Seja bem vindo.

O Grupo de Estudos 23 de Outubro mantém 11 Blogs, eles falam de moralidade, política, nacionalismo, sociedade e Fé. Se você gostar inscreva-se como seguidor, ou divulgue nosso Blog clicando sobre o envelope marcado com uma flecha ao fim de cada texto. Agradecemos seu comentário. Obrigado pela visita.
www.G23Presidente.blogspot.com




wallacereq@gmail.com.







quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

A Igreja das Bases, deixa Deus de lado. Eles dizem que todo poder absoluto é cruel, logo Deus deve sentar-se com o diabo e conversar numa reunião sinodal.

Após as mais desencontradas notícias a respeito do Sinodo da Família de 2015, o evento terminou com um documento ambíguo, que permite uma interpretação que contraria a doutrina católicaabrindo as portas para a Comunhão aos divorciados e civilmente “re-casados (na realidade, adúlteros). O discurso final do Papa Francisco aumentou ainda mais a confusão ao afirmar que o Sinodo evitou “cair na fácil repetição do que é indiscutível ou já se disse”.
Estranha afirmação: então não se deve repetir as verdades da Fé por ser “fácil” fazê-lo e por terem já sido ditas? E como interpretar tal alegação à luz da incisiva exortação de São Paulo a Timóteo:prega a palavra, insiste oportuna e importunamente, repreende, ameaça, exorta com toda paciência e empenho de instruir” (2 Tim. 4:2)?
Tanto mais quanto estamos na situação em que o mesmo Apóstolo previa, ao exortar seu discípulo:“Porque virá tempo em que os homens já não suportarão a sã doutrina da salvação. Levados pelas próprias paixões e pelo prurido de escutar novidades, ajustarão mestres para si. Apartarão os ouvidos da verdade e se atirarão às fábulas.”  (Idem 4:3-4).
Sim, a nossa época, mais do que nenhuma, exige a “repetição fácil” das doutrinas já ensinadas pela Igreja sobre o estado de pecado em que vivem os divorciados “re-casados” (objetivo estado de adultério) e os sodomitas pertinazes. É nessa repetição da doutrina constante que consiste a tradição da Igreja; e é assim que os sucessores de Pedro e dos Apóstolos: cumprem o mandato divino: “Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda criatura.” (Marc. 16:15).
Cardeal Kasper: “uma profunda teologia feita de joelhos”
O Papa Francisco, em seu discurso, não somente deixou de estabelecer a verdade face à confusão do documento sinodal, mas teceu duras críticas àqueles, entre os Padres Sinodais, que possuem “corações fechados,” que “se escondem mesmo por detrás dos ensinamentos da Igreja” sentando-se “na cátedra de Moisés” para julgar com “com superioridade e superficialidade, os casos difíceis e as famílias feridas.” Não é difícil ver que essas críticas se dirigem aos que, no Sínodo, defenderam a doutrina tradicional da Igreja em relação aos adúlteros.
Saint_Peters_Cathedra_RomeCom efeito, o Papa tem manifestado inúmeras vezes sua admiração pelas teses dos inovadores, tanto em suas entrevistas como, mais especialmente, pelos repetidos elogios e apoio dado ao Cardeal Walter Kasper, líder inconteste dessa corrente, cuja doutrina Francisco chegou a qualificar como uma “profunda teologia … fazer teologia de joelhos.”[1]
Preocupante programa de reforma da Igreja
Se o que aconteceu no Sínodo é sumamente preocupante, talvez o sejam ainda mais o programa apresentado pelo Papa Francisco para uma total reforma da Igreja.
Discursando na cerimônia de comemoração do quinquagésimo aniversário da instituição do Sínodo dos Bispos em 7 de Outubro de 2015, Francisco propôs-se implementar o processo de transformação da Igreja Católica numa “Igreja Sinodal”.
Examinando com atenção o referido discurso, vê-se que essa “sinodalização” da Igreja conduz a um abandono da estrutura hierárquica e monárquica da Igreja[2] e à adoção de formas igualitárias, nas quais o poder efetivo residiria na “base”, nos simples fiéis.
“Uma Igreja da escuta”
Segundo Francisco, “Uma Igreja sinodal é uma Igreja da escuta. Isto é, em lugar da “Ecclesia docens” (a Igreja que ensina), teríamos uma “Ecclesia audiens (uma Igreja que “escuta”).
Como seria essa “Igreja da escuta”? O Papa Francisco diz que seria uma Igreja onde todosescutariam a todos: “Povo fiel, Colégio Episcopal, Bispo de Roma: cada um à escuta dos outros; e todos à escuta do Espírito Santo, o «Espírito da verdade» (Jo 14, 17), para conhecer aquilo que Ele «diz às Igrejas»” (Ap 2, 7).
Assim, a “Igreja da escuta” seria uma Igreja dirigida diretamente pelo Espírito Santo, à maneira pretendida pelas Igrejas Pentecostais, por meio de uma contínua locução do Paráclito, que apontaria os rumos e ensinaria as doutrinas diretamente a todo o “povo de Deus.”
A “Igreja sinodal” uma “pirâmide invertida”
Ora, se o Espírito dirige diretamente a Igreja e todos ─ desde o Papa aos simples fiéis ─ “ouvem” o que Ele diz e o comunicam uns aos outros — num diálogo permanente –, as doutrinas que se deve professar e os rumos que deve seguir a Igreja, cai por terra a noção tradicional da Igreja como sociedade perfeita, estruturada de maneira hierárquica e monárquica por instituição divina. Ela passaria a ser uma sociedade igualitária, uma sociedade de iguais.
Se todos são iguais, segundo a lógica democrática, o poder está na maioria, vem da base, do povo. E essa parece ser a concepção do Papa Francisco, o qual  não hesita em dizer  que “nesta Igreja, como numa pirâmide invertida, o vértice encontra-se abaixo da base,” lembrando os erros condenados do Febronionismo e do Sinodo Jansenista de Pistóia.[3]
A Igreja sinodal nasce da “base”
Falando sobre os organismos dos sínodos diocesanos ─ que ele afirma ser o “primeiro nível de exercício da sinodalidade” o Papa Francisco mostra o poder criativo da “base” da piramide: “Só na medida em que estes organismos permanecerem ligados a «base» e partirem do povo, dos problemas do dia-a-dia, é que pode começar a tomar forma uma Igreja sinodal.”
Saint_Peter_Receives_KeysA “escuta” ao Espírito Santo, embora igualitária teria, entretanto, três níveis: em primeiro lugar, a escuta do povo de Deus; depois, a dos bispos; por fim, a do Papa. Esta última “escuta” seria mais intensa uma vez que, segundo o discurso de Francisco, a “escuta do Bispo de Roma, chamado a pronunciar-se como ‘Pastor e Doutor de todos os cristãos.’”,ao qual cabe “Pastor e Doutor de todos os cristãos.”
Não fica claro, entretanto, se essa função docente do Papa ele a receberia diretamente de Nosso Senhor ou se ela emanaria do processo coletivo de “escuta.” Se na piramide invertida o poder encontra-se na base, a segunda hipótese parece ser a mais provável.
Por outro lado, o termo “escuta” do Espírito Santo é muito ambíguo, pois sugere que Ele continua a “falar” como no tempo dos Apóstolos, ou seja que a Revelação oficial não estaria terminada e que os dogmas evoluiriam continuamente. Ambas as proposições constituem erros condenados por São Pio X na heresia Modernista.[4]
A Cabeça da Igreja não é Pedro mas o Colégio Apostólico?
Surpreende a afirmação do Papa Francisco de que “Jesus constituiu a Igreja, colocando no seu vértice o Colégio Apostólico, no qual o apóstolo Pedro é a “rocha.” e que o Papel de São Pedro é apenas o de “confirmar os irmãos,” como uma espécie de primus inter pares (primeira entre iguais).
As palavras de Nosso Senhor, transmitidas por São Mateus (16:18), não deixam, no entanto, dúvidas quanto a ser São Pedro individualmente, e não o Colégio Apostólico, a cabeça ou o vértice  da Igreja: “tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja.”
Toda a tradição da Igreja interpretou essas palavras no sentido de que Jesus confiou diretamente a São Pedro o cargo de Pastor Supremo da sua Igreja.[5]
Logo em seguida afirma o Papa:
Mas nesta Igreja, como numa pirâmide invertida, o vértice encontra-se abaixo da base.Por isso, aqueles que exercem a autoridade chamam-se «ministros», porque, segundo o significado original da palavra, são os menores no meio de todos.
Equilíbrio entre desapego interior e apreço pela pompa exterior do cargo
Francisco não distingue com clareza o aspecto interior, relativo à vida espritual do detentor autoridade na Igreja, do aspecto exterior, jurídico-institucional, que se refere ao exercício do múnus recebido de Cristo.
Dessa forma, a exortação de Nosso Senhor a Seus discípulos para que eles, ao contrário das autoridades pagãs, sejam mansos e humildes, como Ele mesmo (Mt 20:25-27), é aplicada num sentido jurídico-institucional, sugerindo que as autoridades eclesiásticas devem despojar-se de seu poder institucional, assim como das honras próprias ao cargo, para  estabelecer um sistema igualitário na Igreja.
Não é essa a tradição da Igreja, nem foi como os inúmeros Papas santos conceberam o exercício da autoridade. Assim, São Pio X, que foi um exemplo acabado de humildade, mantinha o equilíbrio entre o desapego interior e o apreço pela pompa exterior que cercava o exercício de sua augusta função.
A humildade não se opõe à magnanimidade
Não existe contradição entre a verdadeira humildade e a magnanimidade, própria ao hierarca católico. Sobre a verdadeira humildade, assim explica o Pe. Pierre Adnès, no Dictionnaire de Spiritualité:
A humildade, diz o teólogo francês, “não torna o homem cego diante das qualidades, forças e poderes que estão nele. Ele sabe reconhecê-las, apreciá-las em seu justo valor e servir-se delas. Deste ponto de vista, pelo menos, a humildade não se opões à magnanimidade.” O humilde, continua ele, faz frutificar os dons recebidos mas relacionando-os sempre a Deus, fonte de todos os dons; quanto a si mesmo, “ele se considera como um servidor inútil.” [6]
“Implicações ecumênicas” da “Igreja Sinodal”
            “O compromisso de edificar uma Igreja sinodal” diz Francisco, “está cheio de implicações ecumênicas”.
Uma dessas implicações está em considerar o Papa apenas como um primus inter pares, à maneira da concepção dos cismáticos orientais. Assim diz Francisco que na “Igreja sinodal”,  o Papa é  um “baptizado entre baptizados” e, “dentro do Colégio Episcopal, como bispo entre os bispos,” com a missão “guiar a Igreja de Roma que preside no amor a todas as Igrejas.” Por isso, acentua Francisco, é preciso “pensar ‘numa conversão do papado’.”[7] Ele cita seu predecessor João Paulo II, o qual afirmou que era preciso encontrar um novo meio de exercer o Primado, “se abra a uma situação nova”.[8]
Lembremos, para concluir, a Profissão de Fé que o Segundo Concílio de Lião (1274) impôs a Michael Palaeologus:
Esta mesma Igreja Romana tem o sumo e pleno primado e princiapdo sobre toda a Igreja Católica que verdadeira e humildemente reconhece ter recebido com a pleniturde da potestade, das mãos do mesmo Senhor na pessoa do bem-aventurado Pedro, príncipe ou cabeça dos Apóstolos, cujo sucessor é o Romano Pontífice.[9]
Rezemos a Nossa Senhora, que em Fátima previu o castigo, caso o mundo não se convertesse, mas previu também o triunfo de seu Imaculado Coração, para que apresse essa vitória.

[1] Ainda recentemente, em sua visita à Igreja Luterana de Roma, respondendo a uma mulher protestante que queria receber a Comunhão na Igreja Católica, Francisco afirmou: “À pergunta sobre partilhar a Ceia do Senhor não é fácil para mim responder-lhe, sobretudo diante de umteólogo como o cardeal Kasper! Tenho medo!”http://press.vatican.va/content/salastampa/it/bollettino/pubblico/2015/11/15/0888/01982.html.
[2] Sobre o caráter monáquico da Igreja, ver, por exemplo, São Pio X, Carta Ex quo, Denzinger n. 2147a; Charles Journet, The Church of the Word Incarnate, Sheed & Ward, 1955, 422-423; Billot,Tractatus de Ecclesia Christi, 1927, v. I, 524ss.
[3] Cf. Denzinger 1500-1512.
[4] São Pio X, Decreto Lamentabili, n. 21, Denzinger, 2021; Idem, Motu Proprio Sacrorum Antistitum, “Juramento contra os erros do Modernismo”, Denzinger n. 245.
[5] Cf. Denzinger, Índice sistemático, III a.
[6] Pierre Adnès, Humilité, Dictionnaire de Spiritualité, s.v.
[7] Evangelio gaudium, 32.
[8] Ut unum sint, 25 de Maio de 1995, 95.
[9] Denzinger n. 466.




Hoje temos 11 Blogs, alguns podem ser acessados diretamente nessa página, clicando onde esta escrito, ACESSE CLICANDO ABAIXO, logo depois do Perfil, na margem esquerda. Muito obrigado pela visita.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Faça seu comentário. Obrigado pela visita.