aprovasse o “casamento” de homossexuais e matérias estranhas ao evento, como a sagração de sacerdotisas[26].
Em setembro, o Papa Francisco promulgou dois Motu Proprio que aceleram os processos de reconhecimento de nulidade matrimonial. Estes não terão mais uma segunda instância de Roma, poderão demorar 30 dias e ser gratuitos[27]. Os documentos pontifícios adiantaram que o tema seria tratado no Sínodo. O jornal mineiro “O Tempo”[28] concedeu destaque à matéria com o título “Igreja vai facilitar o divórcio”. O Cardeal Gerhard Müller, Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, advertiu em Regensburg que a Igreja corria o risco de um cisma: “A reforma protestante começou do mesmo modo”, explicou[29]. A revista alemã “Die Zeit”[30] avaliou existir uma guerra declarada em ambientes vaticanos que julgam que o Papa teria “tirado a máscara”. Ross Douthat, colunista do “The New York Times”, observou que o Papa havia inaugurado “uma guerra civil dentro da hierarquia eclesiástica, lançando cardeal contra cardeal e teólogo contra teólogo”; e que “o conflito estava ecoando em livros, declarações, editoriais e dominava o Sínodo sobre a família”[31].

Apelos ao Papa antes do Sínodo: a “Filial Súplica”

O Papa Francisco fez chegar a toda a Igreja um inquérito para alicerçar o documento de base do Sínodo, o Instrumentum laboris. Do lado “progressista”, o episcopado alemão redigiu uma desoladora síntese das respostas, a qual revelou que poucos alemães praticam a moral católica ou aderem a verdades básicas da Fé. Mas também desvendou o minguamento do progressismo: na diocese de Essen (850.000 fiéis), apenas 14 pessoas responderam; na de Mainz (740.000), 21; na de Magdeburg (86.000), 18[32]. Por sua vez, o episcopado suíço pediu que a indissolubilidade matrimonial não seja mais considerada “um valor absoluto”, e que a união homossexual seja “reconhecida, prezada e abençoada” pela Igreja[33].
O setor tradicional/conservador mostrou ter muito mais eco e voz na Igreja. Na Inglaterra e País de Gales, mais de 500 sacerdotes solicitaram em carta aberta ao Sínodo que este “se mantenha firme na doutrina e na pastoral da Igreja” baseada na Revelação e em dois mil anos de Magistério[34]. Cinco bispos americanos e um britânico solidarizaram-se com o pedido. Nos EUA, 1.185 sacerdotes assinaram apelo análogo. 140 ex-pastores protestantes, hoje na sua maioria sacerdotes católicos, solicitaram ao Papa não imitar o percurso das denominações protestantes que se desagregaram ao introduzir a revolução sexual em suas fileiras[35].
A iniciativa “Filial Súplica ao Papa Francisco sobre o Futuro da Família” — à qual aderiram o Instituto Plinio Corrêa de Oliveira, TFPs da Europa, dos EUA e entidades afins — implorou ao Pontífice “uma palavra esclarecedora” que dissipe a “desorientação generalizada, causada pela possibilidade de que se tenha aberto no seio da Igreja uma brecha que permite a aceitação do adultério — mediante a admissão à Eucaristia de casais divorciados recasados civilmente —, e até mesmo uma virtual aceitação das próprias uniões homossexuais, contrárias à lei divina e natural”.
Na véspera do Sínodo, 11 cardeais publicaram a obra Permanecer na Verdade de Cristo, alertando contra a protestantização da Igreja alentada por um grupo de eclesiásticos tidos como muito próximos do Romano Pontífice[36]. Outro grupo de cardeais africanos e orientais publicou um opúsculo no mesmo sentido. Foram múltiplas as denúncias de erros doutrinários contidos no Instrumentum laboris, documento de base do Sínodo. O Cardeal Robert Sarah, Prefeito da Congregação para o Culto Divino, havia publicado em março o livro Deus ou nada, denunciando o relativismo moral, a Ideologia de Gênero, o islamismo, o processo de destruição da família e a insinceridade de uma misericórdia sem conversão prévia. Ele sublinhou a impossibilidade, para um Sínodo e inclusive para um Papa, de mudar a doutrina revelada[37]. Episcopados inteiros denunciaram o sacrilégio e a heterodoxia contidos na proposta de dar a comunhão aos divorciados “recasados”. Entre esses destacaram-se a Conferência Episcopal polonesa e diversos episcopados da África.

Mons. Athanasius Schneider
Mons. Athanasius Schneider

O Sínodo Ordinário da Família

Durante o Sínodo da Família, Mons. Johan Bonny, bispo de Antuérpia, e Mons. Paul-André Durocher, ex-presidente do episcopado canadense, ambos da ala progressista, pediram respectivamente um relativo reconhecimento de casamentos ilegais e a ordenação de diaconisas. Por sua vez, o Cardeal Pell, membro da assembleia sinodal, entregou ao Papa uma carta assinada por nove cardeais deplorando respeitosamente a manipulação das exposições de bispos e de votações na aula sinodal. O setor progressista considerou nessa carta indício de um “complô” visando frustrar o Sínodo e deslegitimar o pontificado. Mons. Péter Fülöp, arcebispo de Hajdúdorog, cabeça do rito greco-católico húngaro, pediu aos padres sinodais que recusassem com clareza o “feroz e enorme ataque” do diabo contra a família. E Mons. Tomash Peta, arcebispo de Astana, Cazaquistão, apontou que a “fumaça de Satanás” — a qual, segundo Paulo VI, “penetrou no templo de Deus” — estava presente em propostas relativistas inadmissíveis ouvidas no Sínodo[38].
Como epílogo, o Sínodo entregou ao Papa Francisco um Relatório Final. Alguns quiseram ver neste um triunfo do conservadorismo; outros, do progressismo. Para Roberto de Mattei, catedrático de História, tratou-se de um “documento ambíguo e contraditório que permite a todos cantar vitória”, embora “todos acabaram derrotados, a começar pela moral católica, que sai profundamente humilhada”[39]. O Cardeal Raymond Burke, prefeito emérito da Signatura Apostólica, refutou a tese de que tal Relatório Final possa abrir a porta à comunhão para os divorciados recasados: “O Sínodo não pode abrir uma porta que não existe e não pode existir”. E acrescentou que há uma expectativa de o Sumo Pontífice aprovar uma prática que “está em conflito com as verdades da fé”[40].
Relatório Final não tem valor magisterial nem disciplinar, cabendo ao Papa a última palavra, em documento de sua lavra. Entretanto, a polêmica se acirrou sobre questões mais discutidas durante o Sínodo Ordinário.
Mons. Athanasius Schneider, bispo-auxiliar da Astana, resumiu assim as suas conclusões sobre o documento sinodal: “Non possumus!” Não aceitarei um ensinamento ofuscado, nem uma abertura habilmente disfarçada da porta dos fundos, para que por ela passe uma profanação dos Sacramentos do Matrimônio e da Eucaristia. Da mesma forma, não aceitarei uma burla do Sexto Mandamento de Deus. Prefiro ser ridicularizado e perseguido, a ter que aceitar textos ambíguos e métodos insinceros. Prefiro a cristalina ‘imagem de Cristo, a Verdade, ao invés da imagem da raposa ornamentada com pedras preciosas’ (Santo Irineu), porque ‘sei em quem pus minha confiança’, ‘Scio, Cui credidi!’” (2 Tim 1: 12 )[41]. O Instituto Plinio Corrêa de Oliveira externou pública adesão ao corajoso pronunciamento de D. Schneider.

A encíclica Laudato Si

Em abril, com a presença de Ban Ki-moon, secretário-geral da ONU, a Pontifícia Academia das Ciências reuniu no Vaticano alguns cientistas “aquecimentistas”, ONGs ambientalistas e pregadoras da diminuição da humanidade. Ki-moon agradeceu o apoio do Papa às exigências ambientalistas[42]. Cientistas opostos ao catastrofismo verde não tiveram lugar. Alguns deles se reuniram então a poucos passos do Vaticano e pediram ao Papa “que não desse apoio aos catastrofistas do aquecimento global”, cujas teorias ameaçam principalmente o porvir dos pobres do planeta[43].
Em junho, o Papa Francisco publicou a encíclica Laudato Si sobre ambientalismo, capitalismo e teologia mística, para a qual pedira a colaboração de Frei Betto. O longuíssimo texto, que não apresenta o estilo de encíclica, foi aguardado com ansiedade pela grande mídia e pelas ONGs verdes, mas teve seu impacto diluído pela falta de embasamento científico sólido. O presidente da CNBB, D. Sérgio da Rocha, elogiou a arremetida da encíclica contra “o estilo consumista”, e extremistas verdes sonharam reverter com ela seu descrédito na opinião pública. Rubens Ricúpero, ex-ministro do Meio Ambiente, enalteceu o documento, em particular sua ideia “radicalíssima” sobre “a necessidade de criar um governo supranacional”[44]. O ex-frade Leonardo Boff comemorou a “espiritualidade ecológica” da encíclica, que apela para místicos pagãos, inclusive islâmicos ou herméticos, bem como para teólogos condenados pela Igreja, como Teilhard de Chardin e Romano Guardini. Frei Betto destacou que a Laudato Si “faz eco à produção da Teologia da Libertação […] e abraça a teoria evolucionista do Universo”[45]. O líder do MST, João Pedro Stédile, comentou: “Chávez morreu, Fidel está doente. O Francisco tem assumido esse papel de liderança, graças a Deus. Ele tem acertado todas”[46]. Por sua vez, Al Gore, arauto do ambientalismo radical, declarou: “Eu me faria católico por causa desse Papa”[47].
A apresentação do documento foi feita conjuntamente pelo Cardeal Peter Turkson, presidente do Pontifício Conselho Justiça e Paz, pelo metropolita cismático John Zizioulas, pelo Prof. Hans Joachim Schellnhuber, ativista que veicula as teses malthusianas mais radicais, e por Carolyn Woo, presidente da agência humanitária internacional da Conferência Episcopal dos EUA, que financia ONGs promotoras do aborto e de anticonceptivos, e recruta ativistas LGBT[48].
O Prof. Denis Lerrer Rosenfield, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, observou que a encíclica “está baseada numa relativização da propriedade privada” e que por ela “o Brasil se veria destituído de sua soberania sobre a Amazônia”[49]. O Dr. Evaristo de Miranda, da Embrapa, constatou que a encíclica usa 74 vezes a palavra “natureza”, 55 vezes “meio ambiente” e uma só vez “Jesus Cristo”[50]. Para o Prof. José Manuel Moreira, da Universidade de Aveiro, Portugal, o “preocupante é a mistura de ‘slogans’ da esquerda radical” no texto[51].

O Vaticano promoveu o show "Fiat Lux" que durante uma hora usou a basílica de São Pedro como tela para uma projeção chocante da ideologia ambientalista radical panteísta, anticristã, gnóstica e igualitária
O Vaticano promoveu o show “Fiat Lux” que durante uma hora usou a basílica de São Pedro como tela para uma projeção chocante da ideologia ambientalista radical panteísta, anticristã, gnóstica e igualitária

Em julho, o Pontífice reuniu no Vaticano mais de 70 prefeitos de todo o mundo, de predominância esquerdista, ocasião em que os incitou a pressionar a reunião da ONU sobre mudanças climáticas (ou COP21), no mês de dezembro em Paris. Foi criada no Vaticano a “Aliança pelo desenvolvimento sustentável urbano”, que também deve promover a “gender equality” e a “gender-sensitive solutions”, fórmulas da ONU para a “Ideologia de Gênero”[52]. Na festa da Imaculada (8 de dezembro), o Vaticano promoveu o show “Fiat Lux”, que durante uma hora usou a Basílica de São Pedro como tela para uma projeção chocante da ideologia ambientalista radical panteísta, anticristã, gnóstica e igualitária, misturada com trechos da Laudato Si que horrorizou incontáveis fiéis da Capital dos Papas[53].
O projeto de tratado a ser assinado na COP21 visava instaurar uma espécie de governo ecológico planetário que incluiria um Tribunal Internacional de Justiça Climática para julgar os países que não cumprirem as metas da utopia verde. E cria o Fundo Climático Verde, para o qual os países “ricos” contribuiriam graciosamente com um mínimo de U$ 100 bilhões anuais[54]. Essas metas pareceram extremamente radicais e inexequíveis. O Secretário de Estado dos EUA anunciou que não assinaria tratado algum[55]. Especialmente na África, o Papa Francisco declarou que seria catastrófico a COP21 não atingir esses objetivos de natureza política, econômica e científica, acompanhando assim a política de governos de esquerda. Em dezembro, a COP21 reuniu em Paris 40.000 representantes de 195 países e aclamou como sucesso um acordo escorregadio que mascarou um fracasso das metas radicais que teria frustrado governos, ONGs e a própria Santa Sé.
Em setembro, o Papa discursou no Congresso americano a favor dos imigrantes, do combate à mudança climática, do fim da pena de morte e da proibição da venda de armas, posições centrais da agenda do presidente Obama. Análogo discurso foi proferido numa sessão plenária da ONU em Nova York, cidade onde ele celebrou Missa campal (Madison Square Garden), tendo a leitura da Epístola sido feita por um notório ativista do “casamento” homossexual. A Missa precedeu sua presença no Congresso das Famílias em Filadélfia[56].

Teologia da Libertação e líderes filocomunistas

O ano de 2015 começou sob o signo do restabelecimento das relações diplomáticas entre EUA e Cuba, apoiado pelo Papa Francisco. Uma frase de 1973 atribuída a Fidel Castro parece ter-se efetivado: “Os EUA virão dialogar conosco quando tiverem um presidente negro e no mundo houver um Papa latino-americano”[57]. Em 10 de maio, o Papa recebeu no Vaticano o ditador Raul Castro. Este afirmou que se o pontífice “continuar falando assim, começarei a rezar e voltarei à igreja. E não digo isso como piada”[58]. Logo depois, o fundador da “Teologia da Libertação”, teólogo peruano Gustavo Gutiérrez, participou pela primeira vez de uma cerimônia oficial no Vaticano. Ele teve sua teologia revolucionária — outrora condenada — elogiada em um artigo publicado no jornal “L’Osservatore Romano”,[59] e se considerou feliz pela “mudança na atmosfera” da Santa Sé[60].
Em julho, a viagem pontifícia aos países “bolivarianos” começou pelo Equador, cujo presidente esperava que ele tivesse um efeito apaziguador, pois grandes manifestações antissocialistas bradavam: “fora Correa”.
A etapa da Bolívia ficou marcada pelo presente oferecido pelo presidente Evo Morales ao Papa: um crucifixo em forma de foice e martelo, concebido por um sacerdote subversivo já falecido. O Pontífice também participou, ao lado de Morales — que usava uma jaqueta com a efígie do Che Guevara —, do “Encontro Mundial de Movimentos Populares” de 40 países.[61]
Depois visitou o Paraguai, país que não integra a frente de governos “chavistas”, ali proposto “menos egoísmo e mais hospitalidade”[62].
Em setembro, sob um imenso pôster do Che Guevara, o Papa Francisco celebrou Missa na Praça da Revolução em Havana. E num clima “muito tranquilo, fraternal e amigável”, segundo o porta-voz do Vaticano, visitou Fidel Castro[63]. A visita a Cuba transcorreu de uma pesada vigilância policial. Dissidentes que desejavam estar com o Pontífice não foram recebidos. Alguns deles foram presos diante das câmaras dos jornalistas. A polícia deteve centenas de “suspeitos” e uma “limpeza social” dos pobres nas ruas maquiou a miserável aparência dos locais visitados. Segundo dissidentes, desde o reatamento de relações diplomáticas com os EUA, a repressão recrudesceu, pois a ditadura experimentou “um sentimento de impunidade”[64]. A viúva do dissidente Osvaldo Payá, morto em acidente suspeito, denunciou que o arcebispo de Havana, Cardeal Jaime Lucas Ortega y Alamino, trata os católicos e os dissidentes “com procedimentos análogos aos dos agentes de segurança do Estado” marxista[65]. O dissidente exilado Flavio Labrador implorou ao Papa Francisco “abraçar antes as vítimas que os carrascos”[66]. Seu apelo não foi atendido.
Em novembro, o arcebispo de Cali, Colômbia, Mons. Darío de Jesús Monsalve Mejía, presidiu uma jornada de recuperação da memória do sacerdote guerrilheiro Camilo Torres, morto enquanto combatia na guerrilha marxista dos anos 70[67].

Sombrio fim de ano

Retrospecto 9
Em setembro, a Arquidiocese de Nova York fechou quase 40 paróquias, por falta de sacerdotes e de recursos econômicos[68]. Em São Paulo, o Cardeal João Braz de Aviz, Prefeito da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada, explicou que a Igreja Católica perde anualmente cerca de dois mil religiosos e religiosas[69]. Em dezembro, o Global Sisters Report constatou que restam menos de 50.000 religiosas nos EUA — mesmo número de um século atrás — e que só 9% delas têm menos de 60 anos[70].
Na Alemanha, segundo o episcopado, 218.000 fiéis abandonaram a Igreja em 2014, 39.000 a mais que em 2013, quando 179.000 deixaram de pagar o imposto dos fiéis[71].
Centenas de igrejas católicas na Europa foram postas à venda e algumas já são hotéis, residências, museus, lojas, oficinas, supermercados, floriculturas, e até um bar estilo Frankenstein em Edimburgo, Escócia. A igreja de Santa Bárbara, Astúrias (Espanha), foi repintada por grafiteiros esotéricos e transformada em ponto de encontro de skaters (foto acima) [72].
O bispo de Besançon, França, permitiu que se realizasse uma exibição equestre em sua catedral.
Cerca de 20 igrejas são fechadas anualmente na Inglaterra. A Alemanha fechou 515 numa década e dois terços das 1.600 igrejas católicas da Holanda serão desativadas proximamente[73].
Em março, comemorando seu segundo ano de pontificado, o Papa Francisco afirmou que o mesmo seria “curto” — “4 ou 5 anos”[74]. Em julho, ele defendeu que a Igreja não deveria ter “líderes vitalícios”, para não se tornar uma ditadura[75].
O tom sombrio com que o Pontífice se referiu numa alocução à III Guerra Mundial — que ele vê tomar conta da Terra — e a “falsidade” e a “mentira” que nota nas alegrias do iminente Natal, impressionaram os que o ouviram.
Em novembro, vazaram escândalos pela prisão de eclesiásticos e funcionários vaticanos que forneceram documentos privados da Santa Sé para livros desabonadores da Cúria Romana.

Notas:


[12]Newsweek, 10-09-2015, http://www.newsweek.com/2015/09/18/whos-better-catholic-pope-francis-archdiocese-cordileon-370451.html
[14]Settimo Cielo, 27.08.15.
[15]Vaticano.com, 08.12.15, http://www.vaticano.com/inaugurazione-del-giubileo-straordinario-della-misericordia-8-dicembre-2015/
[16]Folha de S. Paulo, 23.12.14.
[17]O Globo, 24.12.14.
[18]La Croix, 02.03.15.
[19]Il Sito de Firenze, 13.03.15.
[20]O Globo, 22.01.15.
[21]Hoy, 25.01.15, http://www.hoy.es/extremadura/201501/25/bendito-encuentro-entre-francisco-20150125003218-v.html
[22]Folha de S. Paulo, 19.01.15
[23]LifeSiteNews, 21.05.15.
[24]O Estado de S. Paulo, 26.06.15.
[25]Le Figaro, 22.05.15.
[26]) National Catholic Register, 05.26.15.
[27]Corrispondenza Romana, 09.09.15.
[28]) 09.09.15.
[29]Il Foglio, 04.09.15.
[30]) http://www.zeit.de/gesellschaft/zeitgeschehen/2015-09/papst-vatikan-aufstand
[31]The New York Times, 12.09.15.
[32]Junge Freiheit, https://jungefreiheit.de/kolumne/2015/deutsche-bischofskonferenz-dokument-eines-kolossalen-scheiterns.
[33]Settimo Cielo, 08.05.15.
[34]Infocatólica, 24.03.15; Catholic Herald, 24.03.15.
[35]Religión en Libertad, 07.10.15.
[36]La Nuova Bussola Quotidiana, 17.08.15.
[37]Notizie, analisi, documenti sulla Chiesa Cattolica, 10.04.2015
[38]Religión en Libertad, 16.10.15.
[39]Corrispondenza Romana, 26.10.15.
[40]National Catholic Register, 01.12.15.
[41]Rorate Caeli, 04.11.15.
[42]Vatican Insider/La Stampa, 28.04.15.
[43]Vatican Insider/La Stampa, 27.04.15.
[44]O Estado de S. Paulo, 19.0615.
[45]Adital, 16.07.15, http://site.adital.com.br/site/noticia.php?lang=PT&cod=85546
[46]Folha de S.Paulo, http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mundo/225544-eles-tem-obama-e-nos-temos-francisco-diz-stedile-em-santa-cruz.shtml
[47]Catholicculture.org, 12.05.15.
[48]Lepanto Institute, 20.05.15. http://www.lepantoinstitute.org/crs/crs-president-commits-to-funding-contraception-providers-employing-same-sex-married-executives/
[49]O Estado de S. Paulo, 29.06.15.
[50]Evaristo de Miranda, 03.08.15, http://www.evaristodemiranda.com.br/artigos-humanidade/habemus-papam-ecologistum-2/
[52]Vatican Radio, 23.07.15; Il Timone, 24.07.15, http://www.iltimone.org/33537,News.html.
[53]Corrispondenza Romana, 11.12.15.
[54]The Heritage Foundation, 27.10.15, CFACT, 23.10.15.
[55]O Estado de S.Paulo, 12.11.15.
[56]El arca, 27.09.15.
[58]Folha de S. Paulo, 11.05.15.
[59]ACIPrensa, 08.05.15.
[60]Folha de S. Paulo, 12.05.15.
[61]O Estado de S. Paulo, 08.07.15.
[62]O Estado de S. Paulo, 12.07.15.
[63]O Globo, 20.09.15.
[64]20minutes.fr, 21.05.15.
[65]Settimo Cielo, 17.09.15.
[66]AsiaNews, 19.09.2015.
[67]Rebelión, 14.11.15.
[68]Folha de S. Paulo, 05.08.15.
[69]O Estado de S. Paulo, 20.08.15.
[70]National Catholic Reporter, 09.12.15, http://globalsistersreport.org/news/trends/new-study-number-us-women-religious-about-same-century-ago-35121.
[71]La Croix, 21.07.15.
[72]) El Mundo, 11.12.15.
[73]Infocatólica, 06.01.15.
[74]O Estado de S. Paulo, 13.03.15.
[75]Folha de S. Paulo, 04.07.15.

OBS: Sempre lembrando que Martinho Lutero também achava que ele estava certo e os Papas errados.



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